O império dos frangos com mais de um século de história

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Henriqueta Marques Pereira criou em 1875 o negócio que Manuel dos Santos e os seus herdeiros transformaram num grupo com mais de 40 empresas e que emprega 2800 pessoas. A partir do Oeste, mas com ramificações por todo o país, a Valouro produz mais de 100 milhões de frangos e outro tanto de ovos para encubação que chegam a países da Euroa, Médio Oriente e África

A Rações Valouro, SA é a maior empresa do Oeste, porém representa apenas uma parte do que é hoje o Grupo Valouro.
A génese do grupo remonta a 1875 com uma loja na Rua dos Vinagres, em Lisboa, onde Henriqueta Marques Pereira, quem iniciou o negócio, vendia ovos, galinhas, patos, perus, coelhos, cabritos e borregos.
Eram tempos diferentes em que se adquiria os animais vivos a pequenos produtores particulares das quintas dos arredores da capital para serem abatidos já na Praça da Figueira, para serem vendidos ao público.
O negócio cresceu pela mão de Manuel dos Santos, que primeiro foi trabalhar para a loja, onde mostrou grande aptidão para o negócio, mas acabou por casar com Georgina, uma das filhas de Henriqueta Marques Pereira.
Na década de 1950 o negócio florescia com o fornecimento dos hotéis, restaurantes e também dos barcos que atracavam na capital do país e a loja cresceu para o Largo dos Trigueiros, onde montou centro de abate, preparação e frigorificação das aves.
Em 1966 a empresa, então denominada Herdeiros Manuel dos Santos, mudou-se para a Marteleira, no concelho da Lourinhã, depois de ganhar um concurso para abastecer o exército português.

Negócio começou com uma loja em Lisboa, em 1875, e ganhou escala em meados do século passado

Ali se instalou com um pequeno matadouro, adquirido em Inglaterra, com capacidade para 350 aves por hora. “Daí até hoje nunca mais parou”, conta José António dos Santos, atual presidente da empresa.
O crescimento foi tão acentuado que, dois anos depois, houve necessidade de investir num novo matadouro, importado da Holanda, com capacidade mais de 4000 aves por hora.
O crescimento do grupo empresarial trouxe a ramificação dos negócios. Hoje o Grupo Valouro tem uma produção da semente até ao prato. Cultiva os cereais, como milho, trigo e cevada, que depois transforma em alimentação para os animais. Fabrica rações para todos os tipos de animais de criação, desde os frangos e galinhas, perus, patos, coelhos, porcos, cavalos, ovelhas.
Da alimentação para a criação das aves, desde a produção dos ovos para encubação aos pintos de um dia, que seguem para os aviários para engorda. O grupo detém ainda os matadouros onde procede ao abate. A carne é vendida como frango, ou em produtos processados, como nuggets de frago, charcutaria e salsicharia, que o grupo também desenvolve.
Do Oeste, o grupo também se ramificou pelo país, com implantação sobretudo no Oeste, no Alentejo e na zona de Viseu. Também já detém atividade em Espanha, numa unidade de produção de ovos de encubação e pintos de um dia.
No seu conjunto, o Grupo Valouro é hoje composto por mais de 40 empresas, mas tem na produção e abate de frango a sua principal componente de negócio. O grupo trata mais de 100 milhões de aves de engorda por ano, que consomem perto de dois quilos de ração por cabeça, e mais de 110 milhões de ovos para encubação.
Em 2019 teve um volume de negócios conjunto de 409,9 milhões de euros e emprega cerca de 2800 trabalhadores de forma direta.


“A carne de aves tornou-se barata e apetecível”

José António dos Santos | DR
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Nos anos 1950, o desenvolvimento da genética impulsionou de forma decisiva o consumo de carne de aves. O Grupo Valouro foi pioneiro e continua na vanguarda neste setor, tal como explica, em entrevista, o máximo responsável

José António dos Santos é o presidente do Grupo Valouro. A valorização da carne de aves foi uma alavanca para a empresa, mas a visão estratégica foi fundamental para a tornar num império.

O Grupo Valouro tem origem em Lisboa, como se fixou no Oeste?
No início dos anos 1960 começa a haver uma revolução de produção industrial, em meados dos anos 1950 nos ovos e início da década seguinte na carne. Por isso, viemos para a Marteleira fazer um matadouro de 350 aves/hora. Passados dois anos comprámos outro na Holanda, com capacidade para 4.500 aves por hora. Tornava-se uma carne mais barata e apetecível. Hoje o consumo per capita são 42 quilos por ano, se calhar eram duas ou três gramas quando a atividade começou.

O que contribuiu para essa mudança?
Começou a aparecer a genética e depois a alimentação começou a acompanhar essa genética. Aves da mesma estirpe começaram a dar mais 40 a 60 gramas todos os anos e hoje continua a ganhar-se, embora menos, dentro das 20 gramas por ano. A par disso o consumo subiu. Em primeiro lugar porque é uma carne muito saudável. Depois tornou-se uma carne muito barata, nenhuma tem comparação possível. Álém disso tem um índice de transformação muito bom e rapidez de crescimento.
Quais são as atividades mais importantes dentro do grupo?
Importantes são todas, porque são complementares umas às outras. Em ordem de grandeza, a produção de frango é a mais importante, depois os ovos e os pintos do dia e as rações.

