Balbino & Faustino, Lda. abriu instalações nos Estados Unidos

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Gazeta das Caldas
As novas instalações da empresa alcobacense no concelho de Castelo Branco | D.R.

A Balbino & Faustino, Lda. instalou uma filial em Ohio (Estados Unidos da América), cuja operação se iniciou em Setembro deste ano. A presença física em solo norte-americano cumpre uma função estratégica de expansão da empresa, tanto para novos mercados como para novos produtos. A empresa alcobacense, que trabalha na área das madeiras, também abriu novas instalações em Castelo Branco, aumentando a cobertura do território nacional.

A relação comercial da Balbino & Faustino com o mercado norte-americano é quase tão antiga como a própria empresa. É deste país que são originárias várias das espécies de árvore que servem de matéria-prima para os seus produtos. “Já tínhamos pessoas lá a comprar, numa base praticamente mensal, madeira maciça ou folha de madeira”, conta Marco Faustino, responsável pela produção da empresa, à Gazeta das Caldas. “As principais espécies que estão na moda em todo o mundo provêm desta zona do globo e portanto é aí que temos que ir buscar matéria-prima”, acrescenta.
A presença física da empresa em solo norte-americano justifica-se pela dimensão e características daquele país enquanto mercado. O processo demorou cerca de um ano, entre o tratamento da parte burocrática, como autorizações estaduais, constituição de contas bancárias, de número de segurança social, da nova empresa (Balbino & Faustino USA, Inc.), até ao aluguer do espaço de armazém e a contratação de pessoal.

Nas instalações de Granville, Ohio, a empresa compra e vende produtos para a sua operação nos Estados Unidos. Serve também de entreposto, tanto para a matéria-prima que vem para ser transformada em Portugal, como para produtos que a casa mãe exporta para aquele país. “Ter uma empresa lá permite-nos uma série de operações que até agora não era possível, ou por questões legais ou logísticas”, realça Marco Faustino, acrescentando que não fazia sentido trazer produto para Portugal para depois o voltar a vender para o país de origem.
O empresário diz que a estrutura é ainda “modesta”, mas acredita que “tem potencial de crescimento”. A Balbino & Faustino USA, Inc. é composta pelo armazém e dois colaboradores contratados, que tratam da separação e distribuição de produto, e do stock de orlas prontas.
Toda a gestão é feita a partir da sede, no Casal da Areia, concelho de Alcobaça. “Temos a vantagem de poder trabalhar muitas coisas online”, refere Marco Faustino. Recepção e tratamento de e-mails, a operação do programa de gestão e contabilidade e até o atendimento telefónico são feitos em Portugal.
Marco Faustino diz que a empresa está ainda numa fase preliminar da sua operação, mas acredita que dentro de um ano estará estável e em franco crescimento, num mercado que tem um potencial muito grande.

OBJECTIVO É CRESCER

A presença mais efectiva num mercado como o dos Estados Unidos é fácil de explicar para o empresário: continuar a expandir-se.
“É impossível crescer as vendas à taxa que queremos trabalhando exclusivamente nos mercados onde já estamos, por isso ou criamos novos produtos ou entramos noutros mercados”, explica.
A Balbino & Faustino apostou em ambas as soluções. Ao nível dos mercados, a empresa cresceu também em Portugal com abertura de novas instalações em Castelo Branco. Se o investimento nos EUA foi “pouco significativo”, para se fixar no interior português a empresa investiu cerca de 200 mil euros. Esta nova localização permitiu, com o reforço do número de vendedores de 14 para 16, ter uma presença mais efectiva no interior do país, entre Viseu e Évora, onde antes tinha apenas alguns clientes dispersos.
As novas instalações irão permitir, no futuro, avançar para Espanha como mercado de proximidade. “Contamos crescer aí no curto prazo, numa zona mais fronteiriça, através dos armazéns do Algarve, Castelo Branco e Paços de Ferreira”, revelou Marco Faustino.
A nível de produto a empresa está a apostar em novas áreas, nomeadamente da decoração. “Mantemos as propostas mais tradicionais, que são muito importantes para nós, mas completámos a gama com produtos diferenciadores, mais caros mas com valor acrescentado, por terem menos concorrência”, adianta Marco Faustino.
Em 2017 o volume de vendas subiu cerca de 8%, para perto dos 40 milhões de euros. A perspectiva para 2018 era de crescer 5%. “Temíamos que este ano a economia tivesse uma regressão, mas neste momento estamos claramente acima disso, o que mostra que a nossa estratégia era adequada”, afirma.
Além do investimento em produto e novas instalações, a Balbino & Faustino tem igualmente investido na modernização das suas linhas de produção. Este ano já adquiriu equipamento no valor de meio milhão de euros, com o intuito de melhorar a produtividade.
“Estamos a competir com mercados onde a mão-de-obra é muito mais cara, mas onde as empresas conseguem ter preços mais baixos que os nossos, e isso deve-se à rentabilidade e à capacidade produtiva”, explica Marco Fustino.
Os novos equipamentos para produção de orlas de madeira permitem processar 40 metros de produto por minuto, contra os 13 metros de capacidade dos equipamentos anteriores, e ao mesmo tempo ter ganhos na utilização da matéria-prima, com menos desperdício.

FALTA MÃO-DE-OBRA

A Balbino & Faustino emprega actualmente 220 pessoas, número que continua a crescer, pese embora as dificuldades que tem encontrado para recrutar pessoal.
“É uma tarefa muito difícil, abrimos processos de recrutamento que ficam desertos, sobretudo para funções mais operacionais – de armazém e movimentação de mercadorias – e não é um problema daqui, é em todo o país e em todos o sectores de actividade”, realça o Marco Faustino.
O empresário diz que nota, de há três a quatro anos a esta parte, uma mudança de paradigma no mercado de trabalho. “As pessoas não querem um compromisso, querem ter novas experiências, o que até é positivo, mas já não existe aquela imagem do emprego para a vida”, observa. Isso leva a que os empresários tenham que pensar em modos de valorizar os seus recursos humanos e de tornar os postos de trabalho mais atractivos. No entanto, admite que a mão-de-obra será um problema grave no país a curto ou médio prazo.