Tenista caldense teve uma segunda metade de 2019 de excelente nível que o levou à sua melhor classificação no ranking ATP (174). As estreias no Open da Austrália e nas vitórias individuais pela selecção na Taça Davis davam bons indícios para a primeira metade do ano, quando poderia subir ainda mais na hierarquia mundial, mas o coronavírus suspendeu toda a competição
No entanto, lesões sucessivas têm atrasado a afirmação do tenista caldense no ranking profissional. A última lesão, que obrigou a correcção cirúrgica, tirou-lhe metade de 2019, mas no regresso Frederico Silva já conseguiu a sua melhor classificação de sempre (174 em Novembro do ano passado), depois de uma sucessão de presenças em meias-finais de torneios Challenger.
“A cirurgia fez com que só pudesse começar a época em Maio/ Junho, mas o segundo semestre correu bastante bem. Fiz bastantes torneios sem queixas físicas e consegui jogar a um bom nível, o que foi muito importante depois de tanto tempo a recuperar”, diz à Gazeta Frederico Silva.
O tenista, de 25 anos, realça que foram “três anos complicados” devido às lesões, que “têm sido sem dúvida um obstáculo” para a sua carreira. No entanto, o trabalho e a persistência começam a dar os seus frutos. Frederico Silva conta que as pausas forçadas foram aproveitadas para melhorar aspectos do seu jogo que não estavam condicionados pela lesão. Além disso, “a preocupação foi não perder totalmente a classificação, de modo a poder competir quando regressasse da lesão, o que condicionou muito a minha presença em torneios de maior nível”, acrescenta.
Debelados os problemas físicos e com o seu ténis a sair progressivamente melhor, Frederico Silva conseguiu terminar 2019 dentro do top 200 mundial, o que lhe abriu as portas para a presença nos quatro torneios do Grand Slam (Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open). Oportunidade que não enjeitou. Em Janeiro, na abertura da temporada no hemisfério sul, esteve, pela primeira vez, a disputar o torneio principal de um dos majors da modalidade, que marcou com uma vitória na primeira ronda de qualificação.
“Fiquei muito satisfeito por ter conseguido cumprir esse objectivo e por ter participado no Open da Austrália. Poder participar nos quatro torneios do Grand Slam era, sem dúvida, uma grande motivação para a temporada”, afirma Frederico Silva.
Depois do Open da Austrália, Frederico Silva voltou a disputar um torneio do ATP Tour, o que não fazia desde Outubro de 2018. A boa forma valeu-lhe a chamada à selecção nacional para um jogo da Taça Davis contra a Lituânia, onde cumpriu mais um objectivo.
“Representar Portugal na Taça Davis é sempre um motivo de orgulho para qualquer jogador e eu fiquei muito contente por ter voltado. Fiz a minha estreia num jogo de singulares e consegui a vitória, dando o primeiro ponto a Portugal. Foi uma experiência nova e foi muito bom ter cumprido o objectivo”, exalta o tenista.
Este foi, porém, um dos últimos actos antes da competição ser interrompida pela pandemia de coronavírus, que mantém a modalidade em suspenso.
Os objectivos para este ano eram competir em torneios Challenger, ATP250 e os Grand Slam. Sem pontos a defender na primeira metade do ano, Frederico Silva tinha boas hipóteses de subir continuar a subir no ranking.
Por enquanto, o ranking e as provas estão suspensas até 13 de Julho e o que há a fazer é continuar a trabalhar. Frederico Silva esteve de quarentena voluntária depois do regresso do Cazaquistão, onde competiu pela última vez, mas sem sintomas retomou os treinos de campo com o seu técnico, Pedro Felner. “Temos tido vários cuidados extra durante os treinos, mas o facto de me poder manter activo nesta altura tem sido muito importante”, afirma.
Importante para o jogador é manter a sua base nas Caldas da Rainha. “Sinto-me bem nas Caldas e tenho conseguido continuar a evoluir aqui. Quando não estou em torneios gosto de voltar a casa e o facto de ter aqui o meu treinador também ajuda muito a que isso seja possível”, conclui.