A FDO recusou à última da hora assinar o contrato que tinha pré-acordado com o empresário caldense João Santos (do grupo Luna Hotéis) para a venda do Hotel Lisbonense, tendo-o comunicado 24 horas antes da “inauguração simbólica” realizada no passado 15 de Maio. Ainda assim, nessa altura foi anunciado que o hotel deveria abrir dois meses depois. O presidente da Câmara das Caldas, Fernando Costa, já tinha conhecimento de que o negócio fracassara, mas nada disse, apesar de saber que dificilmente aquele prazo se concretizaria.
Por altura do 15 de Maio, a poucas horas da assinatura do acordo para a compra do Hotel Lisbonense por parte do empresário caldense João Santos (que detém hotéis em Fátima, Estoril, Setúbal, Luanda e vários no Algarve) o administrador da FDO, Ferreira Dias, telefonou-lhe para lhe dizer que o negócio, afinal, não se concretizaria.
Em causa estava a aprovação por parte do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) de um subsídio de 1,7 milhões de euros a atribuir à FDO destinado ao Hotel Lisbonense. Mas, em contrapartida, esta não poderia alienar directamente o imóvel, pelo que foi proposto a João Santos adquirir a própria empresa que é proprietária do hotel (e que por sua vez pertence ao grupo FDO).
O responsável da Luna Hotéis recusou. Não só por ser por um preço mais elevado, mas também porque seria obrigado a iniciar a exploração sem quaisquer garantias de vir a receber a água termal necessária para o spa.
Recorde-se que o negócio pré-acordado contemplava um período de arrendamento de 30 meses que seria concretizado em compra se a FDO conseguisse das autoridades o acesso às águas termais caldenses.
O valor inicialmente discutido para a compra do imóvel foi de 4,5 milhões de euros, obrigando-se o comprador a mobilar e equipar o hotel. Mais tarde, a FDO propôs vendê-lo por 5,5 milhões de euros, tratando esta do mobiliário e equipamento, situação que não agradou a João Santos, dado que é este que detém o know how da exploração hoteleira.
De acordo com o empresário, o rascunho para um acordo foi meticulosamente negociado, com vários avanços e recuos, fazendo apelo da paciência dos advogados das partes, uma vez que a FDO foi propondo sucessivamente várias alterações.
João Santos disse à Gazeta das Caldas que o rompimento do negócio ocorreu quando estava já combinado o “aperto de mão”, na véspera do 15 de Maio e que disso informou imediatamente o presidente da Câmara das Caldas através do seu secretário. Foi esse o motivo pelo qual não esteve presente nas Festas da Cidade.
Por parte da FDO, Ferreira Dias também não queria que se realizasse a pré-inauguração simbólica, mas a agenda política falou mais alto e esta acabou por concretizar-se nos moldes que são públicos (apenas com visita a um quarto e ao hall de entrada do hotel).
João Santos diz que o assunto para ele está “arrumado” e que a sua tentativa de juntar o Lisbonense ao seu grupo de hotéis era essencialmente afectiva, uma vez que é caldense e porque o presidente da Câmara o pressionara nesse sentido. “Ele andava entusiasmadíssimo e até foi por causa dele que avancei com o processo. E teria comprado o hotel como todo o gosto, mas não resultou”, contou o empresário.
Estes avanços e recuos acerca da abertura do Hotel Lisbonense têm vindo a degradar as relações entre a Câmara das Caldas e a FDO. Segundo apurámos, esta última nunca esteve realmente interessada no hotel, uma vez que o seu core business era o centro comercial, sendo a recuperação do Lisbonense uma contrapartida pela implementação do Vivaci.
As relações viria a azedar ainda mais quando a autarquia autorizou também a vinda de um shoping center da Sonae para a cidade (na zona do Centro de Saúde), projecto que entretanto ficou congelado por causa da crise. Nessa altura, a administração da FDO não gostou da ideia de vir a ter um concorrente de peso nas Caldas da Rainha.
A RESPOSTA DA CÂMARA
O gabinete de imprensa da Câmara das Caldas, em resposta a perguntas da Gazeta das Caldas, disse no início desta semana que “as últimas informações prestadas pela FDO, sem carácter oficial definitivo, é que já encontraram o grupo que vai explorar o hotel, em termos que desconhecemos, e que se trata de um dos grupos económicos mais prestigiados no ramo hoteleiro, com várias unidades em Portugal e no estrangeiro”.
Num mail enviado à nossa redacção, o município diz ainda que “a última informação que temos é que o Hotel vai abrir no próximo Outono”. E acrescenta: “Da nossa parte já deveria ter aberto”.
“Último trimestre de 2010” é a nova data de abertura
A FDO diz que “estão concluídas as negociações com um grupo hoteleiro de Lisboa para a exploração do hotel, estando a assinatura do contrato apenas dependente da obtenção das autorizações das entidades competentes em termos de licenciamento da unidade hoteleira”.
Num correio electrónico enviado pela Central de Comunicação (agência que trabalha com aquele grupo de Braga), o administrador Paulo Vaz Ferreira diz que o futuro operador “concluiu já o projecto de decoração, estando a proceder à aquisição do equipamento, mobiliário e decoração”.
A abertura do hotel está prevista para o “último trimestre de 2010”, sendo que a data precisa e o nome do operador só serão anunciados em Setembro.