A Ivo Cutelarias, Lda investiu 510 mil euros numa central fotovoltaica destinada ao consumo da própria empresa, localizada em Santa Catarina. Em oito meses de actividade, esta central de energia limpa já cobre mais de 30% das suas necessidades energéticas, permitindo uma poupança estimada na ordem dos 60 mil euros anuais.
A empresa, que foi fundada em 1954 pelo casal Ivo Peralta e Maria das Dores Cabrita, está numa fase de grande crescimento e num processo de ampliação das instalações, no qual vai investir mais 2,5 milhões de euros.
A Ivo Cutelarias surgiu recentemente em destaque no página da EDP pelo seu investimento nesta central fotovoltaica, que foi a primeira do país a ser instalada em regime de auto consumo.
Nos 5000 m2 de cobertura de dois dos pavilhões onde a empresa tem a sua produção, foram instalados 2000 painéis fotovoltaicos, com uma capacidade instalada de 500kW. Esta medida foi complementada com a substituição da iluminação por tecnologia LED.
Esta medida cria poupança à empresa de Santa Catarina. António Peralta, presidente da Ivo Cutelarias, disse à Gazeta das Caldas que esta solução já cobre entre 30% a 35% das necessidades energéticas e gera uma poupança anual que se estima na ordem dos 60 mil euros. A este ritmo, o empresário espera rentabilizar o investimento em aproximadamente oito anos. Esta energia renovável também permite evitar a emissão de 290 toneladas de dióxido de carbono (CO2), por ano, para atmosfera.
Este projecto foi iniciado há cerca de dois anos, mas por ter sido pioneiro teve que ser desbravado parte do caminho, nomeadamente ao nível da legislação das normas de segurança, que não existiam. Este foi um processo moroso, que atrasou o andamento do projecto em cerca de ano e meio.
A poupança de custos foi das razões que levaram a empresa a fazer este investimento, uma vez que a factura eléctrica é a terceira mais pesada na estrutura de custos da empresa, a seguir ao pessoal e às matérias-primas, explica António Peralta. Outro factor importante foi a crescente exigência dos clientes estrangeiros no que diz respeito à sustentabilidade. “Os clientes internacionais dão muito relevo a esta questão ambiental”.
Mas não é apenas nas questões energéticas e ambientais que a Ivo Cutelarias tem investimentos em curso. A empresa está neste momento a preparar a sua ampliação com mais dois pavilhões, um deles destinado à produção e o outro à área social da empresa, com balneários, refeitório e outras valências. Este projecto, que aguarda o licenciamento pela Câmara das Caldas, corresponde a um investimento de 2,5 milhões de euros e inclui o equipamento dos espaços de produção com maquinaria de última geração. “Estamos à espera da aprovação da Câmara para começarmos a construir os pavilhões”, diz António Peralta, que espera que estes possam estar a laborar até ao final do ano. “Atingimos a capacidade máxima de produção, sem isso a fábrica está estrangulada e a empresa não se consegue desenvolver nem dar os prazos correctos aos clientes”, acrescenta.
A nova unidade de produção será equipada com máquinas de corte a laser a duas e três dimensões. Esta última é uma nova tecnologia de corte do aço que será uma mais-valia para a Ivo Cutelarias. “Somos a única empresa do país que fabrica facas forjadas e é essa máquina que nos vai dar o poder de as cortar”, explica o empresário.
Este investimento surge depois de, já em 2016, a empresa ter duplicado a sua área de produção. António Peralta diz que o investimento em crescimento tem sido constante na última década, num ritmo médio de dois milhões de euros por ano. “A maquinaria tem um peso muito grande no orçamento, porque é cara. Por vezes os investimentos são superiores ao que produzimos num ano, mas temos que estar na linha da frente em tecnologias para desenvolver a empresa”, sustenta.
A cobertura destes dois novos pavilhões, com uma área de 3000 m2, vai ser aproveitada para a instalação de mais 1.500 painéis fotovoltaicos, que vão aumentar a autonomia energética da empresa até aos 60%.
