Obras do Lidl alteram Largo da Estação

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Mais um edifício com história que desaparece no Bombarral após falência económica e décadas de abandono
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Edifício de antiga empresa vitivinícola arrasado para parque de estacionamento e alargamento do supermercado no Bombarral
As obras de ampliação do Lidl do Bombarral arrasaram por completo uma das laterais da avenida Casimiro da Silva Marques, onde se situa a Estação de Caminho de Ferro, com a demolição integral das antigas instalações da Sociedade Comercial Pereira Bernardino, uma das antigas empresas de comércio de vinho que floresceu junto à Linha do Oeste e que deixou de laborar há várias décadas. Com a falência da empresa, o imóvel entrou em irreversível degradação e, entretanto, foi adquirido pela multinacional alemã. Ao lado, o supermercado funciona num antigo armazém de vinhos mas cuja fachada foi preservada e levou, em 2021, que os consumidores do Lidl no Reino Unido o tivessem escolhido como o mais bonito do mundo.
O enquadramento secular que serviu de cenário, em 1995, à rodagem do filme “Sinais de Fogo”, de Luís Filipe Rocha, com a chegada de refugiados da Guerra Civil de Espanha, jamais será recuperado. À Gazeta, o presidente da Câmara Municipal justifica que os edifícios estavam há muito devolutos e por vender há muitos anos. “Certamente que vários investidores equacionaram uma reabilitação e reutilização do espaço, contudo nunca ninguém avançou”, justifica o edil Ricardo Fernandes. Qualquer intervenção no espaço é condicionada pois, por via das inundações de 2006, ficou referenciada como zona ameaçada por cheias. Daí que a operação urbanística em curso “representa uma pressão menor sobre o terreno e diminui drasticamente o risco para pessoas e bens”. Uma grande parte da área servirá para estacionamento.
A edilidade garante que houve preocupação em que ficasse algo que pudesse perpetuar a memória do edifício da família Pereira Bernardino, “situação que foi acolhida pelo promotor com o levantamento arquitetónico rigoroso das arcadas para serem reconstruídas, mantendo a referência à empresa comercial que antes existiu no local”. “Para os objetivos do promotor a permanência do edificado era inviável, e nesse contexto houve a opção por acautelar um elemento arquitetónico para memória futura”, justifica o autarca.
Contactado o Lidl, a empresa não quis revelar o montante do investimento e o que pretende fazer no local, confirmando apenas “a modernização e ampliação da nossa loja do Bombarral” e a sua abertura ao público no próximo verão.
Tendo em conta a eletrificação da Linha do Oeste em curso e a expectável procura de passageiros, a Câmara Municipal revelou que, para a avenida, existe a manifestação de interesse na reabilitação de um edifício para um hotel de charme. “Na componente do edificado não nos podemos esquecer que sendo de propriedade privada a dinâmica de intervenção estará muito ligada às intenções dos proprietários”, destaca. Na zona de proteção à linha férrea, a ser utilizada como estaleiro das obras da linha, o executivo tem mantido conversações com a empresa Infraestruturas de Portugal para ali criar uma grande bolsa de estacionamento. ■
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