A empresa caldense, que actualmente pertence à Imagens Médicas Integradas, S.A. e é administrada a partir de Lisboa, é uma referência na região em Imagiologia (TAC, ecografia e ressonância magnética) e assim pretende continuar através de uma permanente aposta em meios tecnológicos de ponta e num corpo clínico muito especializado.
Durante este quarto de século a empresa tem tido uma relação próxima com o Montepio, que se pode prolongar com um possível centro de Imagiologia no novo hospital daquela associação nos edifícios da EDP.
Corria o ano de 1992 quando a Cedima foi criada, mas a génese da empresa remonta a 12 anos antes. Esse trabalho foi iniciado pelo médico Francisco Rita em 1980, quando foi instalado na Casa de Saúde do Montepio Rainha D. Leonor a técnica de ecografia geral. O serviço foi ampliado em 1987 com a instalação de um aparelho de Tomografia Axial Computorizada (TAC). Esta foi uma das primeiras unidades de Imagiologia Diagnóstica fora dos grandes centros médicos do país pois até à data esta tecnologia só existia praticamente em Lisboa, Porto e Coimbra.
A associação de mais dois médicos a estes serviços, António Dias (actual director clínico) e José Encarnação, ampliaram a actividade dessa unidade, o que conduziu à criação da empresa.
“Havia muito pouca coisa na altura, fomos pioneiros em Imagiologia, pelo menos aqui na zona Oeste fomos a locomotiva para as novas tecnologias”, recorda António Dias.
A empresa tem na sua origem uma estreita ligação, embora sempre com administrações autónomas, com o Montepio Rainha D. Leonor. Relação que o director clínico caracteriza como um “casamento feliz”, que se mantém mesmo com as mudanças na direcção daquela associação mutualista e a posterior aquisição da Cedima pela Imagens Médicas Integradas, em 2005.
“A equipa manteve-se a mesma e nada se alterou com a venda. Há uma grande confiança e equilíbrio na relação entre as duas entidades”, reforça António Dias.
De resto, a Cedima está por dentro do processo de mudança da unidade hospitalar do Montepio para os edifícios da EDP e deverá acompanhá-la. “Há conversações nesse sentido”, diz o director clínico da Cedima, acrescentando que a mudança será uma oportunidade para se renovar equipamento e melhorar as condições de atendimento, que foi uma das razões para que a empresa optasse por ter instalações próprias.
“Hoje há uma componente hoteleira nos serviços médicos, criada pelas novas clínicas. Atendemos pessoas com muita idade, 85 ou mesmo 90 anos, e é preciso que haja condições de habitabilidade e uma relação entre médico e utente pois não pode ser estar só ali atrás do ecrã”, sublinha o médico.
INFLUÊNCIA CRESCENTE
A Cedima não se ficou, porém, pela colaboração com o Montepio. Expandiu a operação a vários hospitais no distrito de Leiria, tanto na sede do distrito como em Peniche, Alcobaça, Nazaré e no hospital das Caldas, através do suporte de exames de ecografia e TAC. E estendeu-se para lá dos limites do distrito, nomeadamente a Torres Vedras e Santarém.
Em 1996 a Cedima ganhou o concurso público para instalar a primeira máquina de TAC no Serviço de Imagiologia do Hospital de Santarém, em regime de exploração privada, que mais tarde se alargou à gestão dos quartos particulares. “Terá sido a primeira parceria publico-privada”, observa António Dias.
Nesse mesmo ano a empresa sentiu necessidade de ter instalações próprias. O espaço que tinha no Montepio estava esgotado e era necessário um aparelho de ressonância magnética. A empresa abriu então um novo espaço na Rua Capitão Filipe de Sousa, que albergou ainda um segundo aparelho TAC e um terceiro ecógrafo. Em 2003 estas instalações foram mudadas para as actuais, na Rua 31 de Janeiro, concebidas especialmente para a actividade da empresa.
Dois anos depois, a Cedima foi adquirida pela Imagens Médicas Integradas. “Fomos comprados, mas ficámos cá, nada mudou”, salienta António Dias.
A integração neste grupo, que gere vários centros de diagnóstico deste tipo em Lisboa e Coimbra, permitiu alargar os meios de diagnóstico sem forçar o investimento em aparelhos que não poderiam ser rentabilizados localmente.
