Zé Povinho gosta de quem se preocupa com os outros e, por isso, quer destacar duas jovens empreendedoras e interessadas em desenvolver projectos sociais. Rosalinda Chaves é psicóloga e, desde 2016, que coordena uma iniciativa que utiliza a fotografia como metodologia para documentar o quotidiano dos seniores com quem trabalha.
Por seu lado, Diana Almeida, formada em Marketing e Comunicação, quer ajudar os artesãos a vender os seus produtos na Internet. Além do mais, cada uma das jovens empreendedoras conseguiu financiamento para as suas iniciativas. Rosalinda Chaves obteve 11 mil euros da Altice para comprar máquinas fotográficas e equipamentos para os seniores de A-dos-Negros se expressarem através de imagens, enquanto que Diana Almeida obteve 10 mil euros do Portugal 2020 para poder criar uma marca e uma plataforma online onde vai pôr à venda produtos de artesãos e de artistas locais.
Esta última disse que não a um emprego em Lisboa para regressar à terra natal e se dedicar à sua Fazenda. Zé Povinho, no dia em que se celebra as lutas femininas pela igualdade, quer louvar a atitude e a persistência destas duas jovens que se preocupam com os demais e que querem levar os seus projectos adiante.
O mais trágico para um político que teve um papel muito activo em grande parte da sua vida é envelhecer separado desse frenesim da participação na coisa pública e, ainda pior, quando os seus anteriores seguidores se autonomizam e deixam de lhe ligar.
Mesmo tentando outras aventuras políticas, com candidaturas a outras autarquias, que, por razões diversas, não conseguiu obter o sucesso a que antes estava habituado, isso não o contenta na terra onde fez carreira e foi idolatrado, na sua ideia.
Existe mesmo um fenómeno psicológico que o faz esquecer de comportamentos anteriores, exigindo depois aos sucessores aquilo que nunca fez ou cumpriu, arvorando-se posteriormente um símbolo quase impoluto, achando-se no direito de se juntar à oposição que sempre ostracizou, batalhando por causas que julga pertinentes.
E depois não tem pruridos de levantar argumentos, mesmo de índole pessoal e privada, que antes combateu tenazmente, quando foi alvo deles, por razões diversas.
É este drama compreensível e estimável que tem vivido o ex-presidente da Câmara das Caldas, Dr. Fernando Costa, cujos méritos auto-reconhecidos não mereceram qualquer escolha vencedora nos municípios de Leiria e Loures, chegando ao ponto de fazer uma aliança contranatura com o PCP naquela cidade da Grande Lisboa, a fim de afastar o partido que anteriormente liderava a Câmara – o Partido Socialista – de qualquer negociação para a gestão camarária.
Na última Assembleia Municipal, para gozo de toda a oposição, que parecia achar-se vingada pela gestão quase totalitária do concelho das Caldas ao longo das últimas quatro décadas e meia, todos ouviram críticas inflamadas do Dr. Fernando Costa em relação aos seus sucessores, em que a maioria deles foram sua criação e que hoje não lhe obedecem nem são submissos o suficiente para o deixarem satisfeito.
No melhor pano cai a nódoa e ouvir o Dr. Costa queixar-se dos atrasos e das ausências dos seus sucessores, bem como do seu pouco apego às questões patrimoniais e culturais, de quem durante muitos anos nunca teve grande preocupação pelo tema, deixa Zé Povinho verdadeiramente impressionado. Como diz o povo “atrás de mim virá, quem bom de mim fará”, o que pode sintetizar esta história que assinala os quase 45 anos do 25 de Abril, tempo de Democracia em Portugal.