O Oeste tem construído uma imagem turística baseada essencialmente nos resorts integrados de golfe e turismo residencial, no touring cultural e paisagístico e nos desportos náuticos, mas deve enriquecer a sua oferta com actividades ligadas às temáticas do náutico, saúde e bem-estar e natureza
“Há que ter produtos e destinos turísticos estruturados. Só assim eles são verdadeiramente competitivos”, defendeu Jorge Mangorrinha, presidente da Comissão Nacional do Centenário do Turismo em Portugal, em declarações à Gazeta das Caldas, na sequência da realização do congresso nacional deste sector, realizado entre 12 e 16 de Maio.
O congresso contou com 700 participantes e foi um dos momentos mais marcantes das comemorações do centenário do turismo em Portugal que estão a decorrer até ao final deste ano.
Este evento coincidiu com as datas iniciais do congresso de 1911, no qual se anunciou a criação na orgânica do Estado de uma repartição de turismo. Pretendeu-se com este encontro em 2011 apresentar os marcos históricos assinaláveis na evolução da actividade turística, realçar a actualidade do sector e, terceiro, desenhando caminhos possíveis para o futuro.
Na opinião de Jorge Mangorrinha, o sucesso dos destinos turísticos e das estratégias de desenvolvimento e de marketing de uma região pode depender de uma correcta e permanente análise da satisfação dos visitantes e das implicações dessa satisfação na repetição da visita e na recomendação desse destino.
Mas também é preciso que a região tenha boas atracções turísticas, sejam elas naturais, históricas ou culturais, para além de “bons atributos relacionados com a mobilidade, como infra-estruturas e sinalização, que haja boa hospitalidade por parte dos residentes e agentes locais, e uma outra coisa essencial que passa pelo bom relacionamento e optimização de esforços entre municípios geograficamente próximos, que ainda mais se justifica em contexto de crise financeira”.
Isto porque, tal como foi defendido no congresso, o que determina a competitividade não é tanto a existência de recursos, naturais e culturais, mas sobretudo como eles são utilizados e a capacidade de resposta dos agentes locais face à concorrência.
“O turismo é uma das actividades que invocam elevado potencial para estimular o desenvolvimento das economias e culturas locais. Para tal, os territórios locais devem ser pensados tendo como objectivo um crescimento sustentável, através dos vectores do conhecimento, da excelência dos recursos humanos, da qualificação da oferta e de uma eficaz promoção”, salientou o especialista.
A isso deve-se juntar “a diferenciação pela via da inovação, a aposta nas identidades e nos produtos turísticos de vocação estratégica e a formação de uma cultura de cooperação”.
Para Jorge Mangorrinha a recente possibilidade da abertura ao tráfego civil do aeroporto de Monte Real pode vir a ser uma oportunidade para esta e outras regiões limítrofes, com efeitos no turismo, “mas claro está que o crescimento da procura turística e da pressão imobiliária deve ser acompanhado de reforçadas exigências do ponto de vista ambiental e capacidade de carga de algumas áreas sensíveis”.
Por outro lado, há que ter consciência das vantagens de ofertas e experiências únicas, criar sinergias entre sectores de actividade tradicionais e pô-los ao serviço do turismo e valorizar marcas identitárias das cidades.
“A inovação no turismo tanto se aplica às empresas como às cidades, por exemplo. Para ambas sobreviverem num mercado turístico global, devem adaptar-se às mudanças, devem inovar e ser criativas”, concluiu.