O secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, defendeu nas Caldas que o projecto a desenvolver ao nível do termalismo terá que ser moderno e apresentar um produto único e inovador, de modo a ser competitivo à escala europeia. O governante confirmou a existência de fundos comunitários para apoiar a recuperação de património, mas apenas se tiver um “projecto sério de futuro”.
“Têm o recurso [água termal e património], agora é preciso trabalhar e criar o produto e depois transformá-lo em experiência, que é o que o turista procura”. Esta a lição que o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, deixou aos caldenses, no passado dia 3 de Junho.
O governante, que deu uma conferência a convite da concelhia do CDS-PP, defendeu que o turismo deve ser olhado do ponto de vista da procura e não da oferta e que essa máxima também se aplica ao termalismo. Considera, por isso, que é importante perceber as motivações das pessoas e que hoje, ao pensar-se num produto baseado no termalismo, dentro da área da saúde e bem-estar, este terá que ser “distintivo e dar respostas que outros ainda não conseguem dar”.
Referindo-se ao turismo de saúde e bem-estar, Adolfo Mesquita Nunes lembrou que nos últimos anos houve investimento na requalificação de diversas termas, com o apoio de fundos comunitários, mas com oferta que se estende a novos tratamentos terapêuticos, programas orientados para o relaxamento, redução do stress e do peso, e à vertente nutricional.
O novo quadro comunitário continuará a apoiar esta área, mas “não há fundos para o vazio”, adverte, destacando que apenas serão apoiados projectos que apresentem valor acrescentado para a economia.
A preferência recai sobre a requalificação em relação à construção de novos edifícios. No entanto, tem que existir “um projeto e ganhador”, fez notar o secretário de Estado do Turismo, que se escusou a fazer sugestões para a utilização do património termal caldense.
O governante defendeu que, para além de tentar pôr de novo o Hospital Termal a funcionar, é necessário encontrar ” argumentos” para convencer investidores de que o projecto terá sucesso. Mas isso dificilmente acontecerá se não tiver acoplado alojamento e outro tipo de tratamentos e actividades.
“Hoje qualquer investimento em turismo não vale apenas pelo equipamento, tem que estar ligado ao território, ou ter valor acrescido para o visitante “, defendeu.
Defensor de que não é função do Estado dinamizar áreas da economia, mas de criar todas as condições para que o sector privado o faça, o governante destacou que têm criado quadros legislativos favoráveis ao aparecimento de propostas nesta área. Considera também que é preciso chegar junto das seguradoras internacionais e fazer contratos com elas para que os seus utentes possam fazer os tratamentos em Portugal, assim como com as associações de doentes. Importante é também, na sua opinião, que o projeto esteja integrado numa rede e que não fique isolado no seu território.
Tinta Ferreira defende que o Oeste turístico deve estar em Lisboa e no Centro
“No contexto de termas, golfe, praia, não seria mais lógico a promoção do Oeste ir no contexto da promoção de Lisboa?”
. A questão foi lançada pelo presidente da Câmara, Tinta Ferreira, justificando que, apesar de “contente com a acção” do Turismo do Centro, este integra 100 municípios e uma área muito extensa, quando Lisboa está muito mais próxima.
Na opinião do governante, para um turista é indiferente qual a região turística onde determinado projecto se encontra, além do que estas regiões não fazem promoção externa, função apenas exercida pelo Turismo de Portugal.
“Retirámos às regiões a promoção externa porque temos que ter a marca Portugal e o que devemos promover são as experiencias que cá existem”, disse.
Adolfo Mesquita Nunes respondeu ainda ao autarca que não partilha da sua posição, revelando que para esta região estar associada a Lisboa era “a mesma coisa que nunca mais aparecer” porque a capital é um produto turístico muito forte.
Já do ponto de vista dos roteiros e circuitos, considera que faz sentido a ligação a Lisboa, dado que a maioria dos turistas chega por via aérea e depois dirige-se a vários locais próximos da capital.