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A CRESCER 25%
A Ivo Cutelarias tem uma história de 63 anos. Tudo começou em 1954 com o casal Ivo Peralta e Maria das Dores Cabrita, então a produzir pequenos canivetes, evoluindo mais tarde para a produção de facas industriais, de cozinha e para diversos serviços. A segunda geração continuou a empresa, detida a 100% desde o ano passado por António Peralta, que também já tem os três filhos, Gonçalo Ivo, Rafael Ivo e Ivo António a trabalhar consigo nos departamentos comercial, administrativo e da produção.
A empresa foi crescendo de forma sustentada. “Todos os anos a procura é maior, temos clientes fidelizados de há muitos anos e clientes novos”, refere António Peralta.
Hoje a exportação é responsável por grande parte do escoamento da produção. Em 2016 a Ivo Cutelarias atingiu um volume de vendas de 7,5 milhões de euros, com um crescimento de 12% face a 2015. Cerca de 92% das vendas foram para o exterior, com a Alemanha, o Canadá e os países árabes no topo da lista. Nos primeiros seis meses do ano a empresa registou um crescimento homólogo de 25%, o que dá sinais muito positivos para o resto do ano.
A empresa prima pela qualidade do seu produto e, logo, também pela qualidade das matérias-primas. O aço que utiliza vem da França e da Alemanha, com características especiais para facas que o aço normal não tem, cumprindo todas as exigências dos clientes internacionais. É a única empresa nacional que utiliza essa matéria-prima.
A grande concorrência vem de empresas alemãs, onde estão as referências do sector. No entanto, a Ivo Cutelarias tem conseguido conquistar o seu espaço com a aposta na inovação. Em 2012 venceu mesmo em território germânico um prémio de design. “Começamos a ser reconhecidos como uma marca de alta qualidade, ao nível dos fabricantes alemães”, destaca António Peralta.
Presente já em 72 países, a Ivo Cutelarias continua a expandir-se pelo globo. Em marcha está um plano de expansão na América do Sul, com uma rede de distribuição a partir do Brasil.
Em 2011 a Ivo Cutelarias também apostou na contrução de uma unidade fabril na Tailândia, para produzir em exclusivo para o mercado asiático. “Já está a trabalhar, mas ainda numa fase de desenvolvimento, no futuro poderá ser uma mais-valia”, acredita o António Peralta, tendo em conta que se insere num mercado com um potencial de 700 milhões de clientes.
Apesar do desenvolvimento tecnológico, a empresa tem também contribuído para criar emprego. Desde 2011, nas instalações de Santa Catarina o número de postos de trabalho subiu de 137 para 170. “A maquinaria não substituiu as pessoas”, garante o presidente da Ivo Cutelarias. “Vamos adaptando as pessoas a outras funções, que exigem maior conhecimento e um saber fazer muito grande”, realça o empresário.
Escola de Santa Catarina deve formar jovens para a indústria
A indústria da cutelaria tem um peso importante na economia de Santa Catarina, mas António Peralta considera que a escola não está a formar os jovens da freguesia para esta actividade. Defende, por isso, que naquele estabelecimento de ensino se criem cursos profissionais direccionados à indústria.
O presidente da Ivo Cutelarias, Lda. gostava de ver estendida a oferta formativa da EBI de Santa Catarina até ao 12º ano e criados cursos profissionais nas áreas de Robótica, Metalomecânica e Electrónica. “Sente-se dificuldade em ter jovens com alguma formação nestas áreas e seria fundamental para a indústria da zona que estes fossem formados na escola de Santa Catarina”, sustenta.
Actualmente, a empresa está a recrutar jovens com estes conhecimentos em Rio Maior, pelo que Santa Catarina não está a aproveitar esta indústria que tem.
O empresário adianta que já fez diversas reuniões com várias entidades sobre este tema, mas o que tem sentido é que “muitas vezes são coisas intocáveis, decisões que vêm de cima…”
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