Cerimónia decorreu no passado dia 12 de maio, com 120 pessoas num jantar de gala no qual também se discutiu a importância e o futuro das associações
A ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste está a assinalar o 120º aniversário desde novembro do ano passado e escolheu realizar a Gala Empresarial enquadrada nas festas da cidade, no passado dia 12 de maio. Uma cerimónia que contou, simbolicamente, com 120 pessoas, e na qual a associação homenageou diversas empresas pela antiguidade, mas também entidades parceiras. Incluída na Gala Empresarial esteve mais uma das 12 tertúlias com que a ACCCRO assinala os 120 anos e que foi dedicada ao futuro das associações empresariais.
Durante o jantar de gala, que decorreu no Sana Silver Coast, a direção da ACCCRO entregou um diploma e um troféu comemorativo a 13 empresas pela fidelidade.
A primeira a receber a distinção foi a Loja do Sr. Jacinto, atual sócio número um da associação. Cláudia Henriques, que é atualmente responsável pelo negócio, assinalou que esta é uma loja de família, em terceira geração, “feita de pessoas, para pessoas, que é o que distingue o comércio tradicional”, sublinhou, destacando a necessidade de o comércio caldense e a sua associação continuarem “a trabalhar lado a lado” para capitalizar o potencial que o setor tem na cidade.

Além da Loja do Sr. Jacinto, a ACCCRO prestou tributo aos estabelecimentos comerciais: Joaquim Batista, Dominó, Mirene, Sapataria Bom-Tom, Papelaria Bordalo, Alfaiataria Rosa, restaurante A Lareira, Estores Rainha, Ourivesaria Amílcar Neves, Papelaria Pitau, Casa Felizardo, Proelcor e Casa Varela. Margarida Varela, responsável por esta última, realçou que se trata de uma loja que atravessou todo o século XX, duas guerras mundiais e continua a fazer a sua história. E, nesse contexto, sublinhou a importância que poderá ter para o comércio das Caldas da Rainha a aprovação da candidatura que foi entregue para o projeto das Lojas com História.
Além destas empresas, a ACCCRO homenageou parceiros do projeto Caldas Rainha do Natal, nomeadamente a Auto Leandro Santos, a Oral Plan e o MacDonald’s das Caldas da Rainha, e também os bombeiros das Caldas da Rainha e de Óbidos, a Associação de Criadores de Puro Sangue Lusitano do Oeste, a Ordem do Trevo e a Silos Contentor Criativo, entidades com as quais tem parcerias.
Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas, disse que a cidade acompanha a sua associação e “tem orgulho nela”. Aludiu ao “momento especial” que marcou o início da gala, no qual Luís Gomes homenageou as mulheres da associação que prepararam este e outros eventos, nomeadamente a dirigente Susana Vogado e as colaboradoras Sónia Rosa e Ângela Sousa Félix, num gesto que estendeu, também, a Teresa Xavier Marques, esposa do autarca. O presidente da autarquia também destacou o facto da associação reconhecer os seus associados, elogiando a capacidade do comércio “de se reinventar para responder às adversidades” e agradeceu “o que a ACCCRO faz pelo concelho”.
Em representação da Assembleia Municipal, Pedro Marques, sublinhou que “Caldas da Rainha tem orgulho nos seus comerciantes” e lançou o desafio de se criar um monumento para os homenagear.
Antes da Gala Empresarial, realizou-se tertúlia do ciclo que marca os 120 anos da ACCCRO, que teve como tema as associações empresariais.
Na abertura da iniciativa, o presidente da direção da ACCCRO, Luís Gomes, começou por dizer que este seria um “um dia muito especial” para a associação, mas também por acontecer em vésperas das festas da cidade.
O tema escolhido para este dia em particular esteve relacionado com “a dificuldade que é conseguir ter pessoas a trabalhar em prol da economia, mas temos que ver a importância que as associações têm para desenvolver atividades, e para agregar as pessoas”, referiu Luís Gomes. “É importante definir posições e estamos cá há 120 anos a defender posições”, prosseguiu, para depois falar da importância de atrair também os jovens para estes desígnios.
