
Caldense faz no próximo domingo, diante do Módicus, o jogo 100 como treinador principal do Burinhosa no escalão principal do futsal. Após vários anos como adjunto, cumpre a quarta época na aldeia do futsal como técnico principal, mas sonha com o regresso a casa
Alex Pinto costuma ter “na cabeça todos os dados” da equipa de futsal do CCRD Burinhosa, que dirige há quatro temporadas na Liga Placard, mas ficou a saber pela Gazeta que no próximo domingo (19h45, Canal 11), na recepção ao Módicus, cumpre o jogo 100 no escalão principal do futsal nacional.
“Confesso que não sabia. Não tenho por hábito fazer a minha estatística, mas sim a estatística da equipa. A verdade é que as coisas passam num ápice. No desporto e na vida não damos conta da passagem dos jogos”, admite o jovem técnico, que iniciou a carreira no banco nas camadas jovens Casa do Benfica das Caldas. Após um percurso como treinador nas águias das Caldas, “mudou-se” para o futebol, treinando na Escola Académica e assumindo, depois, funções como coordenador-técnico no Caldas SC, até chegar à “Bury” como adjunto e assumir o comando da equipa dias antes do arranque da temporada 2016/17.
“Olhando para trás, nada fazia prever que pudesse ter já 100 jogos na liga. E se olhar mais para trás, quando estava a treinar a Casa do Benfica, ainda menos o fazia prever. Acaba por ser o fruto do meu trajecto, mas é completamente inesperado”, nota o treinador, que não esquece “onde tudo começou”.
“Fiz formação na Casa do Benfica, interrompi a prática para tirar a licenciatura em Ciências do Desporto, em Lisboa. Quando voltei ainda pensei em jogar, mas fui convidado por Joaquim Alves para treinar uma equipa da formação e aceitei. Deixei de jogar por várias razões, mas também porque não tinha muita qualidade… Portanto juntou-se o útil ao agradável e fiquei no banco, a treinar os miúdos”, evoca.
“Foi também as Caldas que me proporcionou estar onde estou hoje. Estou agradecido aos clubes pelos quais passei e me permitiram evoluir”, refere Alex Pinto, não escondendo “uma pena muito grande por não poder fazer os 100 jogos na Liga em casa”. “As Caldas tem o seu grande representante numa modalidade colectiva no Caldas SC no futebol, tal como no Sp. Caldas no voleibol, enquanto no futsal tem uma expressão meramente regional. O concelho merecia ter um representante a um nível mais elevado”, frisa o treinador, que assume que seria “positivo para a região” ter o Olho Marinho no escalão principal.
“Tem tido um percurso muito positivo nos últimos anos e que não conseguiu subir por uma curta margem. Era vantajoso ter outra equipa do distrito na Liga, mas os clubes têm de pensar duas vezes se devem subir ou não, porque a subida obriga a uma grande esforço e sustentação”, nota Alex Pinto, explicando que essa sustenção “passa por ter recursos humanos e financeiros” que proporcionem as condições necessárias a treinadores e jogadores para atingir os objectivos desportivos.
E se na época passada, o CCRD Burinhosa falhou, pela primeira vez desde que subiu à Liga, o acesso ao playoff, para 2019/2020 o propósito do grupo de trabalho é voltar a atingir esse patamar.
“Esta época conseguimos o apuramento para a Taça da Liga e estivemos várias jornadas nos oito primeiros da tabela. Vamos lutar para voltar a ocupar um lugar de acesso ao playoff, pois esse é o objectivo a que nos propusemos”, afirma o técnico caldense.
FINAL DA TAÇA FOI “MARCANTE”
Alex Pinto esteve nos momentos mais importantes da história do clube do concelho de Alcobaça, tendo sido adjunto de Kitó Ferreira na subida à Liga e no 3º lugar da fase regular em 2015/16. Mas quando assumiu a liderança, em plena pré-época de 2016/17, o treinador escreveu a mais bela página no livro de memórias da “Bury”: a presença na final da Taça de Portugal, com derrota diante do Benfica (5-1).
“A final da Taça foi um momento marcante e apareceu de forma surpreendente logo no primeiro ano como treinador principal e que, provavelmente, não se repetirá tão cedo”, recorda o treinador, de 36 anos, exibindo “um orgulho enorme em ter estado presente, mas principalmente em ter conseguido proporcionar aos jogadores um momento que nunca esquecerão”.