Num mesmo fim-de-semana decorreu nas Caldas da Rainha o festival de jazz, em Óbidos o Folio e em Alcobaça o Books&Movies. Na sexta-feira passada, por exemplo, a opção poderia ser entre assistir à peça de teatro Estranhas Dicotomias em Alcobaça, ao concerto de Kinga Glyk no CCC ou a duas apresentações de livros e um debate em Óbidos. No dia seguinte, sábado, a escolha seria entre ver em Alcobaça a websérie Até Ao Fim e os concertos (que incluíam jazz) de O Gajo e Thee Eviltones, ver nas Caldas a cantora Isabella Lundgren no Caldas Nice Jazz, ou assistir em Óbidos a um debate com Hélia Correia e Ana Sousa Dias e um concerto dedicado a Zeca Afonso.
Escolhas difíceis para os consumidores de cultura da região que, na verdade, até não são muitos e que passam por vezes muitas semanas de jejum à míngua de bons programas culturais.
Esta fome que deu em fartura nos últimos fins-de-semana (Books & Movies, Caldas Nice Jazz e Folio) em três concelhos confinantes coloca a necessidade – já várias vezes discutida – de os municípios se porem de acordo na calendarização das suas agendas culturais por forma a não sobrepor os eventos mais significativos.
Sendo certo que este ano as eleições legislativas de 6 de Outubro limitaram fortemente a janela temporal com que as câmaras municipais programam os seus eventos outonais, também é verdade que bastaria um bocadinho de preocupação e diálogo entre os seus responsáveis para evitar a junção de concertos, teatros, debates e outros eventos nas mesmas datas.
Alcobaça, Caldas da Rainha e Óbidos, ainda por cima, têm autarcas que são todos do mesmo partido. Não seria possível um entendimento mínimo nesta área, mesmo que em sede da OesteCIM?
É que o “mercado” dos consumidores de cultura na região não é assim tão extenso e, se houvesse melhor planeamento, todos ficariam a ganhar.
Se os autarcas não se entendem nestas questões, em que o proveito para todos é evidente, como se entenderão alguma vez quanto ao futuro hospital do Oeste?