A autarquia de Alcobaça deu o “sim” que faltava para que os trabalhos de porspecção de gás natural que a Mohave Oil and Gas Corporation quer fazer na cidade, junto à VCI (na zona da Quinta do Telheiro), pudessem avançar.
A luz verde, aprovada por unanimidade na reunião do executivo camarário do passado dia 16 de Abril, surge três semanas depois de a empresa norte-americana ter garantido, numa sessão de esclarecimento pública, que os trabalhos não comprometiam a segurança de pessoas e bens.
A Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) já tinha autorizado os trabalhos e até o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) se tinha mostrado descansado quanto ao facto de o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça distar apenas 750 metros do local escolhido para a perfuração.
Mas a autarquia quis mas explicações e decidiu consultar a Administração Regional Hidrográfica de Lisboa e Vale do Tejo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e o Instituto da Água. Na ausência de pareceres desfavoráveis, o executivo finalmente aprovou os trabalhos.
A Mohave Oil and Gas Corporation deve agora contactar todos os residentes na área onde vão decorrer as prospecções e iniciar a instalação da plataforma necessária à perfuração que vai superar os três mil metros de profundidade e deverá decorrer 24 horas por dia, ao longo de quatro meses. A perfuração vai confirmar, ou afastar, a expectativa de encontrar no subsolo da cidade de Alcobaça “reservatórios com áreas da ordem de 1.100 hectares com volumes potenciais de 5 a 6 mil milhões de metros cúbicos de gás”, decorrente do trabalho de prospecção realizado no perímetro urbano em 2011, conforme explicou a 26 de Março o geólogo da empresa, Rui Vieira.
Estes valores, a confirmarem-se, podem “representar uma produção de dois milhões de metros cúbicos por dia ao longo de oito a dez anos”, acredita Rui Vieira.
Em comunicado, a Câmara de Alcobaça diz que “todos os trabalhos com impacto no subsolo decorrentes da instalação da plataforma temporária deverão ser acompanhados arqueologicamente por um profissional à designação do IGESPAR”. Uma cautela que se justifica dada a proximidade do mosteiro que é Património da Humanidade.
A autarquia acrescenta ainda que “durante todo o processo, caberá à Direção-Geral de Energia e Geologia o acompanhamento e fiscalização” das actividades da Mohave, assegurando o cumprimento “das obrigações legais e contratuais decorrentes da concessão que lhe foi atribuída”.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt