João Duque dá lição de economia a uma centena de empresários em evento organizado pela AIRO

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João Duque falou para uma plateia de cerca de 100 pessoas na Praça da Criatividade
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João Duque falou da importância de saber ler os sinais que a conjuntura económica dá para ajudar na tomada de decisão na gestão das empresas. Seminário da AIRO sobre economia mundial com encontro de empresários é para repetir anualmente

A AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste realizou no passado dia 24 o primeiro pequeno almoço empresarial que juntou mais de uma centena de empresários. Na Praça da Criatividade, em Óbidos, os presentes além de poderem trocar ideias numa sessão aberta, tiveram a oportunidade de ouvir o professor catedrático, presidente do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão e especialista em gestão de empresas, João Duque.
“O futuro a Deus pertence. E as empresas?” foi o nome da conferência e João Duque veio a Óbidos fazer a previsão macroeconómica para os próximos dois anos, sublinhando que estes são dados importantes para as empresas, uma vez que dão sinais do que pode ser o futuro e, assim, serem importantes fatores para a tomada de decisões.
O economista disse que não há uma bola de cristal para prever o futuro. “Gerir uma empresa é como conduzir um carro de costas para a estrada. Se estiver numa reta, consigo ver se estou no meio da estrada, mas se começo a entrar numa curva, começo a ver o carro aproximar-se de uma das margens, percebo que estou a ter um desvio e preciso de fazer ajustes”, disse.
Com uma vocação exportadora das empresas nacionais e os mercados comunitários a representarem mais de dois terços das exportações, o comportamento da economia portuguesa está intrinsecamente ligada à da União Europeia. Para perceber a potencial evolução da economia portuguesa, é preciso olhar para esses mercados e ver o que por lá se passa, disse João Duque.
Para 2024, há uma expectativa de desaceleramento da economia europeia e da nacional, com crescimentos a rondar os 1% e 1,5% em 2025. O consumo privado continuará em baixa, devido à pressão que persiste sobre as famílias com a inflação e os juros. “Melhor expectativa existe no crescimento das exportações, mas não se compara com 2022”, afirmou João Duque.
O economista disse também que, se por um lado a dependência da economia nacional das importações e exportações é negativa, porque a expõe às condicionantes dos mercados destino, por outro lado é positivo para as empresas. “É muito bom porque nos coloca a par em preço e qualidade com o mercado europeu e entrar numa economia mais aberta torna as empresas mais fortes e resilientes”, sublinhou.
João Duque chamou, porém, à atenção para o comportamento da economia alemã, motor da economia europeia, que está em risco de entrar em recessão e que pode arrastar consigo a UE.
No desemprego, João Duque assinalou que os números baixos são bons, mas mascaram empregos de baixa qualidade no país. “Há segmentos com grande escassez de mão-de-obra qualificada, os salários estão acomodados à capacidade de pagamento das empresas, que têm dificuldade em acompanhar o salário adequado para as pessoas com capacidade técnica”, notou. Isso acontece por falta de políticas que dinamizem, de facto, a economia.
O professor catedrático explicou a ligação direta entre a inflação e as taxas de juro e disse acreditar que a primeira está controlada em Portugal, mas ainda não na UE, pelo que políticas do Banco Central Europeu para baixar a taxa de juro referência só deverão chegar no segundo semestre deste ano.
Anfitrião da sessão, o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel, fez um agradecimento “especial” à AIRO por realizar o evento no novo equipamento obidense e aos empresários por se dedicarem a uma causa que é “extremamente difícil”, mas também “extremamente rica”.
Para a AIRO, este é um novo tipo de evento que a associação empresarial quer reeditar anualmente, em janeiro, anunciou o presidente Jorge Barosa. O dirigente salientou que a realização de eventos é um novo serviço da AIRO no apoio e dinamização do tecido empresarial da região, assumindo a Expoeste um polo de destaque. Este ano, a associação irá realizar o Congresso do Alojamento Local, em março, a Feira da Internacionalização em abril, contanto já com a presença de uma missão de empresários de Marrocos no âmbito de um projeto de investimento estrangeiro no Oeste. Em maio será realizada uma nova edição do Congresso Empresarial da Região Oeste, marcado para o dia 29, e em setembro haverá a Agroeste.
Jorge Barosa avançou que a AIRO integrou o conselho de curadores da Associação Industrial Portuguesa. “É um motivo de orgulho para a comunidade empresarial oestina”, afirmou, acrescentando que este convite se deve à dinâmica imposta nos últimos anos, que fez “com que entidades nacionais passassem a olhar para nós como uma entidade credível e dinâmica, que promove com muita qualidade as empresas da nossa região”. ■
O Município de Óbidos e a AIRO entregaram lembranças ao economista
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