José Vala torna-se o técnico com mais jogos pelo Caldas

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Técnico atinge os 227 jogos pelo clube este domingo

É o treinador há mais tempo em funções no mesmo clube nos nacionais
de futebol, vai na sétima temporada, e só Sérgio Conceição tem mais jogos

José Vala está à beira de fazer história no Caldas. No domingo, quando a equipa entrar em campo na visita ao Moncarapachense, o técnico de 51 anos torna-se o treinador com mais jogos disputados pela equipa principal do Caldas, superando os 226 de Eduardo Marques, que detém o recorde.
José Vala é um exemplo raro de longevidade num clube no futebol nacional. O técnico está a cumprir a sétima temporada consecutiva no Caldas, o que faz dele o treinador há mais tempo em funções no mesmo clube nas competições nacionais do futebol português. Sérgio Conceição, treinador do FC Porto (1ª Liga), e Ricardo Moreira, do Imortal (Campeonato de Portugal), são os únicos que se aproximam, com seis épocas nos respetivos clubes. Já os 226 jogos que José Vala soma no Caldas – 216 dos quais consecutivos – só são batidos pelo treinador do FC Porto.
O treinador alvinegro diz que atingir tais registos nunca foi objetivo per si, “mas chegado aqui é um motivo de orgulho e dá-me ainda mais responsabilidade para fazer com que este clube fique no patamar em que está e, depois, tentar contribuir para que evolua”, diz.
Dos cinco treinadores com mais jogos pelo clube (ver coluna ao lado), José Vala trabalhou com três deles e refere que todos são referências. A começar por Jaime Graça, técnico que o orientou nas duas primeiras como sénior no Caldas. “Nessa época subimos muitos jogadores dos juniores e tivemos o privilégio de ser treinados pelo Jaime Graça, alguém que sabia muito de futebol”, refere.
Eduardo Marques foi o treinador com quem José Vala mais tempo trabalhou enquanto jogador, “tivemos momentos muito bons, outro menos, mas logicamente foi um treinador que marcou”. Com Gila, jogou lado a lado no centro da defesa do Caldas, e foi também quem o desafiou para iniciar a carreira de treinador, como adjunto. “Além do mais, é um amigo, tive o prazer de ser adjunto do Gila durante sete anos e tenho pena que tenha abandonado o futebol”, acrescenta.
A longevidade no Caldas é a soma de diversos fatores. “Atirando a modéstia para o lado, logicamente tem que haver resultados, caso contrário não estaria aqui, de certeza”, atira. A isso junta-se “uma direção estável”, tanto ao nível da estrutura, como da filosofia desportiva, “e um treinador que também se sente bem onde está”, sublinha.
A ambição de treinar a outros níveis, existe, mas não é uma obsessão. De resto, o sonho até é outro. “Gostava de ser profissional aqui no Caldas, é a minha casa de sonho”, atira.
José Vala acumula o comando técnico do Caldas com a coordenação do desporto na Câmara de Óbidos, função que desempenha há cinco anos e que também considera “um desafio grande”. “Tenho a coordenação do complexo desportivo, a gestão de eventos desportivos e 36 pessoas à minha responsabilidade”, conta.
Conciliar as duas coisas não é fácil. O passado sábado foi disso bom exemplo. De manhã, a equipa jogou em Lisboa com a B-SAD. “Cheguei a casa às 14h30, comi uma bucha, às 15h30 já estava em Óbidos na organização da Corrida do Chocolate e só voltei para casa para lá das 20h00. Às vezes sinto esse cansaço e é até mais por aí o desejo de ser profissional”, refere.
No campo, e na preparação do treino, José Vala acredita que a sua equipa técnica já trabalha como se fosse profissional, “trabalhamos muito para ser felizes e a felicidade aqui dá o dobro do trabalho, mas quando resulta também sentimos de uma maneira diferente”, acrescenta.
E momentos positivos, nestes 226 jogos, são muitos. No topo da lista do técnico estão o percurso na Taça de Portugal de 2017/18, que levou a equipa a um sonho de chegar à final que só acabou no prolongamento, e levar o Benfica ao desempate por penáltis, já esta época. Na primeira, “vivemos coisas que não imaginávamos poder sentir e foi uma coisa que durou no tempo”, realça. Na segunda, “voltámos a viver tudo, mas concentrado numa semana”, conclui. ■