João Marçal, Rogério Serrador e David Costa falaram de formação

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Os dirigentes da AD Óbidos ofereceram camisolas do clube aos tertulianos

Trio falou da evolução da modalidade, mas sobretudo da necessidade de os jovens serem felizes nela

A AD Óbidos está a iniciar a nova temporada e começou com a realização, no passado domingo, de uma tertúlia sobre o futsal de formação, que teve a presença do internacional português e múltiplas vezes campeão nacional e europeu pelo Sporting João Marçal, do treinador Rogério Serrador, que na época passada comandou o Ferreira do Zêzere, na Liga Placard, e do jogador David Costa, que representa o mesmo clube.

O trio começou a falar da evolução da modalidade. Na opinião de João Marçal, a formação de jogadores e treinadores é hoje um pilar fundamental na evolução do futsal. O antigo jogador destaca as melhorias significativas no treino, mas também na qualidade das infraestruturas, recordando que começou a jogar na rua, no alcatrão. Rogério Serrador realçou uma transformação ainda mais marcante: a preferência das crianças pelo futsal, que é hoje uma realidade, mas não o era no passado, quando os jovens chegavam muitas vezes por escassez de oportunidades no futebol. Já para David Costa, a transmissão de jogos na televisão é um fator que também tem contribuído para aumentar a visibilidade e atratividade do futsal.

Mas os tertulianos defenderam que, nas idades mais precoces, o ideal é que as crianças possam experimentar vários desportos, “mesmo que não seja de forma federada”, realçou David Costa.

“Dar às crianças a possibilidade de praticar um desporto que elas gostem, em que possam correr, saltar, brincar, lançar bolas, é fundamental no seu desenvolvimento físico e intelectual”, completou Rogério Serrador. João Marçal completou a ideia dizendo que, no seu caso, só aos 14 anos chegou ao futsal e não foi isso que o impediu de ter um bom percurso na modalidade.

Nessas idades, os tertulianos realçaram a necessidade de o fator competição ser colocado de lado. “Converso muito com os treinadores do meu clube e peço que tenhamos, acima de tudo, crianças felizes”, refere João Marçal, que é fundador e responsável pelo Futsal Jardim da Amoreira, de Lisboa, acrescentando que esse deve ser o espírito até aos infantis. “A partir dos iniciados já estabelecemos objetivos, mas de acordo com as capacidades das equipas”, salienta.

Rogério Serrador completa que “é extremamente importante ganhar e perder na formação do atleta e da pessoa”, acrescentando que os pais têm um papel importante neste ponto. “Muitos atletas desistem do desporto por causa da pressão dos pais”, observou.

Passando ao treino em si, e para a dicotomia entre liberdade criativa e mecanização de jogo nos escalões jovens, Rogério Serrador afirmou que esta “não faz nenhum sentido. Tem que ser dada à criança a possibilidade de criar, se não, no futuro, só teremos atletas completamente automáticos, a fazer aquilo que os treinadores querem”.

João Marçal acrescentou que o erro é necessário, assim como, nesses escalões base, todas as crianças devem jogar tempo igual, sem pensar em resultados, o que nem sempre acontece.

E, se a criança tem um talento inegável, deve ir cedo para um clube de grande dimensão? “A minha terceira filha tem muita capacidade no futsal, já foi abordada, mas não sai até que eu ache que seja a altura certa”, disse João Marçal, acrescentando que ele próprio só aceitou o convite quando chegou aos seniores. O mesmo disse Rogério Serrador em relação ao filho mais novo, Pedro, que já foi abordado pelo Sporting, no futebol. “Decidimos não inverter as prioridades, e essa agora é a escola, porque ser profissional é algo que muito poucos realmente conseguem”, concluiu.