A 17 de Março de 1987 abria no número 27 da rua Heróis da Grande Guerra, nas Caldas da Rainha, a loja Electrolíder e exactamente 25 anos depois, o aniversário foi comemorado com uma pequena celebração que juntou amigos e clientes.
O negócio foi criado pelos irmãos José e Filipe Ventura, agora com 59 e 63 anos, respectivamente, dedicando-se principalmente à venda de produtos de electrónica. O estabelecimento que abriram há 25 anos tornou-se um ícone do comércio de rua nas Caldas e principalmente deste sector.
Os dois sócios e irmãos especializaram-se num atendimento personalizado. “Sempre que alguém não sabe onde comprar um componente, por exemplo um cabo, vem à Electrolíder”, salientam os comerciantes.
José Ventura já trabalhava na área da electrónica e o seu irmão era funcionário da então Rol (onde trabalhou até se reformar), quando decidiram abrir o seu próprio estabelecimento, numa área em que quase não havia oferta nas Caldas da Rainha.
A partir daí foi um longo caminho, no qual foram fazendo várias alterações nos produtos que foram vendendo (sempre sem perder a especialização na electrónica) e criando novos espaços.A primeira loja abriu numa altura em que a informática ainda era uma área pouco desenvolvida, principalmente nas Caldas, e eram os antigos Spectrum (uma das primeiras consolas de jogos, com 48k de memória) as grandes estrelas das vendas. “Foi a grande loucura naqueles anos. Vendemos perto de mil unidades de Spectrums”, contou José Ventura.
A primeira assistência técnica que fizeram em informática foi a um computador que ainda usava fita perfurada. “Tivemos de fazer uma noitada para conseguir reparar aquilo”, recordou o comerciante.
Em 1998 alugaram um espaço ao lado da loja original (número 29), onde fizeram uma grande aposta na informática. Alguns anos depois compraram todo o edifício, que foi inteiramente recuperado. No mesmo local mantiveram o estabelecimento dedicado à electrónica durante algum tempo, mas acabaram por concentrar todos os serviços na loja que compraram.
Durante muitos anos apostaram na venda de material informática e computadores, mas em 2005 desistiram dessa área de negócio e continuaram apenas com o material electrónico e produtos na área da música. “Com o aparecimento das grandes áreas comerciais deixou de valer a penas pois as margens de lucro eram inexistentes”, disse José Ventura.
“As coisas foram evoluindo e as coisas têm-nos corrido bem, apesar de todas as vicissitudes que o comércio tem atravessado”, disse o empresário.
Para além da electrónica, a empresa Electrolíder Lda, trabalha na área da música e da automação industrial. “Colaboramos com várias empresas na região, na área da automação das máquinas. Elaboramos os projectos e depois temos um colaborador, que é free-lancer, que faz a parte mecânica”, explicou Filipe Ventura.
A empresa, que no ano passado facturou cerca de 250 mil euros, conta apenas com um funcionário (já chegou a ter dois) e é José Ventura quem passa a maior parte do tempo na loja.
Os dois irmãos fizeram questão de festejar o 25º aniversário, com uma pequena festa, onde não faltou música ao vivo. “É uma forma de lembrar às pessoas que ainda aqui estamos. Apesar de as coisas estarem difíceis, estamos a adaptarmo-nos aos tempos”, afirmou José Ventura, que acrescentou: “acabou o tempo de chorar, temos é de começar a vender os lenços”.
O empresário continua a acreditar na força do comércio das Caldas, mas lamenta que “da porta para fora (dos estabelecimentos) se faça um péssimo trabalho”. Na sua opinião, “estão a deixar morrer a cidade e não há atractivos para trazer pessoas às Caldas”.
O comerciante chamou a atenção para o facto do tecido económico caldense necessitar de pessoas que venham de fora e para isso é preciso dar motivos para que estas venham. “Noutros concelhos vemos essa capacidade, mas nas Caldas não”.
Pedro Antunes
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