Caldas da Rainha tem 2 milhões de euros do PRR para digitalizar o comércio

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Projeto dos Bairros Comerciais Digitais terá marketplace que replica online a experiência de comprar no comércio tradicional. Cacifos inteligentes vão permitir levantar as compras e será disponibilizada informação de estacionamento

Caldas Rainha tem duas candidaturas aprovadas que totalizam investimentos de 2 milhões de euros do PRR para a digitalização do comércio. A maior fatia cabe ao projeto Bairros Comerciais Digitais, iniciativa do município caldense que totaliza 1,5 milhões de euros. Os restantes 500 mil euros são para uma candidatura da ACCCRO – Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste ao programa Aceleradoras de Comércio Digital (ver página 3).
O centro das Caldas da Rainha vai tornar-se um Bairro Comercial Digital. A Câmara das Caldas da Rainha, em consórcio com a ACCCRO e a AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste, é uma das 65 entidades que viram aprovadas candidaturas ao programa inserido na dimensão da transição digital, empresas 4.0 do Plano de Recuperação e Resiliência.
“O comércio eletrónico está a colocar desafios ao comércio tradicional, que é das principais características das Caldas da Rainha. Havia necessidade de apoiar as nossas empresas a dar um salto qualitativo nessa área, que é muito difícil de dar quando são pequenos negócios”, explica Vítor Marques, presidente do município caldense.
O projeto caldense abrange, de grosso modo, o centro da cidade, num triângulo entre os três parques de estacionamento subterrâneos municipais – nas praças 5 de Outubro e 25 de Abril e o CCC -, numa área onde estão sediados cerca de 500 negócios.
O projeto assenta, principalmente, em três grandes áreas. Uma delas é a criação de um marketplace (mercado digital) que vai alojar a versão online das lojas aderentes. Neste marketplace, que numa primeira fase está dimensionado para alojar 150 lojas, o que se pretende é “criar uma experiência idêntica à realidade de rua” para os consumidores, realça Vítor Marques. O espaço virtual estará organizado por lojas, “porque temos lojas com identidade, que queremos preservar”, acrescenta o edil caldense. Os comerciantes, que não têm que fazer investimento para integrar a plataforma, só terão que fazer a gestão dos seus espaços, nomeadamente controlar os stocks e as transações.
Embora este espaço de comércio online abra as lojas caldenses ao mercado global, abre também novas possibilidades aos clientes locais. Para tal, o projeto inclui a implementação de dois espaços com cacifos partilhados inteligentes, um deles refrigerado para permitir o comércio online de produtos frescos, incluindo os da Praça da Fruta e do Mercado do Peixe.
“Há um desfasar da experiência de consumo. Há quem faça as compras online por não ter disponibilidade de tempo para ir às lojas, ou à Praça. Esta solução permite realizar a encomenda, fazer o pagamento e receber um código para levantar a encomenda nestes cacifos”, explica Vítor Marques.
Parte do investimento reflete-se na identificação urbanística do próprio bairro de comércio digital, com sinalética, novas estruturas urbanas, como pilaretes, totem’s, ou sinalização das lojas. Para tal, vai ser também criada uma marca que irá identificar não um bairro, mas toda a cidade, Caldas da R@inha, “porque o nosso foco continua a ser uma cidade de comércio”, sublinha o presidente da Câmara das Caldas.
Outra parte importante do projeto será relacionada com o estacionamento, uma das lacunas com mais frequência identificadas na experiência de comprar nas Caldas da Rainha. Integrado no programa, o município irá substituir o sistema informático dos seus três parques de estacionamento, de modo a poder comunicar o número de lugares disponíveis. “Os sistemas atuais são antigos, têm essa informação, mas não permitem extraí-la para a comunicar”, explica Vítor Marques, adiantando que serão colocados, pelo menos nas entradas norte e sul da cidade, painéis informativos com o número de lugares disponíveis nos três parques de estacionamento.
Ainda como parte deste programa, serão identificadas bolsas de estacionamento nas imediações do bairro comercial digital, que serão monitorizadas através de sensores, de modo a identificar mais lugares de estacionamento disponíveis na cidade. Esses lugares poderão ser comunicados, no futuro, através de aplicações móveis.
Para gerir o projeto, o autarca refere que será criada uma equipa de gestão entre o município, a ACCCRO e a AIRO, que irá dinamizar o projeto com atividades e ações de promoção.
Aprovada a candidatura, o projeto passa agora para a fase de implementação. O próximo passo será garantir a adesão dos comerciantes. “Com as associações empresariais como parceiros, rapidamente chegamos ao tecido empresarial”, refere Vítor Marques, acrescentando que o projeto não é exclusivo para empresas localizadas no espaço físico do bairro, está acessível a espaços comerciais de outras zonas da cidade.
O projeto, que prevê investimentos que rondam os 1,5 milhões de euros, é financiado a 100% pelo PRR. Vítor Marques sublinha que esta “não é uma candidatura para o município, mas para os comerciantes”, e acrescenta que o objetivo não é “tirar as pessoas da rua, o que queremos é que as lojas não percam este espaço virtual”. ■

 

ACCCRO garante meio milhão das aceleradoras do comércio digital

Cheques valor apoiam na transição digital

A ACCCRO, que é parceira da Câmara das Caldas no projeto dos Bairros Comerciais Digitais, também viu ser aprovada uma candidatura ao programa Acelerar2030, no âmbito das aceleradoras do comércio digital, liderado pelo Conselho Empresarial do Centro e pela Câmara do Comércio e Indústria do Centro.
O projeto que a associação caldense integra tem como co-promotora a ACIRO – Associação Comercial e Industrial da Região Oeste, de Torres Vedras, e garantiu um financiamento de 1 milhão de euros no âmbito do PRR, a repartir de forma equitativa pelas duas associações.
No Oeste, o projeto tem uma abrangência de cerca de 1200 empresas, das quais 600 sob alçada da ACCCRO. A verba será distribuída pelas empresas através de entrega de cheques valor para financiamento de serviços com vista à modernização tecnológica e estímulo à transição digital.
Luís Gomes, presidente da ACCCRO, refere que os dois projetos são complementares. “Têm o mesmo objetivo, que é o de trazer melhorias para o comércio, dar às empresas oportunidade de lançar a sua presença online, para chegar a mais clientes, numa lógica de complemento de negócio”, realçou.
Tal como no projeto dos Bairros Digitais, também o projeto Acelerar2030 entra na fase de comunicação às empresas. Luís Gomes realça que este programa já propiciou a criação de três postos de trabalho na associação, de modo a garantir a gestão da execução do projeto.
O presidente da ACCCRO realça que este é, também, um “momento de afirmação” para a própria associação, mais conotada com a realização de eventos, como o de Natal. “Este é um dos maiores projetos a nível financeiro que a ACCCRO alguma vez movimentou na sua história, que foi possível por termos uma boa gestão e contas certas”, nota, acrescentando que, “com isto podemos contribuir para ajudar os nossos associados e as nossas empresas”. ■