A aposta na produção de vinhos de qualidade no Oeste levou a que os vinhos certificados passassem de uma proporção de 31,9% do total para 82,8%. Torres Vedras, Alenquer, Cadaval e Lourinhã são os concelhos com maior produção
A produção de vinhos no Oeste, cujas marcas estão integradas nos Vinhos de Lisboa, tem oscilado nos últimos cinco anos entre os 855,6 mil hectolitros, registados na campanha de 2019/20, e os 1,05 milhões de hectolitros registados na campanha de 2017/18, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os 855,6 mil hectolitros produzidos no Oeste em 2019 significaram uma quebra de 14,5% em relação ao ano anterior, no qual se tinha atingido mais de 1 milhão de hectolitros. Esta quebra aconteceu em contraciclo com o verificado no país, que cresceu 7,7%.
Fatores como as condições climatéricas, que não são controláveis, contribuem para que haja uma oscilação natural na produção total. Contudo, há um indicador que permite medir com alguma exatidão o que tem sido a evolução desta fileira na região, não na quantidade, mas na qualidade. Esse indicador é o volume de vinho não certificado em relação ao total produzido.
A proporção de vinhos não certificados baixou de 60,8% para 17,2% na última década
No início da década passada, mais de metade dos vinhos produzidos na região não tinham qualquer tipo de certificação. O último ano em que a proporção de vinhos não certificados cresceu na região foi de 2009 para 2010, quando atingiu os 60,9% – ou seja, apenas 39,1% da produção da região tinha algum tipo de certificação. De lá para cá, este indicador tem vindo a decrescer de forma contínua, para atingir em 2019 o seu valor mais baixo de sempre: 17,2%.
Nesta última campanha cujos dados estão disponíveis, a maior parte dos vinhos produzidos no Oeste (77,5%) foram certificados com Indicação Geográfica Protegida (IGP). Os vinhos com Denominação de Origem Protegida (DOP) atingiram os 4,3%, enquanto os vinhos com indicação de casta, o nível de certificação mais baixo, corresponde a 1% da produção do Oeste. É também o valor mais elevado desde que estes dados são publicados pelo INE.
A produção de vinhos DOP nos concelhos do Oeste tem-se mantido em valores estáveis ao longo dos últimos anos. É nos vinhos IGP que a produção do Oeste mais tem buscado a sua valorização. O passo mais largo foi dado da campanha de 2012 para a de 2013, quando os vinhos IGP da região passaram de de 38,5% do total para 60,8%. A fasquia dos 70% foi atingida em 2016 e, no final da década, aproximou-se dos 80%.
Concelhos do sul dominam
Quanto à distribuição por concelhos, é no sul do Oeste que mais se produz. Torres Vedras garantiu em 2019 39,7% da produção de vinhos no Oeste, seguiu-se Alenquer (29,5%) e depois Cadaval (10,8%) e Lourinhã (10,2%).
Nos concelhos mais a norte, Caldas da Rainha contribuiu com 4,4% e Bombarral com 3,3% do total. Os restantes ficaram abaixo de 1% e Nazaré não tem produção.
Em comparação com o ano anterior, apenas três concelhos aumentaram a produção. Liderou em ganhos o Bombarral, que quase duplicou a produção de 2018, Lourinhã cresceu 10,1% e o Cadaval produziu mais 0,1%.
De observar ainda que Alcobaça é o concelho do Oeste que mais produz vinho DOP em proporção (13,4%), com o território intregrado na DOP Encostas de Aire. Seguem-se os concelhos de Arruda dos Vinhos (8%) e Alenquer (5,7%). Ambos os concelhos têm a sua própria DOP. ■