Bordallo Pinheiro lamenta que contrafação das peças seja constante. Acontece a nível internacional e no mercado interno e prejudica a marca
A estilista norte-americana Tory Burch continua a ser alvo de críticas. Primeiro, “imitou” a camisola típica da Póvoa de Varzim e agora a polémica prossegue com loiça Bordallo Pinheiro, pois vende no site peças similares e muito mais caras do que aquelas que se produzem na fábrica das Caldas. O administrador da Bordallo, Nuno Barra, explicou à Gazeta das Caldas que provar que são cópias “não são processos fáceis, pois cada mercado tem a sua legislação”, mas frisa que este tipo de situações têm de ser analisadas “caso a caso” e é necessário ver “qual é a melhor forma de reagir”. Todos os anos, a fábrica cria novas peças e “todos os anos aparecem cópias”, disse o administrador. Algumas são desenvolvidas ao longo de vários meses e, assim que são postas no mercado, “aparecem peças muito similares…”
A nível internacional, as cópias surgem pontualmente, não só com a marca Bordallo, mas também outras do mesmo grupo como da Vista Alegre. “Basta espreitar o Ali Baba para ver as várias cópias das nossas coleções que vão surgindo, referiu o responsável. No entanto, para Nuno Barra, o maior problema está no mercado interno onde “as cópias estão a prejudicar gravemente a marca”.
A Bordallo já apresentou uma queixa à ASAE e ao Ministério Público, nas Caldas, em janeiro de 2020 e ainda não teve “qualquer retorno”. A marca apela a que estas entidade possam agir, pois “os próprios retalhistas com quem trabalham “sentem-se defraudados”. Alguns acabam por ceder, vendendo peças de marca com outras de não marca, muito mais baratas. “Isto cria aspetos negativos para a marca e na nossa relação com o retalho”, explicou.
Além do impacto económico, Nuno Barra considera que há um sentimento de “impunidade” que impera entre quem copia as peças. “É sempre aborrecido o que se passou com a designer norte-americana, mas é muito pior o que se passa dentro de portas e que contribui para o desgaste das marcas”, disse o responsável, acrescentando que “há, neste momento, empresas nacionais que vivem da contrafação feita em países asiáticos e que são reintroduzidas no mercado nacional”.
Para a reabertura da economia, a fábrica caldense vai lançar uma nova peça de um designer internacional – uma série limitada – que se segue à peça de Vihls, que já se encontra esgotada e terá nova edição. O designer convidado já trabalha com várias marcas de luxo.
Apesar da pandemia, a faturação da Bordallo Pinheiro, em 2020, chegou aos 7,3 milhões de euros. Segundo Nuno Barra, a marca mantém a estratégia de se tornar “global”. A Bordallo manteve as lojas em Paris e em Madrid. ■