“Equipamentos como uma coronariografia só faz sentido numa grande cidade pois se o adquiríssemos para aqui iríamos fazer muito poucos exames”, explica António Dias. Deste modo, na mesma rede é possível despistar outros problemas com os aparelhos de que o centro caldense não dispõe, mas que a empresa mãe tem.
Quando é necessário recorrer a outro tipo de meios de diagnóstico “referenciamos a unidade e o médico adequados para os exames que não podemos fazer”, completa.
António Dias acrescenta que o que lhe dá maior prazer é perceber que o centro caldense conseguiu manter “ao longo dos anos um nível de qualidade de prestação de serviços de que não nos envergonhamos”.
O especialista acredita que a evolução destes meios de diagnóstico não invasivos contribuem de forma significativa para o aumento da esperança de vida dos utentes. As intervenções que resultam dos diagnósticos permitem uma intervenção orientada em cirurgia “que é muito diferente de abrir o paciente e fazer navegação à vista”, realça.
MAIS DE 80% DO NEGÓCIO VEM DO ESTADO
O volume de negócios tem-se mantido estável, ligeiramente acima de um milhão de euros por ano nos últimos anos.
A empresa faz cerca de 100 mil exames por ano, a maioria dos quais são ecografias. António Dias realça que o número de exames anual já foi muito maior, quando o hospital das Caldas não dispunha de um aparelho de TAC. “Era uma loucura, assegurávamos a maioria do serviço, mas tínhamos que dar resposta no dia. Foi um esforço titânico, a trabalhar 16 horas por dia e a fazer preços muito baixos”, recorda António Dias. Hoje acredita que o número de exames que são feitos é o ideal.
A maior fatia do negócio da Cedima está na relação directa e indirecta com o Estado. Grande parte dos exames é suportada pelo Serviço Nacional de Saúde. A relação com as entidades públicas estende-se à ADSE, aos subsistemas para as forças militares e alguns serviços solicitados pelo Centro Hospitalar do Oeste. No total, estas receitas representam mais de 800 mil euros por ano, entre 80 a 90% do total de vendas.
Esta dependência influenciou negativamente o volume de negócios nos últimos anos, desde o resgate financeiro do país pela troika, em 2011. “Temos tido uma grande resiliência à grande pressão de redução de preços, que levou à redução de margens”, refere Eduardo Moniz, administrador da Cedima.
O administrador destaca, no entanto, que “graças à dedicação de toda a equipa, temos conseguido manter um nível adequado de rendibilidade, que permite que se vão fazendo alguns investimentos”.
No ano passado a firma investiu 172 mil euros num mamógrafo digital e 105 mil euros num ecógrafo, ambos topo de gama. Já antes tinha investido no alargamento dos serviços, iniciando-se nos exames de cardiologia, como mapas, holter, e electrocardiograma. E Eduardo Moniz adianta que nos próximos anos é possível que o investimento na actualização de equipamentos continue.
Estes aparelhos representam investimentos pesados. Um aparelho de TAC de 64 cortes – que obtém imagens mais pormenorizadas que aparelhos com menos cortes, ou camadas – pode custar entre os 300 e os 400 mil euros. Ao investimento inicial junta-se a factura de manutenção, que também é onerosa. “Optamos por fazer a manutenção directamente com os fabricantes pois assegura longevidade das máquinas e qualidade do diagnóstico”, sustenta Eduardo Moniz.
Os recursos humanos são a principal rubrica da estrutura de custos. A empresa tem 18 trabalhadores no quadro, que desempenham funções operacionais e de coordenação. Os gastos com o quadro representam 25% da despesa anual. A estes juntam-se seis técnicos e cerca de 20 médicos em regime de prestação de serviços nas diversas áreas de especialização, que representam 40% do orçamento. Os técnicos e os médicos recebem uma percentagem dos exames que realizam, que varia consoante o tipo de exame e a entidade que o solicita.
“Trazer médicos de muita qualidade, que têm o seu consultório e oportunidades em Lisboa e Coimbra, para um pequeno centro de diagnóstico como a Cedima faz com que custo seja um pouco mais alto”, refere Eduardo Moniz.