Ivo Cutelarias pediu ajuda ao ministro da Economia para desbloquear licenciamento

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António Peralta expôs as suas preocupações ao ministro António Costa Silva

Governante veio à região conhecer dificuldades da empresa, que precisa de crescer para responder às encomendas. Expoeste também foi tema da visita

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, veio à região para uma visita à Ivo Cutelarias, à Área de Localização Económica da Benedita e um almoço de trabalho com a AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste e com o presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, com vista à requalificação da Expoeste.
Da empresa, o ministro recebeu um pedido de ajuda para desbloquear o licenciamento total do edificado. “É muito importante que seja resolvido com o Ministério do Ambiente e vamos contar com a ajuda do Ministério da Economia, daí o interesse desta visita”, explicou António Peralta, administrador da empresa de Santa Catarina.
Em causa está o licenciamento de dois pavilhões já edificados, mas também os planos para a construção de um novo, com uma área de 5000 m2, num processo que está a aguardar parecer da Agência Portuguesa do Ambiente, devido à proximidade do rio de Santa Catarina.
“Respeitamos muito o ambiente e todos os organismos, mas penso que é razoável que haja uma solução imediata para estas situações, porque a firma precisa de continuar a sua produção”, continuou.
A Ivo Cutelarias conheceu, nos últimos dois anos, um volume de vendas recorde, que em 2023 se aproximou dos 11 milhões de euros. “Temos envolvimento de grandes clientes e temos que respeitar esses compromissos, mas sem este novo pavilhão vai ser muito difícil. Somos a principal empresa do país na cutelaria, acho que somos dignos que o Estado nos dê algumas soluções”, acrescentou.
A necessidade de nova expansão prende-se com a dificuldade que a Ivo está a ter para corresponder à carteira de encomendas, mas também ao nível das auditorias imprescindíveis para as exportações. “Temos auditorias anuais e semestrais que nos exigem este licenciamento”, diz António Peralta, que pede celeridade na marcação de reuniões com a APA e a Câmara das Caldas, cuja postura o empresário elogia.
Este ano, a empresa ficará aquém dos números do ano passado, devido aos efeitos do conflito na Faixa de Gaza. “As encomendas caíram drasticamente em setembro, mas estamos numa situação estável,”, salienta. O problema amenizou o atraso nas entregas. “No ano passado estávamos com atraso de seis meses, o que era muito mau para a imagem da empresa”, concluiu.
António Costa Silva conheceu as instalações e a atividade da Ivo, que tem cerca de 220 trabalhadores, muitos deles estrangeiros, e exporta cerca de 90% da produção, para 96 países. “Esta empresa é um paradigma, não só em termos da qualidade dos produtos, como da capacidade exportadora, tem crescido ao nível de investimento, inovação e volume de vendas, é pioneira na transição energética”, disse, destacando ainda o papel que a empresa tem na integração de migrantes.
A visita do ministro surgiu enquadrada na visita que a AIRO e o município caldense realizaram no verão. “Fomos pedir ao senhor ministro que olhe para a zona económica Oeste, que está a crescer, mas precisa de um olhar mais atento por parte do Governo”, disse Jorge Barosa, presidente da associação, que mostrou também o potencial da ALEB para receber novas empresas. Dos pedidos ao ministro, o dirigente destacou apoios através do PRR para as empresas e a extensão do Simplex para a indústria, “porque existem ainda muitos percalços para se instalar uma empresa em Portugal. Não estamos a pedir favores, apenas precisamos de simplificação de processos para incentivar empresas a fixarem-se aqui”, afirmou.
Na agenda da reunião com o ministro esteve, ainda, o enquadramento da requalificação da Expoeste nos quadros de apoio. “Agendámos, ainda que não tenha ficado calendarizada, uma reunião com o senhor ministro, com a CCDR e com o IAPMEI, no sentido de perceber que tipo de apoio e de investimento possa haver”, não só para este projeto, mas também para outros de apoio à indústria, afirmou Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas.
O autarca realçou que não existe ainda projeto, mas que o município já começou a desenhar o que pretende para a Expoeste quanto à dimensão das necessidades. “É algo que extravasa o orçamento do município, daí procurarmos uma forma objetiva de apoio para este equipamento”, acrescentou.
De resto, mesmo perante um cenário de requalificação, Vítor Marques adianta que o município continua a investir no edifício. A zona onde funcionava a ADIO foi requalificada para ser o novo espaço do gabinete de eventos da Câmara. Alguns dos gabinetes que ficaram vagos também serão renovados para serem uma extensão da incubadora de empresas Caldas Empreende e a iluminação também será substituída por led. “O espaço estava muito vocacionado para ter algumas associações, queremos alocar as associações para outros locais e fazer da Expoeste um espaço mais empresarial”, referiu.
Quanto ao processo da Ivo Cutelarias, Vítor Marques espera que haja sensibilidade do Governo para desbloquear a situação de uma empresa que tem relevância até pela dimensão que tem no combate às assimetrias do interior concelho. O autarca realça que as quotas de construção não são um problema exclusivo da Ivo, lembrando as alterações que a autarquia realizou nos índices de construção da zona industrial, de 0,45 para 0,75, “o que permitiu, por exemplo, à Frigosto ampliar as suas instalações, cujas obras estão quase no término, ou, também, à Martin Caldeiras que tinha um projeto de ampliação que hoje já pode fazer”, concluiu. ■