
O Caldas voltou a ganhar para o campeonato na Mata, o que não acontecia desde 8 de Abril. Num jogo em que o público voltou em bom número houve altos e baixos, a crença da equipa valeu o golo aos 90, que ditou uma explosão de euforia.
Há sete meses e meio que a Mata não via o Caldas a ganhar. Os dois triunfos caseiros desta época tinham sido no Complexo Desportivo. O último triunfo tinha sido a 8 de Abril, para o campeonato, e com o Aves, a 18 do mesmo mês para a Taça de Portugal, contando apenas os 90 minutos de tempo regulamentar.
O Sintrense também não vinha numa fase de grande pujança, com cinco jogos sem ganhar que tinham custado a liderança. Mas o início de jogo não podia ter corrido melhor. Ao minuto cinco, na insistência de um canto, Militão tenta o corte de cabeça quando Luís Paulo tinha o lance controlado, acabando por deixar Ballack em posição privilegiada para marcar.
Se o início era prometedor para o Sintrense, dificilmente podia ser pior para o Caldas. Mas desta vez os alvinegros reagiram bem e, pela primeira vez esta época, deram a volta a uma situação de desvantagem.
Cascão, que regressou à titularidade para jogar na esquerda do ataque, foi pedra fundamental no processo da reviravolta. Ao minuto 13 o esquerdino avançou para a área junto à linha de fundo, passou Michel e este ao tentar o desarme, derrubou-o. André Santos converteu o penálti no empate. Dez minutos depois, numa saída rápida, André Santos lançou Farinha e a única forma de o parar foi em falta, a cerca de 5 metros da grande área. Assis era expulso e o Caldas ficava em boa posição. André Santos quase aproveitava a bola parada para fazer o segundo.
Não aconteceu ali, mas não demorou. Logo depois Cascão assistiu Farinha e este só não marcou porque Rodolfo fez uma boa defesa. No canto, a defesa do Sintrense afastou a bola, Juvenal tentou a recarga, que saiu enrolada, mas foi a assistência perfeita para Cascão, que colocou ao ângulo para fazer a reviravolta.
O Caldas estava em vantagem no marcador e em número de jogadores, continuou a controlar o jogo mas uma distração bastou. Numa jogada em que o Sintrense conseguiu ficar algum tempo no meio campo do Caldas, Pipas, que mudou da esquerda para a direita, entrou na área e no contacto com Passos foi para o chão. Diogo Pires foi para a marca de 11 metros e, tal como André Santos, não desperdiçou.
Ainda faltava muito tempo para reclamar a vitória. José Vala mostrou essa ambição com uma dupla alteração ao intervalo, lançando Silveira e Iuri. O Caldas procurava o golo, mas faltava alguma objectividade no último terço. Mesmo assim, nos lances de bola parada conseguiu algum perigo, inclusivamente com duas bolas no ferro.
O Sintrense espreitava o contra-ataque e teve em Pipas grande oportunidade para se chegar à frente. No entanto, o Caldas cresceu na parte final e esse crescendo culminou com o golo aos 90. Jogada de Juvenal a servir Leandro na área, Ballack evitou o remate mas o corte foi uma autêntica assistência para o golo de Rafael Silveira que garantiu uma vitória que pode mudar o rumo da época para o Caldas.
MELHOR DO CALDAS
Cascão 3
Titular na esquerda do ataque, trouxe lateralidade ao jogo e foi da ala que partiu para conquistar a grande penalidade que deu o empate. Consumou a reviravolta com um remate colocado pleno de oportunidade e juntou a isso boas notas também na entreajuda defensiva.
PAULO INÁCIO, JOGADOR DO CALDAS
GANHAR ERA O MAIS IMPORTANTE
Já merecíamos ter sido felizes noutros jogos, não fomos, neste não deixámos de lutar até ao fim e conseguimos os três pontos, que era o mais importante. Era melhor se tivéssemos jogado bem, mas o que interessava neste jogo para virar era a vitória. Ainda não tínhamos ganho neste estádio esta época, a partir de agora tudo se vai recompor e a Mata vai voltar a ser a nossa fortaleza. Neste momento temos que pensar jogo a jogo e sair desta situação que não é confortável. Os adeptos empurraram-nos para a vitória e esperamos que esta massa que tem puxado muito por nós continue assim domingo a domingo.
JOSÉ VALA, TREINADOR DO CALDAS
MERECEMOS SER FELIZES
Parabéns aos meus jogadores. Procurámos tudo, sabendo que nestes momentos as coisas nem sempre acontecem como nós queremos, mas tivemos uma grande alma e fomos sempre à procura da vitória, mesmo que nem sempre tão bonito como queríamos, mas merecemos ter sido ser felizes. Lê-se muita coisa que magoa um bocado, a mim e aos jogadores. Quero dedicar esta vitória àquelas pessoas que nos momentos mais difíceis são os primeiros a dizer que a equipa não tem ambição nem qualidade. Estes jogadores merecem muito carinho, sei que não estamos a fazer tudo o que queríamos, mas muitas dessas pessoas deveriam pensar um pouco antes de escrever o que escrevem.
TIAGO ZORRO, TREINADOR DO SINTRENSE
FALHÁMOS NAS SUBSTITUIÇÕES
O jogo ficou desequilibrado aos 20 minutos com a expulsão. Quiseram tirar-nos do jogo, mas temos um grupo de trabalho fantástico, em muitos momentos fomos a melhor equipa no campo e chegámos ao empate. Na segunda parte tivemos o jogo controlado, mas quebrámos nos últimos 10 minutos, falhámos nas substituições e acabámos por sofrer o golo.