Peniche: “O Governo tem que apoiar mais este evento mundial”

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Henrique Bertino, presidente da Câmara de Peniche, garante que, do que depender si, o Campeonato do Mundo vai continuar a surfar no concelho

Até quando Peniche vai poder contar com o Campeonato do Mundo de Surf?
Trata-se de um evento da responsabilidade da WSL [Liga Mundial de Surf] e será sempre ela que terá a palavra para escolher o local das provas. Na própria Europa há muitas regiões que ambicionavam ter esta prova e a nossa sorte – para Peniche e para o Oeste – é termos a melhor onda da Europa e a partir daí os surfistas que participam no campeonato do mundo tiveram sempre muita vontade que preferem que, no continente europeu, esta etapa se faça entre nós. Tenho a certeza de que falarei por todos os presidentes de câmara vindouros quando digo que temos que criar cada vez mais melhores condições para a sua realização, em termos de infraestruturas e de apoios. Pela nossa vontade isso vai acontecer cada vez mais de forma progressiva, como tem acontecido, pois Peniche tem correspondido. Não são só os valores do investimento direto, mas vai para além disso com a logística e a preparação para receber a prova que é muito exigente e que começou há cerca de um mês e depois do evento precisamos de mais um mês para fazer as desmontagens. Penso que esta prova é para continuar no nosso concelho.
A Câmara Municipal de Peniche só tem a certeza da realização da prova no ano anterior. É sempre assim?
É sempre assim. Claro que há momentos de conversação que temos sempre à volta da prova, que também nos permitem falar com os responsáveis da WSL e da empresa que organiza e coordena estes eventos. Espero ter a oportunidade de voltar fazer aquilo que costumo fazer, pelo que estamos confiantes, sabendo que nada depende de nós mas também da obtenção de outros apoios. Achamos que o Governo tem que começar a apoiar mais este evento do que tem feito. Há o apoio político mas até com o Turismo de Portugal (TP) e o Turismo do Centro, (TC) na minha opinião, temos que ser mais exigentes porque trata-se de uma prova desportiva única na região. Não há, pelo que conheço e não quero ser injusto, nenhum evento tão mediático. É para um determinado setor mas que envolve milhões de pessoas.

Considera que o Turismo do Centro não faz o suficiente quanto ao financiamento promocional do Campeonato do Mundo de Surf em Peniche e devia alocar mais meios?
Não tenho dúvidas de que, tanto do TC como o TP, deviam dar outra atenção em termos de apoio e vem ao encontro de uma avaliação fizemos recentemente, pelo que teremos que debater e analisar particularmente com estas duas instituições. É nossa intenção estruturar este e outros eventos ligados ao surf, de uma forma diferente do que tem sido até agora, face ao enorme potencial que os investidores há muito perceberam e às vezes parece que o próprio país não percebe. Não quero ser demasiado injusto porque a avaliação ainda não foi feita com estas entidades. Peniche está a procurar fazer o seu caminho em termos de estruturação e sabemos que temos que dar passos rápidos nesse sentido, o problema é a administração autárquica ser muito lenta e somos um município com limitações financeiras. O segredo da gestão não passa apenas pela contenção da despesa, mas está essencialmente na procura de novas receitas e já demos passos nesse sentido, para que possamos enfrentar o futuro de outra forma.

