Nos dias 15 e 16 de Maio, a investigadora Cristina Horta foi convidada pela Majolika International Society e por uma universidade de Nova Iorque para participar num simpósio mundial sobre cerâmica.
Cristina Horta apresentou a comunicação The Work of Portuguese Neo – Palissy Ceramist Manuel Mafra (1831-1905) and the Great World Fair Exhibitions in the 19th Century, destacando “a figura e obra do ceramista pioneiro em Portugal do estilo neopalissista, focando a presença dos seus produtos nas Exposições Universais, especialmente na “Centennial” de Filadélfia, em 1876, com grande sucesso, e no seu contributo para a obra de Rafael Bordalo Pinheiro”, contou a investigadora à Gazeta das Caldas.
A caldense por adopção esteve integrada num grupo de comunicadores internacionais, onde se incluíram representantes do Vitoria and Albert Museum, de Londres, do Janos Pannonius Museu, da Hungria, e de outros museus de Itália, Estados Unidos e Alemanha.
Segundo a participante, a cerâmica das Caldas “suscitou o maior interesse por parte de uma audiência conhecedora e entusiasta”. Cristina Horta ainda explicou quo o tema do simpósio incidiu na cerâmica produzida na segunda metade do século XIX, considerada “como um fenómeno global, compreendendo a sua manufactura, marketing, consumo e gosto, e encarada numa perspectiva internacional”.
A principal intenção daquele evento consistiu em aproximar a produção de faiança do século XIX, do Reino Unido, França, Escandinávia, Hungria, Portugal e Estados Unidos, de forma a destacar não só a própria história deste tipo de cerâmica, como o seu lugar nos debates culturais nacionais e internacionais contemporâneos, sobre o design e gosto na era da industrialização.
O debate final foi, segundo a própria, “enriquecedor” e contou com a intervenção de membros da Sociedade Internacional de Majólica, de historiadores e antiquários, “que revelaram o seu apreço e curiosidade pela cerâmica caldense”, acrescentou.
Ainda como resultado deste debate, Cristina Horta recebeu um convite para integrar a “Majolika International Society”.
Cristina Horta foi uma das convidadas presentes no colóquio “Colecções de Arte em Portugal e Brasil no Século XIX e XX: Perfis e Trânsitos”, que teve lugar nos dias 17, 18 e 19 de Junho, na Fundação Gulbenkian, organizado pela Universidade de Lisboa, em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, no qual abordou o tema “Cerâmica das Caldas na colecção de D. Fernando II”.
UMA ESPECIALISTA NA PRODUÇÃO DE MANUEL MAFRA
A ex-directora do Museu da Cerâmica doutorou-se no passado dia 11 de Junho pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ramo de Doutoramento em História, especialidade História da Arte. “Manuel Mafra (1831-1905) e as Origens da Cerâmica Artística das Caldas da Rainha” valeu-lhe o doutoramento com Louvor e Distinção. Do júri fizeram parte Marize Malta (Brasil), Maria João Neto e Vítor Serrão.
Estes reconheceram que o mestre ceramista Manuel Mafra, “enquanto remetido a um quase esquecimento na terra que escolheu para viver e laborar, e no país, através da sua profusa obra artística exportada além-fronteiras, teima em manter-se bem vivo e apreciado pelo mundo”, referiu a investigadora à Gazeta das Caldas.
Cristina Ramos e Horta é lisboeta mas foi acolhida nas Caldas há várias décadas e foi directora e conservadora do Museu da Cerâmica. Há vários anos que se dedica à pesquisa sobre a cerâmica local, da qual tem vindo a buscar rastos e evidências, em Portugal e no estrangeiro, onde tem encontrado uma quantidade de peças de do século XIX em museus e colecções particulares.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt