Nos próximos anos o comércio enfrenta dois grandes desafios, da economia circular e digital. Esta a opinião do secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, que marcou presença no colóquio “Os desafios do comércio no século XXI”, que teve lugar no passado dia 2 de Julho no CCC.
Também presente, o presidente da OesteCIM, Pedro Folgado, destacou a importância que o sector tem na economia regional, apresentando um crescimento acima da média nacional.
“Este governo acredita no comércio local e de proximidade”, disse o secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, deixando uma mensagem de incentivo aos comerciantes para que acompanhem as transições que se prendem com a economia circular e digital.
O governante destacou algumas apostas que os agentes económicos estão a fazer no sentido da sustentabilidade ambiental e da poupança, como é o caso da venda a granel.
No que respeita à economia digital, João Torres considera que esta constitui uma “tremenda” oportunidade para os comerciantes e falou de alguns apoios estatais à sua disseminação. Um deles é o programa Comércio Digital, que pretende dar ferramentas e apoiar a digitalização de 50 mil pequenas e médias empresas no espaço de um ano e meio. Será disponibilizado um voucher que engloba a oferta de um endereço de correio eletrónico e um domínio para a construção de uma página na Internet.
“Estamos focados na economia circular e digital, mas tenho a certeza que comércio local e de proximidade tem o seu futuro assegurado no país”, salientou o governante, fazendo notar que é neste tipo de comércio que o consumidor encontra um serviço mais personalizado. Será por isso que há cada vez mais portugueses a fazer o caminho inverso ao que se registou na década de 90 até inicios deste século, de massificação e escolha dos centros comerciais.
Ainda assim, João Torres considera que há espaço para diferentes morfologias de comércio, desde as grandes superfícies, passando pelas feiras e mercados e comércio tradicional, até ao electrónico.
O projecto Lojas com História, que está a ser dinamizado pela OesteCIM, “merece uma grande consideração” por parte deste governo, que apresentou uma plataforma com o inventário nacional destes estabelecimentos comerciais.
O governante deixou palavras de encorajamento aos responsáveis do sector e referiu que o investimento realizado tem sido relevante para o crescimento económico do país, que “pelo terceiro ano consecutivo cresce acima da média da União Europeia”.
Reinventar o comércio tradicional
Em 2018 a região Oeste teve 84 PME Excelência, das quais 23% são da área do comércio. O dado foi avançado pelo presidente da OesteCIM, Pedro Folgado, que acrescentou que o sector do comércio e serviços representam 62% da actividade económica do Oeste.
No seminário “Os desafios do comércio no século XXI”, Pedro Folgado explicou que, entre 2015 e 2017, Portugal teve um crescimento de 8,1% neste sector, que foi ainda mais acentuado no Oeste, com 8,5%. Quando se fala em emprego na área do Comércio e Serviços, o Oeste volta a estar bem posicionado, com 14%, face à média nacional que foi de 10,4%.
Ainda tendo por base os anos entre 2015 e 2017, Pedro Folgado informou que, no que respeita ao volume de negócios dos estabelecimentos comerciais, a média de crescimento no país foi de 14,3% e, mais uma vez, suplantada pelo Oeste, que foi de 15,1%. Em termos absolutos, o volume de negócio de comércio e serviços em 2017 foi de 5,9 mil milhões de euros, representando 60% do volume de negócios total, que atingiu perto de 10 mil milhões de euros.
O presidente da OesteCIM defendeu um “reinventar” do comércio local, com um reforço entre o comerciante e o consumidor e o acompanhamento da revolução digital. “O comércio local para além da proximidade e atendimento personalizado, tem que também fazer alguma coisa no sentido da época digital”, disse, chamando a atenção para a necessidade de qualificação dos trabalhadores.
Pedro Folgado realçou ainda que esta é a única comunidade intermunicipal com Lojas com História, um projecto que considera importante para a região.
Inácia Caeiro, da Federação das Associações da Região Oeste (FAERO) salientou que estão interessados em saber mais e como fazer para mudar e estimular o comércio local. “O desgaste do comércio em função da fuga do consumidor para os grandes centros deixou-nos descapitalizados e a forma de o voltarmos a ser não é através de empréstimos e com dinheiro alheio, mas com o regresso do consumidor à nossa loja”, explicou.
O colóquio foi organizado pela OesteCIM em parceria com a FAERO – Federação das Associações Empresariais da Região Oeste.