Peixe seco da Nazaré a caminho da certificação

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PeixeSeco-(1)Apreciado por muitos, e olhado com desdém por outros tantos, o peixe seco da Nazaré é uma das imagens de marca da vila piscatória e pode vir a ser um dos seus factores de afirmação num futuro próximo. A certificação deste produto endógeno e a criação do Museu do Peixe são dois projectos em curso que prometem dar nova vida a este ex-libris da Nazaré.
Os dois projectos estiveram em destaque na Mostra de Peixe Seco que se realizou no passado dia 23 de Agosto no Centro Cultural da Nazaré. Uma iniciativa onde o presidente da autarquia, Walter Chicharro, prometeu “dar toda a atenção” ao peixe seco “enquanto marca identitária da Nazaré”.
Citado em nota da autarquia, o edil anuncia a intenção de criar um museu vivo. Um projecto que deverá afirmar o peixe seco como atracção turística, ao mesmo tempo que se melhoram as condições de trabalho das peixeiras que diariamente se dedicam a esta actividade. Ao mesmo tempo, pretende-se captar novos agentes para que esta tradição resista à passagem do tempo.
Já a certificação levará à criação de uma marca e vai permitir que esta seja apresentada nos estabelecimentos de restauração e hotelaria. Uma iniciativa que está a ser desenvolvida em parceria com a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche e uma empresa local, a Maria da Nazaré.
Na primeira Mostra do Peixe Seco, Walter Chicharro disse ainda que será criado no Centro Cultural um novo espaço onde as peixeiras passarão a efectuar o tratamento do peixe. Um trabalho que actualmente é levado a cabo no areal ou em armazéns.
Também com vista à melhoria das condições de trabalho das peixeiras, a Câmara quer requalificar os paneiros onde o peixe é posto a secar. A autarquia aponta o ano de 2015 para este trabalho, mas o edil ressalva que esta é uma intervenção “dependente das possibilidades das Câmara Municipal da Nazaré e dos Fundos Comunitários”.

RECEITAS COM PEIXE SECO

Na Mostra de Peixe Seco foram apresentadas quatro receitas com carapau seco/enjoado com assinatura do chef António Alexandre (chef executivo do Lisboa Hotel, chef no Restaurante “100 Vícios” e jurado no programa de televisão Chefs’ Academy).
Para aquele chef, as iguarias apresentadas na mostra são “pequenos exemplos de como grandes tesouros, que ainda temos em Portugal, permanecem à vista de todos, mas precisam de ser valorizados”. Receitas que o chef quer “que sirvam de estímulo para a restauração e hotelaria local” para que se promova um maior consumo do produto e “se crie mais valor, mais procura e melhor oferta, surpreendendo os visitantes com novos receituários”.
À degustação das receitas com peixe seco juntou-se uma prova de vinhos, num evento que a autarquia quer realizar todos os anos. “Queremos, aqui, fazer a afirmação da gastronomia da Nazaré, e começamos com um dos seus produtos mais tradicionais, o carapau seco, que queremos elevar, se possível, a um patamar internacional”, afirmou o presidente da autarquia.
O peixe a secar no estendal em pleno areal é uma das imagens de marca da Nazaré e uma tradição antiga que permitia conservar o pescado em excesso para os dias em que o peixe escasseava ou para o vender nos mercados da região, o que ainda acontece nos dias de hoje. O peixe seco e o peixe enjoado diferem apenas nos dias em que o pescado está exposto ao sol, depois de amanhado, lavado e passado por uma salmoura.
O carapau, os batuques, a sardinha, a petinga, o cação e o polvo são as espécies mais utilizadas. Quanto às formas de consumo, o peixe seco é habitualmente comido cru (desfiado), grelhado ou cozido com batatas com pele (tradição é tradição!) e regado com azeite, vinagre e alho picado.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

1 COMENTÁRIO

  1. O PRODUTO DA EMPRESA MARIA DA NAZARÉ É MESMO DIGNO DE TER A DENOMINAÇAO DE ORIGEM, DITO DESDE A ESPANHA. IREMOS A VER O PRODUTO ESTA SEMANA. PETISCO MUITO BUSCADO PELA VASTA COLONIA RESIDENTE AQUI NA ESPANHA.