O Caldas voltou a ser superior ofensivamente, mas sofreu mais do que marcou…
É um Caldas bipolar este que está a iniciar a temporada 2023/24, capaz de jogar um futebol que entusiasma, de olhos postos na baliza, com capacidade ofensiva e de finalização, mas também que causa calafrios aos adeptos cada vez que a bola se aproxima da sua defensiva. Em Ponte de Sor, “casa” improvável do 1º Dezembro para esta temporada, a instabilidade defensiva levou a melhor sobre o poder ofensivo e o Caldas somou a primeira derrota, contra um adversário que parecia derrotado ao 1-2.
José Vala “baralhou” e “voltou a dar” no esquema de jogo e no ‘onze’. Marcha atrás na defesa a quatro e regresso aos três centrais, com Militão no meio de Marcelino e Edu. Farinha e André Perre a ganharem liberdade nas alas e a darem capacidade – por vezes excessiva – para ir à linha cruzar. Clemente passou para o miolo, também a pensar no regresso à estabilidade defensiva, com o sacrifício de Evandro. O sistema também libertou Pepo para ser dos melhores do Caldas na primeira parte, no apoio à dupla de ataque João Tarzan/ Gonçalo Chaves, que se entendeu às mil maravilhas.
Mas antes de as mudanças poderem encaminhar o Caldas para a vitória, a permeabilidade defensiva da primeira jornada voltou, logo no primeiro lance do 1º Dezembro. Rafa Pinto ganhou a bola a Edu na esquerda e disparou um passe longo para Grácio fugir a André Perre e bater Wilson, que ficou a meio da saída.
Os 55 minutos que se seguiram pareciam mostrar que José Vala podia estar certo nas mudanças implementadas. O Caldas dominava por completo. Mais agressivo sobre a bola – não voltou a deixar os sintrenses chegarem perto de Wilson -, com muita chegada à área, embora nem sempre com o melhor critério. O empate chegou no tempo de compensação da primeira parte. Gonçalo Chaves assistiu Tarzan após bom lance do Caldas. A dupla inverteu papéis para dar vantagem ao Caldas no arranque da segunda parte.
O pior veio depois. Rafa Pinto e Grácio repetiram a dose do minuto 2 e desta vez ganharam penálti, do qual surgiu o empate a dois. O Caldas sentiu o golpe e o 1º Dezembro cresceu com as entradas de Juan Herrera e Hugo Cardoso.
Nem a expulsão de Diogo Coelho reanimou o Caldas, que num livre lateral consentiu o 3-2. ■
Momento do jogo
Rafa Pinto coloca a bola em profundidade para Grácio, que domina na área e é derrubado por Edu (59’). Penálti que Rúben Marques converte no empate a 2. O lance é uma fotocópia do que deu 1-0 e voltou a expor as dificuldades do Caldas para defender a sua grande área neste arranque da Liga 3. Mas se ao primeiro golo o Caldas reagiu para dominar, claramente, a partida, após este lance o pelicano já não foi o mesmo e o 1º Dezembro, mesmo reduzido a 10, ainda foi buscar a vitória. ■
Entre o “céu” e o “inferno”
O desempenho do Caldas neste início de época está entre o muito bom, no campo ofensivo, e o muito mau, no plano defensivo. O Caldas é a equipa que mais golos consentiu na Liga 3 nas duas primeiras jornadas, a par do Pêro Pinheiro. É o pior registo defensivo do Caldas desde 2004/5. Nessa temporada, o Caldas arrancou com uma vitória (2-1) em casa contra o Estarreja, mas na segunda jornada foi goleado (6-2) em Oliveira do Bairro. No plano ofensivo, o Caldas tem o segundo melhor ataque da Liga 3, a par do Atlético e do Canelas 2010. Os 5 golos apontados nos dois primeiros jogos são o segundo melhor arranque do pelicano desde 2016/17, já com José Vala, então com 3 golos aplicados ao Alcobaça e ao Fazendense (Taça). ■