Aqui no Oeste, quais são as áreas que o grupo trabalha?
Estamos focalizados para fazer pinto do dia e ovo de encubação para venda. Os pintos de um dia são as aves para a engorda, que vão para os aviários. Vendemos uma pequena parte, mas 90% dos pintos que produzimos são processados por nós.

“Tivemos que direcionar as vendas para o estrangeiro, em Portugal vende-se muito menos”

O grupo cresceu e distribuiu a atividade pelo país, quais as vantagens?
São várias. A principal é por motivos de sanidade, porque se houver um foco de alguma doença a propagação é limitada. Depois também gostamos de estar dispersos por razões estratégicas, que têm a ver com a distribuição. Temos explorações no país inteiro. Na parte da transformação estamos em Torres Vedras, Alenquer, no Alentejo e também na zona de Viseu, onde temos cinco matadouros.

Como tem a pandemia de covid-19 afetado o grupo?
Dentro das empresas temos tido uma abordagem cuidadosa. Empregamos diretamente 2800 pessoas, mais umas 600 de forma indireta e os casos que temos conhecimento não chegam a 40. Ao nível de produção e das vendas, tivemos que direcionar mais para o estrangeiro. Em Portugal vende-se muito menos. Os emigrantes não vieram, os hotéis estão fechados, as churrasqueiras algumas também, embora ainda se venda alguma coisa. Não vendemos tanto em aves abatidas, mas estamos a vender mais ovos de encubação.


Rações Valouro, SA mantém estatuto de maior do Oeste

Empresa do Grupo Valouro destacou-se ainda mais na liderança do ranking. A Auto Júlio, SA, no 4º lugar, é a maior das Caldas e do norte da região. Torres Vedras domina do top 10 do ranking deste ano, com cinco empresas, quatro delas nos cinco primeiros lugares

A Rações Valouro, SA, empresa do Grupo Valouro, volta este ano a ser a maior do Oeste e até reforçou o primeiro lugar da lista.
A empresa de fabrico de alimentação para animais de criação exceto aquicultura, subiu em 21,5% a sua faturação em 2019 para atingir os 190,7 milhões de euros, mais 36,5 milhões de euros do que a empresa que mais se aproxima.
A Rações Valouro apresentou um resultado líquido positivo de 4,8 milhões de euros e aumentou o seu número de trabalhadores para 144 e manteve as exportações na casa dos 2,7 milhões de euros, embora com um ligeira descida.
A Riberalves, que transforma e comercializa pescado, nomeadamente bacalhau, mantém o segundo posto que já obteve no ano passado, com uma faturação de 154,3 milhões de euros.
Ao pódio sobe ainda a Eugster & Frismag, uma empresa de fabrico de pequenos eletrodomésticos para o lar, que somou vendas de 116 milhões de euros no exercício de 2019.
No quarto posto está a Auto Júlio, SA, de comércio de veículos automóveis ligeiros. A empresa caldense é a primeira da lista que não pertence ao concelho de Torres Vedras. Atingiu em 2019 115 milhões de euros em vendas, com um resultado líquido de 1,3 milhões de euros, e aumentou 10 postos de trabalho, para um total de 149. A empresa caldense é também a primeira não industrial
Segue-se a primeira empresa de comércio por grosso e a retalho, as Frutas Patrícia Pilar, SA, a última de cinco com vendas acima dos 100 milhões de euros, no caso de produtos agrícolas.
De realçar que as cinco primeiras classificadas mantêm as posições do ano passado.
Perto desta fasquia ficou a Euroeste, SA, a primeira de Alenquer, que é a primeira do ranking do setor agrícola.
A abrir a segunda metade do top 10 está a primeira de Alcobaça, a Metalmarinha, que comercializa sucata e desperdícios metálicos, com uma faturação de 89,5 milhões de euros.
Destaque ainda para a penichense European Seafood Investments, que transforma pescado em conservas. Faturou praticamente 76 milhões de euros – praticamente na totalidade para exportação -, montante idêntico ao do ano passado, mas baixou um lugar e fecha o top 10.

Grupo das 250 Maiores empresas do Oeste deste ano subiu o volume de negócios, as exportações, o número de empregador, apenas perde no comparativo com o ano passado nos resultados líquidos

Lista vale 4,72 mil milhões de euros
As 250 Maiores empresas do Oeste apresentaram no exercício de 2019 um volume de negócios de 4,72 mil milhões de euros, mais 270 milhões de euros do que o grupo que compunha o ranking do ano passado, correspondentes a um incremento de 6,1%.
O grupo registou uma quebra de 9,6% no que respeita a resultados líquidos face ao do ano passado, com lucros de 151,1 milhões de euros. A esmagadora maioria das empresas do ranking apresentou resultados positivos, embora 21 tenham registado prejuízos.
Ao nível do emprego, as 250 Maiores empresas do Oeste garantem 24.914 postos de trabalho, perto de 1000 postos a mais do que o grupo do ano passado, uma variação de 4%.
As exportações das 250 Maiores empresas do Oeste atingiram os 1.029,7 milhões, mais 9,6% do que no ano anterior.

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