Nasceu uma nova marca de vinhos na região. Criados em Montes (Alcobaça), por um casal obidense, os Vinhos Espera foram apresentados no Céu de Vidro das Caldas, no sábado, 20 de Outubro. Tratam-se de vinhos de nicho, tendo sido feitas 4400 garrafas numeradas, de tinto, branco e rosé. O futuro passará por uma aposta nos D.O.C. Óbidos.
O casal obidense Rodrigo Martins e Ana Leal apresentou a sua marca de vinhos Espera no Céu de Vidro, na tarde de sábado passado. Trata-se de um projecto familiar, que pretende fazer em Montes (Alcobaça) vinhos de nicho.
Dos perto de três hectares de vinha saíram 4400 garrafas numeradas de vinho regional de Lisboa (1100 de branco, 1100 de rosé e 2200 de tinto). O tinto é um monovarietal de Castelão, da colheita de 2014. Do mesmo ano é o branco, que reúne as castas Fernão Pires e Arinto. Já o rosé (um monocasta touriga nacional) é de 2017.
O nome Espera tem um duplo sentido. Por um lado, como o casal não depende financeiramente deste projecto (ambos têm o seu trabalho), podem fazer o estilo de vinho que mais gostam e lançá-lo apenas quando sentem que estão no ponto certo. Por outro lado, o termo Espera remete para a viticultura porque é usado para descrever um processo da poda.
O branco e o tinto custa perto de 15 euros a garrafa e o rosé ronda os 9 euros.
Neste momento os vinhos Espera podem ser adquiridos no Estado Líquido e nos restaurantes com quem a marca trabalha, que são, para já, apenas o Maratona, Taberna Marginal e Casa Antero. Foram estes os responsáveis pela comida que acompanhava os vinhos na apresentação.
Ao som da música de um DJ, com as paredes decoradas com fotografias ligadas ao vinho e à vinha, Rodrigo Martins contou a história da criação da marca, que não tem uma quinta ou uma família com nome da área dos vinhos. “Tivemos de ser criativos”, conta, elogiando o design concebido pela esposa, Ana Leal.
Com o surgimento da marca Espera foram criados dois postos de trabalho permanentes, um na adega e vinhas, outro na parte comercial. A vindima é feito pela família e por amigos e rapidamente se juntam 40 pessoas.
Rodrigo Martins formou-se em Engenharia Agronómica no ISA (Lisboa) e começou a trabalhar na Associação de Agricultores da Região de Alcobaça em 2004, iniciando ali o departamento de viticultura (a associação dedicava-se apenas à fruticultura).
Em 2006 faz o mestrado em Viticultura e Enologia (também no ISA). O primeiro emprego como enólogo foi na Adega Cooperativa de Alcobaça, onde ainda trabalha. Em 2013 funda a empresa Authentic Wines, para distribuir os vinhos feitos nas empresas onde trabalha.
É em 2014 que surge a possibilidade de fazer o seu próprio vinho. Alberto e Rita Fialho, um casal septuagenário dos Montes (Alcobaça), pediu-lhe ajuda para assumir as vinhas plantadas dez anos antes e assim foi.
Além de continuar a vertente de bag-in-box, que já existia na adega, bem no centro da aldeia, procurou criar uma marca de engarrafados, o que aconteceu agora, quatro anos depois.
O futuro da marca passa por uma aposta também nos vinhos D.O.C. Óbidos. “Sendo naturais de Óbidos, temos o objectivo de ter uma ou duas vinhas no concelho”, confessa.