Investimento de 107 milhões de euros na linha do Oeste só reduz em 17 minutos viagem entre Caldas e Lisboa

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O Estudo de Impacte Ambiental da modernização da linha do Oeste, revela que após o investimento previsto de 107 milhões de euros, o tempo de percurso entre Caldas e Lisboa será de 1 hora e 30 minutos quando nos anos 80 do século passado a média dos seis comboios mais rápidos entre as duas cidades rondava 1 hora e 47 minutos.
Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, disse à Gazeta das Caldas que o investimento é sobretudo importante no aumento da segurança e da frequência dos comboios. Quanto às velocidades, reconheceu que as projecções realizadas podem não ter sido as mais correctas, podendo a viagem entre Caldas e Lisboa ser bastante inferior a 1h30.
Já a CP diz que não foi ouvida nem achada neste processo.

O Estudo de Impacte Ambiental, que desde a semana passada pode ser consultado em www.participa.pt, refere que após a modernização a viagem entre Lisboa e Caldas demorará 1 hora e 30 minutos. Mas em 1988 já havia comboios que demoravam apenas 1 hora e 38 minutos entre o Rossio e Caldas da Rainha. A média das composições mais rápidas era de 1 hora e 47 minutos.
Na tabela ao lado o leitor poderá comparar as condições da linha do Oeste há 30 anos e as condições após a modernização. Como se explica que as velocidades não sejam maiores e que o tempo de percurso não se reduza significativamente?
O vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fernandes, reconhece que as simulações foram feitas para automotoras eléctricas da CP que datam do séc. XX e não teve em conta comboios mais modernos. Por isso, diz, é possível que o tempo de viagem entre Caldas e Lisboa venha a ser de 1 hora e 20 minutos.
Aquele responsável refere também que as futuras condições da linha permitirão uma maior cadência de comboios ao longo do dia e que grande parte dos 107 milhões de euros de investimento visam também a segurança (com a eliminação de 14 passagens de nível substituídas por pontes ou túneis), bem como a sustentabilidade ambiental e a descarbonização da economia ao substituir comboios a diesel por material eléctrico. Aliás, esta componente ambiental é fundamental para a obtenção de financiamento comunitário para o projecto.
Actualmente uma viagem de comboio entre Caldas e Lisboa demora entre 2 horas e 6 minutos a 2 horas e 38 minutos. Os preços oscilam entre 8,80 euros e 9,45 euros (curiosamente, quanto mais tempo demora a viagem maior é o seu preço).

DUPLICAÇÃO DE DOIS TROÇOS

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O Estudo de Impacte Ambiental revela que a modernização da linha do Oeste não se limita à electrificação. A via será duplicada numa extensão de dez quilómetros entre Meleças e Pedra Furada (dando continuidade à duplicação que já existia desde Lisboa a Meleças) e que haverá um outro troço duplicado entre a Malveira e a Sapataria ao longo de sete quilómetros. Desta forma, 20% da linha entre Meleças e Caldas ficará duplicada.
Está também prevista a construção de uma variante de dois quilómetros no Outeiro da Cabeça (concelho de Torres Vedras). O apeadeiro de S. Mamede (Bombarral) voltará a ser estação, ficando dotado de mais uma linha para ali se poderem fazer cruzamentos.
A sinalização electrónica vai permitir que todo o tráfego seja controlado à distância, a partir de Braço de Prata (Lisboa), não necessitando as estações de ficar guarnecidas com ferroviários. Neste cenário, haverá que dar atenção ao património das estações que, ao não terem pessoal a trabalhar, poderá ficar à mercê do vandalismo caso não se encontrem soluções para outras utilizações desses espaços.
Gazeta das Caldas perguntou à CP como se explicava uma tão pouca redução do tempo de percurso após a modernização, tendo a empresa respondido que “não existe registo de a CP ter sido abordada sobre horários na Linha do Oeste após intervenção da Infraestruturas de Portugal nessa linha no âmbito deste Estudo de Impacte Ambiental”.

Gazeta das Caldas
| M.A.
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1 COMENTÁRIO

  1. Inadmissível empresas públicas, num projecto desta importância e relevo, estarem de costas voltadas, como entender que a CP não tenha participado até agora na definição dos horários e do material circulante? Um país tão pequeno e com tantas quintinhas, estes pequenos poderes são tão prejudiciais, são um dos principais cancros com que nos confrontamos, passam a vida a dificultar a prossecução dos projectos, estes comportamentos são extensíveis a todas as áreas de actividade.