Três centenas de agricultores do Oeste juntaram-se no maior evento promovido pela Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste
A segunda edição da Gala da Fileira Hortícola do Oeste, organizada pela Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO) durante o V Encontro da Fileira Hortícola do Oeste, entregou os prémios ‘Oeste D’Ouro’ aos empresários e instituições que mais se distinguiram ao longo do ano, ao nível da sua atividade e contribuição para o setor. Na ocasião, o presidente da AIHO, Sérgio Ferreira, destacou que “pretendemos premiar alguns dos bons exemplos mas muitos outros existem na nossa região”.
Telmo Rodrigues, administrador na Hortipor-Export, Lda (A-dos-Cunhados, Torres Vedras) recebeu o prémio ‘Figura do Ano’, que distingue quem durante o ano se destacou significativamente e contribuiu positivamente para o desenvolvimento do sector hortícola, enquanto que o prémio ‘Carreira’, que homenageia a pessoa que ao longo do seu percurso tenha deixado um impacto duradouro e positivo na horticultura, foi atribuído a Jorge Camilo (Silveira, Torres Vedras). Em relação às restantes distinções, na categoria ‘Inovação’, que reconhece entidades que tenham realizado testes, transferência de conhecimento ou implementação de tecnologia e técnicas inovadoras no sector hortícola, foi reconhecido o Projeto Smart Farm 4.0, liderado pela empresa Tomix e coordenado pelo Smart Farm Colab (Torres Vedras). Na categoria ‘Sustentabilidade’, que evidencia as entidades que demonstraram uma abordagem sustentável da produção, utilização de recursos e materiais biodegradáveis ou recicláveis, além do uso sustentável do solo e recursos naturais, foi selecionada a Quinta do Arneiro (Azueira, Mafra). Quanto à categoria ‘Empreendedorismo’, que destaca a entidade que implementa novos negócios, produtos ou empresas bem como as que tenham criado algo inovador para o sector hortícola, foi para a Horto Faustinos Hortícolas do Oeste, Lda (Atouguia da Baleia, Peniche). Os dois irmãos proprietários desta empresa, Bruno e Carlos Faustino, venceram também na categoria ‘Jovem Agricultor’, que reconhece o empresário que, independentemente do seu estatuto, tenha-se destacado no sector hortícola.
As distinções foram decididas por um júri composto por membros da direcção da AIHO e representantes da revista ‘Frutas, Legumes & Flores’, Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras, OesteCIM – Comunidade Intermunicipal do Oeste, Associação Empresarial da Região Oeste, Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, Instituto Politécnico de Leiria, Smart Farm Colab e Escola Superior Agrária de Santarém. As distinções ‘Figura do Ano’ e ‘Prémio Carreira’ foram da responsabilidade da direção da AIHO.
Este evento, que decorreu num restaurante do concelho de Torres Vedras, no passado dia 15, foi o mais participado de sempre, o que revela o dinamismo económico e associativo que atravessa este setor agrícola da nossa região. Marcaram presença o secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues, provavelmente numa das suas últimas visitas ao Oeste na consequência da queda do Governo, bem como de Lacerda da Fonseca, diretor regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo. Na ocasião, Sérgio Ferreira alertou para as consequências da crise política com a realização de eleições antecipadas. “Estamos numa indecisão enorme do que vai ser o futuro”, referiu o dirigente associativo, que reclama da parte dos diversos partidos políticos, nesta fase que antecede a realização de eleições legislativas antecipadas, mais informação para “perceber o que cada um pensa e quer apresentar para o nosso setor”.
A grande preocupação para os horticultores do Oeste continua a ser o abastecimento de água para assegurar a produção agrícola, reclamando a AIHO um plano que contemple a gestão deste precioso líquido para regar os campos. “Temos que saber gerir a água que chove e armazená-la no projeto que for mais adequado”, defende Sérgio Ferreira, que alerta para a necessidade de se encontrar uma solução para o problema nos próximos anos. Em cima da mesa continua a discussão em torno do Projeto Tejo, que prevê o transvase de água deste rio para a alimentar o regadio do Oeste. “Necessitamos, enquanto região, de debatermos entre nós qual a melhor solução, mas precisamos de uma solução para avançar para conseguirmos unir aquilo que é a utilização das águas residuais, subterrâneas e superficiais para fins múltiplos, nomeadamente humano, porque não estamos a falar apenas de agricultura”.
Na sua intervenção perante cerca de 300 agricultores e técnicos agrícolas, o secretário de Estado da Agricultura optou por evitar abordar este tema tão premente para a região, numa altura em que está a ser desenvolvido o Plano de Eficiência Hídrica Para o Vale do Tejo e Oeste, inserido no Plano Nacional de Regadio. A ministra Maria do Céu Antunes garantiu à Gazeta, aquando da sua visita ao Bombarral no mês passado, que o documento deverá estar concluído até ao final do primeiro semestre do próximo ano.
Quanto à criação da marca para a promoção dos hortícolas do Oeste, um anseio da AIHO para a dinamização económica da produção regional, o projeto sofreu um compasso de espera devido a dificuldades da própria associação, mas Sérgio Ferreira garantiu que a ideia “não ficou esquecida”. Para ganhar escala foi dinamizado e aprovado o projeto Oeste HortiProminov – Promoção, Inovação e Valorização de Hortícolas do Oeste, em colaboração com o Smart Farm Colab, Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional, Universidade de Aveiro e ainda várias empresas oestinas. ■