Luís Gomes realçou que a ACCCRO continua a desenvolver projetos, nomeadamente na área da formação, parte fundamental para que também as empresas se possam desenvolver.
Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas, que é também empresário, sublinhou a importância das associações, mas também da participação das empresas. “A ACCCRO tem 600 associados e também temos a AIRO, mas não contemplam todas as empresas da região. É necessário que haja a visão que as associações têm peso no que são interesses comuns dos empresários”, lembrou, apelando a que o tecido empresarial se una nas suas associações. “Muitas vezes critica-se que a associação não faz isto ou aquilo, mas não nos envolvemos para que faça”, sublinhou.
O autarca também abordou a formação como algo vital nas empresas, não só no que diz à mão-de-obra, mas também ao nível dos gestores.
Numa cidade com cerca de 28 mil habitantes e uma oferta comercial “que é três vezes superior do que a capacidade da própria cidade”, Vítor Marques destacou a capacidade que o comércio caldense tem para atrair pessoas de fora para as Caldas, e lembrou que o município fez uma candidatura no valor de 1,2 milhões de euros para criar um bairro de comércio digital, para que continue a adaptar-se aos novos tempos.
Mas o tema da noite era o futuro das associações, e foi disso que mais se falou. Jorge Barosa, presidente da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste, defendeu não só a importância das associações, como a necessidade de trabalharem em conjunto e desafiou, por isso, a ACCCRO a integrar a FAERO – Federação das Associações Empresariais da Região Oeste. “Só juntos somos mais fortes”. “Não somos concorrentes, somos parceiros em prol da comunidade empresarial e, quantos mais formos, melhor faremos”, sublinhou.
Ricardo Duque, presidente da empresa municipal Óbidos Criativa, realçou que são as associações que trabalham “no terreno” que conhecem a realidade e as necessidades das empresas.

A importância das associações e da forma como trabalham em conjunto está bem patente no setor agrícola, destacou Carla Simões, da Frutalvor. “Sem as associações, as PME não sobrevivem neste país”, afirmou, destacando que estas são fundamentais para criar economia de escala, mas também serviços, pensamento e tecnologia. O Oeste e o Ribatejo são as regiões do país com maior concentração de organizações de produtores, adiantou, porque são estas fundamentais para evoluir e competir com grandes empresas e competir no estrangeiro.
Miguel Silvestre, diretor da Obitec, a associação que gere o Parque Tecnológico de Óbidos, sublinhou que as associações empresariais são um veículo para a aplicação de estratégias dos seus territórios e não um agente de definição dessas mesmas estratégias. No caso da Obitec, “somos veículo de estratégia para território numa atividade que não existia”, as tecnologias de informação, e uma parte significativa da missão passa por “carregar as agendas que vão ser mais faladas alguns anos mais tarde, como o big data, a inteligência artificial, coisas que, mais tarde ou mais cedo, entram no léxico”.
Se em Óbidos se fala de tecnologia, nas Caldas a palavra é criatividade, salientou Nicola Henriques, da Associação Destino Caldas, braço cultural da Silos Contentor Criativo. “Fixar o capital criativo e intelectual” nas Caldas, fazendo a ponte entre a cidade e a ESAD.CR, foi o desígnio por detrás da criação da associação, numa procura de criar redes para favorecer a troca de saberes “alavancado no que é o filão do futuro, a juventude”. Nicola Henriques falou da necessidade de integrar os jovens nas associações e noutros ramos da comunidade. “Sentirmos o seu pulsar e estar abertos para ver os seus horizontes. Temos que os capacitar e mostrar que podemos criar condições para que eles possam desenvolver”, é fundamental para que a fixação de valor seja efetiva.
Numa sociedade cada vez mais online, mas também cada vez mais socialmente desconetada, Rui Vieira, que representou o Prontos, disse que é preciso não esquecer os valores do passado nesta sociedade tão virada para o futuro. “O que seria das comunidades se não houvesse o contacto”, questionou. ■