CENCAL tem 5,5 milhões de euros para se modernizar

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Ana Bica, diretora do CENCAL, junto das três impressoras 3D direcionadas para a cerâmica que a instituição já recebeu

Projeto financiado pelo PRR inclui requalificação do edifício sede nas Caldas da Rainha e aquisição de equipamento tecnológico

O CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, é uma referência nacional na formação para as indústrias da cerâmica e do vidro e vai dar passos fundamentais para continuar a sê-lo no futuro. A instituição está a realizar um plano de investimento de 5,5 milhões de euros, apoiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para se projetar no futuro e continuar a atrair jovens para estas indústrias.

Com um apoio de 4,4 milhões de euros, o projeto do CENCAL é o de maior dimensão no âmbito do PRR nas Caldas da Rainha e vai permitir à instituição renovar o edifício sede e atualizar os equipamentos que servirão de apoio à formação nos seus três polos (Caldas, Alcobaça e Marinha Grande), mas também realizar serviços para empresas.

“É um investimento que nos vai permitir ficar na primeira linha da formação, a par das empresas com capacidade para terem mais meios tecnológicos”, afirma Ana Bica, diretora do CENCAL, à Gazeta das Caldas.

A modernização dos meios vai permitir à instituição recrutar mais jovens para estes setores, acredita Ana Bica. “Atualmente estamos a trabalhar, principalmente, com jovens desempregados até aos 30 anos, os chamados cursos EFA. São pessoas que, muitas delas, têm formação superior e procuram outras vias profissionais na cerâmica e no vidro. Para as atrairmos precisávamos de ter equipamentos tecnológicos de topo”, explica.

Ana Bica realça que o CENCAL foi criado em 1981 e instalou-se no atual edifício, nas Caldas da Rainha, em 1984, mas estagnou tecnologicamente nessa altura. “Os equipamentos são caros e não tínhamos financiamento. Tínhamos necessidade de nos modernizarmos, mas o Estado não estava sensível para essa necessidade e também não tínhamos capacidade para adquirir equipamentos que custam valores idênticos ao nosso orçamento anual”, refere.

Mas a oportunidade surgiu através do PRR. “O Instituto de Emprego e da Formação Profissional, que nos tutela, perguntou aos centros de formação o que precisavam, e aprovou tudo o que pedimos”, conta Ana Bica.

O plano de investimentos já foi iniciado, através da aquisição dos equipamentos que já estão nas instalações, que já estavam preparadas para os receber. Nas Caldas da Rainha, os formandos de cerâmica já estão a trabalhar com as novas impressoras 3D, que permitem fazer prototipagem de todo o tipo de peças. Uma delas faz impressão em barro, outra em plástico e a outra a partir de pó de gesso. Foi também já adquirido um braço robótico, que permite desenhar, ou digitalizar, diretamente em CAD 3D.

O CENCAL já recebeu, também, novos equipamentos para o curso de fotografia e multimédia, como impressoras para trabalhos publicitários e marketing, e ainda impressão 3D, iluminação para fotografia, novas câmaras e tripés. Os cursos de CAD já contam com novos quadros interativos conectáveis e de alta resolução, assim como paletas de desenho. Também já avançou a instalação de um novo laboratório técnico cerâmico.

Para o polo de Alcobaça, todo o plano de investimento já está executado. Os investimentos contemplam, ainda, o polo da Marinha Grande, que entre outro equipamento, vai ficar dotado de um novo forno para indústria vidreira que poderá operar a hidrogénio e que vai permitir uma maior janela de utilização do que os que a instituição tem atualmente em funcionamento.

O plano de investimento passa também pela requalificação do edifício sede nas Caldas da Rainha, que consumirá 1,1 milhões de euros do orçamento. Esses trabalhos passam pela construção de novos blocos, que vão receber novas salas de formação, permitindo realocar o espaço no edifício central a novos laboratórios, com o equipamento de maior dimensão que só poderá chegar depois da obra concluída. “Já submetemos o projeto e estamos à espera das autorizações da Câmara das Caldas da Rainha”, refere Ana Bica, que espera poder iniciar os trabalhos ainda este ano.

“Vamos ter equipamentos que só grandes grupos económicos têm”, reforça Ana Bica, acrescentando que, além de serem utilizados na formação, vão permitir ao CENCAL vender serviços a empresas que não têm capacidade para ter estes meios tecnológicos.

Atualmente, o CENCAL já tem executados cerca de 600 mil euros e espera atingir os 800 mil euros de investimento até ao final de 2023.

O CENCAL prevê dar, este ano, formação a cerca de 4500 pessoas, dos quais 60% nas Caldas da Rainha, 30% em Alcobaça e 10% na Marinha Grande. Um número que poderá crescer com os novos meios, embora o principal enfoque seja manter a entidade como parceira de excelência da indústria na formação.