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E quanto à OesteCIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste, que promove e a ‘Marca Oeste Portugal’, o apoio é o suficiente para esta prova?
Percebo que não é fácil à OesteCIM suportar eventos desta natureza até porque somos 12 concelhos e tem que haver um certo equilíbrio em relação ao apoio à prova, estando também mais vocacionada para apoiar financeiramente os seus eventos, nomeadamente a participação nas feiras, o que é natural. Quando alguém em Peniche me diz que vai promover um evento e que a OesteCIM vai apoiar, sou o primeiro a duvidar, porque não é tradição. Há uns anos o apoio a esta etapa do Campeonato do Mundo de Surf mereceu alguma discussão no seio da Comunidade Intermunicipal e temos que encarar este tema de forma diferente, pois como já disse a fonte de financiamento tem que ser mais abrangente porque não é um evento só da região mas do país. O Oeste assume-se como região mas costumo dizer que todos os presidentes de câmara – eu incluído – são ‘egoístas’, porque olham muito para o seu concelho e para a sua perspetiva de desenvolvimento. Logicamente que não querem perder o barco dos eventos que têm essa projeção mundial, mas ainda falta muito para apresentarmos esta prova como um evento representativo do Oeste. Não é só fazer um stand, que normalmente é muito bem trabalhado, mas que não projeta a região. Tal como nós não trabalhamos bem ainda a divulgação do nosso concelho neste e noutros eventos porque temos as nossas lacunas. Vamos continuar com o apoio da OesteCIM mas vamos ver em que moldes, pois vai ter que ser discutido dentro da Câmara de Peniche e no conselho intermunicipal. Estou preparado para isso.

Defendeu em entrevista à Gazeta em 2021 que, no âmbito da OesteCIM, devia ser criado um posto de turismo avançado do Oeste na entrada de Peniche dotado nomeadamente com produtos regionais dos 12 concelhos. Abandonou esta ideia?
Acho que o grande entusiasta era eu e sinceramente não vi ninguém a querer apoiar esta ideia. Este projeto não integra a lista dos que são prioritários para não perdermos a oportunidade de obter financiamento. Quanto ao posto de turismo avançado é um objetivo do presidente de câmara e, se houver oportunidade, não sendo algo muito exigente, não o vamos desperdiçar. Mas um dos problemas que Peniche tem está relacionado com a classe dos solos: praticamente em todos os lados que pretendemos desenvolver algum projeto dependemos sempre de outras entidades, o que é muito exigente do ponto de vista financeiro, pelo que temos que apostar naqueles que podem ser apoiados. ■

 

Parque de campismo reabre antes do verão

Obras estão atrasadas, resultado da pandemia e da guerra na Ucrânia

A pandemia e a guerra na Ucrânia foram os argumentos apresentados pela empresa Vale Paraíso Empreendimentos Turísticos, SA à Câmara Municipal de Peniche para justificar o atraso dos investimentos previstos na concessão do Parque de Campismo e Caravanismo e Parque Aquático. A empresa da Nazaré, gestora da marca Ohai Outdoor Resorts e única concorrente, ganhou a concessão do espaço público pelo período de 25 anos, comprometendo-se a investir 22 milhões de euros nos primeiros seis anos. O parque só deverá reabrir no fim da primavera, revelou o presidente Henrique Bertino à Gazeta, estando a empresa a cumprir “religiosamente” o pagamento de 750 mil euros por ano e que “nós estamos a ajudá-la dentro da medida do possível”.
No âmbito da primeira fase dos investimentos, apresentado pelo grupo económico, que se centra no parque de campismo, terão que ser reconstruídas praticamente todas as infraestruturas. “O grande problema deve-se à encomenda de dezenas de bungalows, no estrangeiro, que tem o atraso de mais de um ano da entrega”, justificou o autarca. Acreditando na seriedade da concessionária da argumentação apresentada na última reunião entre ambas as entidades, foram explicadas as dificuldades e concluiu que “temos que aceitar uma evidência que nós também passamos, que passa pelo atraso generalizado na entrega de encomendas e todas as nossas empreitadas também derraparam nos prazos”.
Henrique Bertino está confiante na reabertura do parque de campismo, apesar de não saber ainda a data precisa, esperando que em 2024 seja concretizado o que estava previsto para este ano. “Penso que estarão criadas as condições, pelos prazos que nos falaram, para após a época de verão, iniciarem as obras de fundo do parque de campismo.
Segundo está previsto no contrato de concessão, do investimento total, 16 milhões serão aplicados na modernização do parque de campismo e 6 no parque aquático. Pretende-se criar um espaço especializado em turismo de qualidade, com infraestruturas que respeitem a natureza e que permitam a sua fruição o ano inteiro,. Haverá também zonas definidas para caravanas e autocaravanas, a par de áreas de alojamento moderno. ■

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