AIRO tem sido o cimento que une o cluster da cutelaria

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A apresentação da marca ocorreu em Maio de 2018

A pedidos das empresas, a AIRO assumiu a representação do cluster da cutelaria de Santa Catarina e Benedita e tem vindo a desenvolver iniciativas para valorizar o sector. A criação da marca e de merchandising, a aproximação das empresas às universidades e a realização de eventos são algumas das actividades que estão a ser preparadas

A ideia de as empresas de cutelaria estarem unidas começou a ser discutida há mais de 30 anos e até foram desenvolvidos esforços nesse sentido, mas nunca foram concluídos. Foi apenas em 2018, e depois da entrada em cena da AIRO, que se constituiu o núcleo de cutelarias de Santa Catarina e Benedita.
Os contactos da parte dos empresários com a AIRO começaram em 2017 e logo no ano seguinte, e depois de uma reunião conjunta, já se tinha atingido um consenso. “Em 2018 conseguimos criar a união junto das empresas”, realçou Sérgio Félix.
Desde então a AIRO representa o cluster, mas “o objectivo não é que se sobreponha às empresas. Serão estas a definir o caminho a trilhar para que a associação as ajude a trilhá-lo”, realça Sérgio Félix. Desta forma, e em vez de criar uma nova associação, é possível aproveitar a estrutura existente e o know-how adquirido da AIRO.
Sendo este cluster reconhecido pela qualidade dos seus produtos, é importante manter o que de bom vem do passado, nomeadamente a tradição e o conhecimento, mas não deixa de ser necessário juntá-lo ao que de melhor tem a modernidade, fazendo com que este se mantenha vivo e dinâmico. “O sector não pode parar, tem que continuar a inovar”.
“A AIRO existe para fazer coisas para os empresários e não para se servir dos empresários”, realça Sérgio Félix, demonstrando a disponibilidade e abertura da associação às empresas e aos empreendedores.
O modelo encontrado para a cutelaria poderá vir a ser replicado para outras áreas de negócio. “Temos o anseio de implementar o mesmo modelo para outros sectores”, revelou.
Por outro lado, o papel da associação tem sido o de fazer a ponte de ligação entre o tecido empresarial e os poderes locais, que tem apoiado o sector.
Miguel Alves é, dentro da AIRO, quem tem o pelouro das cutelarias, até pela sua ligação familiar ao sector. O responsável salienta a valorização da marca e a dimensão que o sector ganha quando está unido. Além disso, “o cluster é importante até para garantir a qualidade, porque existem regras para entrar e as empresas são sujeitas a alguma fiscalização”.
O núcleo inicial é de oito empresas, mas existe abertura para outras que se queiram juntar.
A primeira iniciativa foi a criação da marca e do seu logótipo, que foi apresentado a 3 de Maio e que é da autoria de Inês Ferreira, uma jovem de Rio Maior que estuda na ESAD.
Houve 16 propostas a concurso e a vencedora explicou que tentou juntar o cabo e a lâmina, criando um logótipo versátil para os vários tipos de lâminas. O prémio foi um cheque no valor de 500 euros. A imagem passou a ser usada como selo nas facas e nas embalagens. Na mesma data foi lançado o site e as páginas nas redes sociais. Com o selo é certificada a peça, havendo uma salvaguarda em relação a cópias e falsificações.

Linha de merchandising para a cutelaria

Actualmente está a ocorrer um concurso para o desenvolvimento de produtos de merchandising para a marca. O prazo de entrega dos trabalhos é até 28 de Fevereiro e o lançamento deverá ocorrer em Junho.
A organização pretende que sejam apresentadas propostas arrojadas e inovadoras. Entre as ideias a desenvolver estão produtos como individuais de mesa, separadores de livros, aventais, t’shirts, porta chaves, canetas, cartões de visita, sacos, imãns, entre outras.
Este concurso também irá ajudar a dar a conhecer as cutelarias até a nível local. “Dentro dos próprios concelhos conhece-se pouco este sector e a qualidade que existe”, faz notar Miguel Alves.
Também em curso está a realização de entrevistas e a recolha depoimentos para manter um registo da memória ligada ao sector, dando a conhecer quem fez e faz e quais os processos e técnicas utilizadas. “As regiões sem memória terão mais dificuldades em ter um bom futuro”, faz notar o responsável.

Um canivete para o Oeste

O núcleo também desafiou a turma de Design de Produto da ESAD a desenhar um canivete que representasse o Oeste. Foram apresentadas 43 propostas e, neste momento, seis modelos finalistas foram escolhidos pelos empresários do sector. Agora os alunos vão desenvolver os protótipos com o cuteleiro Carlos Norte, na oficina do Lombo do Ferreiro, nas Relvas.
Este ano será lançada nova edição do concurso que deverá ter âmbito nacional.