Não há duas sem três…

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O Caldas voltou a ter oportunidades, mas ficou novamente em branco

O Caldas perdeu pela terceira vez consecutiva pelo mesmo resultado, dois golos sem resposta. Nos últimos 20 anos, só em 2011/12 teve um arranque de temporada menos concretizador.

Estádio Papa Francisco, Fátima
Árbitro: Miguel Nogueira, AF Lisboa
Assistentes: Pedro Neca e Vítor Gomes
Fátima 2
Valério; Pedro Henriques, Jefferson, Laranjeiro (C) e Yago; Rui Rodrigues e Wassim; Zé Miguel (Miguel Neves 59’), Felipe Sousa (Hamzou Jouini 88’) e Magique (Calila 77’); Jeka
Não utilizados: Fábio Ferreira, João Vítor, Ricardo Oliveira, Miguel Artur
Treinador: Kata

CALDAS 0
Luís Paulo [2]; Tomás Meneses [2] (Leandro [1] 75’), Militão [2], Rui Almeida (C) [2] e Cascão [2]; Paulo Inácio [2] (André Santos [1] 75’) e Simões [3]; Januário [2], Marcelo [2] e Farinha [2]; David Silva [2] (Ricardo Isabelinha [1] 82’)
Não utilizados: Rui Oliveira, Pedro Gaio, Bernardo Rodrigues, Iuri Gomes
Treinador: José Vala
Ao intervalo: 2-0
Marcadores: Zé Miguel (23’) e Jeka (30’)
Disciplina: amarelo a Pedro Rodrigues (28’), Jefferson (83’), Jeka (90’+3)

 

Nem se pode dizer que o Caldas tenha tido um mau início de jogo. Apesar de ser o Fátima a querer mostrar as garras logo no arranque, com uma frente de ataque muito móvel que já prometia causar danos, o Caldas conseguia manter a baliza de Luís Paulo segura e responder em ataque. Ao minuto 10 o primeiro lance de perigo surgiu de um passe comprido de Simões para Farinha, o avançado fez bem a diagonal mas errou o alvo.
A partir do quarto de hora a história foi outra. Num canto, Zé Miguel marcou de pontapé de bicicleta, mas viu o lance anulado por fora-de-jogo. Depois foi Magique a levar a bola ao fundo da rede, também num canto, mas com falta sobre um defesa alvinegro. Os lances agitaram a defesa do Caldas, que logo a seguir voltava a ser batida na zona central e desta vez com o golo de Zé Miguel a contar mesmo.
O Caldas não conseguia manter os sectores juntos face à mobilidade e velocidade de execução do ataque do Fátima e ainda via Jeka acertar no poste, agora numa jogada em progressão pela meia esquerda do ataque.
O Caldas procurou agitar no ataque e teve a sua melhor jogada na partida. David Silva ganhou espaço na área com uma tabela em Farinha, colocou ao segundo poste onde apareceu Januário a encostar, mas demasiado perto da baliza, e desenquadrado com esta, o extremo não conseguiu direccionar para a malha.
Falhou o Caldas marcou o Fátima, mas o lance não devia ter contado. Com o Caldas muito adiantado, Felipe Sousa ganhou sobre Militão à saída do seu meio-campo, a bola foi na direcção do deslocado Jeka, que ainda se fez ao lance mas deixou Felipe prosseguir. Os dois estavam sozinhos com Luís Paulo e Felipe acabou por fazer novo passe para Jeka, visivelmente adiantado em relação à linha da bola, mas Pedro Neca mandou seguir e este fez o segundo.
Ainda antes do intervalo o Caldas podia ter reduzido. Marcelo isolou Farinha, mas o avançado hesitou em rematar de longe, com Valério indeciso na saída, e acabou desarmado.
Na segunda parte quase só deu Caldas, com o Fátima a consentir domínio e a ter apenas duas descidas em contra-ataque com algum perigo. Mas os pelicanos, apesar do caudal ofensivo, também não fez muito melhor. Farinha e David Silva tiveram duas ocasiões cada um, mas não conseguiram bater Valério. E dos oito cantos só na segunda parte, não resultaram qualquer perigo.
É um Caldas em claras dificuldades para fazer golo. Desde 2011/12 que a equipa não tinha um arranque tão fraco ao nível da concretização, e nas últimas 20 temporadas os cinco golos apontados só têm par em 2004/05. Duas temporadas de má memória para o Caldas, já que desceu em ambas. A pausa no campeonato, por via da Taça de Portugal, surge assim na melhor altura para reagrupar as tropas e dar a volta ao texto.

 

MELHOR DO CALDAS
SIMÕES 3
Numa partida em que esteve bastante melhor com a bola do que sem ela, assumiu papel de destaque a municiar o ataque com a sua qualidade de passe, sobretudo numa segunda parte em que encurtou bastante a distância para os homens da frente.

 

TOMÁS MENESES, JOGADOR DO CALDAS
VAMOS DAR A VOLTA
Trabalhámos bem durante a semana, vimos o que o Fátima podia fazer, mas tivemos azar de sofrer aquele golo. Continuámos a lutar, tivemos uma boa reação na segunda parte, mas não conseguimos dar a volta. Temos ir à procura dos três pontos novamente no próximo jogo. A experiência no Caldas está a correr bem, o grupo é excepcional, muito unido, e de certeza que vamos dar a volta a esta má fase.

JOSÉ VALA, TREINADOR DO CALDAS
PAUSA EM BOA HORA
Tivemos oportunidade para marcar primeiro, mas acabámos por ser nós a sofrer e isso afecta quando a equipa está num estado anímico difícil, como é o nosso caso. O Fátima acaba por fazer o segundo golo num lance nitidamente em fora de jogo, duas vezes. Alternámos alguns momentos bons com outros de desorganização, mas podíamos ter reduzido antes do intervalo. Disse aos jogadores que o fundamental era ter orgulho de nós próprios e eles deram uma excelente resposta. A pausa vai ser positiva para nós, temos jogadores influentes lesionados que ficarão mais próximos de regressar e teremos oportunidade de trabalhar algumas coisas que precisamos, como o nosso processo defensivo.

KATA, TREINADOR DO FÁTIMA
A FAVOR DO VENTO
Sabíamos que o vento ia ser importante e conseguimos atacar primeiro a seu favor. Fomos uma equipa que temos sido, mandámos no jogo e tivemos oportunidades flagrantes, até para fazer mais golos. Na segunda parte o vento afetou muito o nosso jogo, que foi mais de sofrimento de organização..