Numa tarde com misto de alegria e nostalgia, o Caldas bateu o rival Torreense com uma primeira parte de grande nível. Mas o jogo terminou em lágrimas com a despedida do capitão Rui Almeida.
Caiu o pano sobre a temporada 2018/19 e o Caldas terminou num oitavo lugar que fecha a primeira metade da tabela. O derby do Oeste já não tinha grandes decisões no futuro das duas equipas, já confortáveis quanto à manutenção e longe da luta pelos dois lugares cimeiros. Mas entre Caldas e Torreense joga-se sempre com intensidade nem que seja pela rivalidade dos dois clubes que reclamam para si “o orgulho do Oeste”. E além disso havia possibilidade de troca de lugares caso a vitória ficasse para a equipa caldense.
As duas equipas fizeram percursos distintos na segunda volta, o Caldas em ascensão, o Torreense em queda, inclusivamente com troca de treinador e contestação à gestão da SAD por parte do clube e dos adeptos.
Alheio a isto, o Caldas quis montar um espectáculo dentro e fora das quatro linhas, até porque havia uma causa nobre que só se conheceu mais tarde, com o jogo a terminar. A entrada foi, por isso, a todo o gás.
Ainda não havia muito para contar e o Caldas adiantou-se com um golpe de genialidade de André Santos. Livre descaído sobre a esquerda, pé direito a funcionar a colocar a bola para o lado oposto e a descrever uma descida vertiginosa que deixou João Ascenso sem defesa possível. O golo foi muito comemorado e teve dedicatória especial para a bancada.
O Torreense acusou o golpe e 10 minutos depois já tinha sofrido o segundo. Novamente o pé direito de André Santos a funcionar, agora num canto e com assistência para a cabeça de Farinha.
O Caldas funcionava muito bem, com o seu meio campo a ser claramente superior e muito rápido nos desdobramentos ofensivos, com Hugo Neto muito em jogo a dar muito trabalho à defensiva torriense. Foram várias as tentativas do avançado para fazer o gosto ao pé, e fê-lo ao minuto 41. Tudo começou com Luís Paulo a resolver fora da área um lance potencialmente perigoso de Hélio Vaz. No lançamento, Paulo Inácio recuperou a bola, Leandro virou o jogo para a direita para Januário, que a meio do seu meio campo isolou Hugo Neto, que com a frente ganha fuzilou Ascenso.
O jogo estava ganho, a não ser que acontecesse alguma hecatombe na segunda parte, o que não se verificou. Se o Caldas abrandou o seu ritmo ofensivo, nunca perdeu o discernimento defensivo e segurou uma vitória que ofereceu ao seu capitão.
Nas substituições, Mark Coito fez a sua estreia na equipa principal, depois, Rui Almeida deu lugar a Gaio para receber merecida ovação pelo final da sua carreira.
MELHOR DO CALDAS
André Santos 4
Foi novidade no onze após regressar de uma pequena lesão e voltou com estrondo. Fez um golo de antologia de livre que abriu o marcador e assistiu, de canto, o segundo golo. Com alegria no jogo empurrou a equipa para a frente nessa primeira parte de luxo. Na segunda ajudou a manter a equipa coesa.
RUI ALMEIDA, JOGADOR DO CALDAS
O Caldas deu-me mais
Dei muito ao Caldas, mas o Caldas deu-me muito mais. Eu é que agradeço ao clube o peso que teve na minha formação desportiva e humana. O meu ciclo como jogador terminou, o clube tem um rumo e um trabalho extremamente meritório, por isso vou tranquilo e confiante que vai continuar a dar passos pequenos mas seguros. A minha perspectiva será sempre de dizer presente para ajudar o Caldas e como costumo dizer em jeito de brincadeira, ao domingo vou passar a vir à missa.
O Caldas tem tido o mérito de ter muita gente a despontar, há uma geração cheia de qualidade e com a identidade do clube. Os adeptos têm que valorizar esta identidade e a forma como o clube consegue combater de forma meritória com outras realidades, é um clube especial.
Era importante sair com esta vitória, o derby do Oeste é sempre importante para nós e permitiu-nos subir mais uns lugares, fica uma imagem positiva de um ano difícil mas em que conseguimos corresponder.
JOSÉ VALA, TREINADOR DO CALDAS
Nada é irreversível
Foi uma homenagem bonita mas nada é irreversível. Eu também deixei de jogar numa altura em que ainda tinha condições, estava no Peniche, depois não estava a lidar bem com isso e tive que voltar. O Almeida está em condições e tem um treinador que queria que ele ficasse. Quanto ao jogo, tivemos uma excelente primeira parte e fomos eficazes. Depois procurámos controlar e foi um resultado justo. Já está tudo mais ou menos certo para a próxima época, não quero muitas alterações no plantel, apenas algumas cirúrgicas para termos um desempenho mais regular. Estamos a fazer por manter o Hugo Neto, tem um acordo com o Caldas assinado, condicionado a outras situações. O Ednilson e o Leandro, para falar dos que vêm mais de longe, queremos contar com eles também.
Campo da Mata, Caldas da Rainha
Árbitro: Diogo Vicente, AF Santarém
Assistentes: Henrique Paula e Pedro Sousa
CALDAS 3
Luís Paulo [4]; Passos [4], Militão [4], Rui Almeida [4] (C) (Gaio [1] 90’+3) e Farinha [4]; Paulo Inácio [4], André Santos [4] e Simões [4]; Leandro [4], Hugo Neto [4] (Mark Coito [2] 76’) e Januário [4] (Ednilson [2] 67’)
Não utilizados: Guilherme, Marcelo, Bernardo Rodrigues, Passuco
Treinador: José Vala
TORREENSE 0
João Ascenso; André Perre, João Martinho (Aldair 53’), Danilson e Ma Chao; Serifo e Tiago Esgaio; Hélio Vaz, Pedro Bonifácio (C) e Leandro Morais (Tomás Jorge 72’); Zhang Cheng (Camará 45’)
Não utilizados: Hidalgo, Carloto, Gonçalo Franco, Miranda
Treinador: Rogério Leonardo
Ao intervalo: 3-0
Marcadores: André Santos (11’), Farinha (21’) e Hugo Neto (41’)
Disciplina: amarelo a André Santos (85’)