Questionário da AIRO demonstra a insustentabilidade do turismo

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Os dados preliminares do questionário que a Associação Empresarial da Região Oeste (AIRO) promoveu para perceber o estado do turismo revelam “a manifesta insustentabilidade do setor”.
Segundo este levantamento, cerca de 70% das empresas encontram-se “sem liquidez, o que, mantendo-se o estado de emergência até dia 7 de janeiro e a continuidade da situação pandémica durante o ano de 2021 poderá provocar falências em massa em dois terços do tecido empresarial do setor do turismo”, pode ler-se no documento.
É por isso que a AIRO considera “fundamental” a existência de apoios a fundo perdido “ou próximo da cobertura da totalidade dos custos em toda a cadeia de valor” do setor por forma a “proteger os postos de trabalho, investimentos, a qualidade e excelência turística que a região e o país conquistaram por forma a que no final de 2021 este mesmo setor possa existir”.

AIRO considera fundamental apoios a fundo perdido ou próximo da cobertura da totalidade dos custos da atividade

No questionário foram validadas 71 das 79 respostas obtidas, por empresas turísticas da região, sendo que existem empresas de animação turística, eventos, restauração e bebidas, entre outras, com “destaque para as empresas/estabelecimentos de alojamento hoteleiro que representam cerca de 66% da amostra”. Nesse campo do alojamento turístico “registaram-se até ao presente mês graves quebras de ocupação face a 2019”. É que, da totalidade dos inquiridos, 41% registou uma diminuição superior a 70% da sua taxa de ocupação comparativamente ao ano anterior. Cerca de um terço dos inquiridos afirma que esta diminuição se situou entre os 40 e os 70%, enquanto que um quinto (20%) das empresas regista uma diminuição até aos 40%. “Apenas 5% deste tipo de empresas manteve a taxa de ocupação e 2% aumentou a mesma até à ordem dos 40% de aumento”, realça a AIRO.
Através das quebras no volume de negócio, a associação realça que é possível “constatar e observar a grave queda de valor que o setor mais importante da economia portuguesa registou”.

Menos clientes
O estudo realça, ainda, que houve “uma grande oscilação do indicador geral do número global de clientes face ao ano de 2019”, uma vez que praticamente a totalidade das empresas registaram uma diminuição de consumidores nas suas atividades. Um total de 42% das empresas sofreram uma quebra de clientes superior a 70%, 36% registou uma quebra entre 40% a 70% e 20% uma diminuição de até 40% de clientes. “A nível de clientes internacionais, estes diminuíram em quase a totalidade das empresas inquiridas, exceto em 1%”, salienta o estudo. Por outro lado, apesar de os clientes nacionais terem diminuído em 56% das empresas, aumentaram em cerca 30%. Os restantes 14% dos inquiridos registaram estabilidade neste indicador.
Um outro dado importante tem que ver com as alterações no comportamento dos consumidores devido à pandemia e, nesse particular, 90% das empresas afirma existir essas tais mudanças de comportamento. “Das principais diferenças destaca-se a maior procura por clientes nacionais, a importância do fator confiança, clientes com menores gastos médios, procura por grupos mais pequenos e procura por menos aglomerados”. A AIRO sugere mesmo que “é neste novo paradigma de comportamento do consumidor que as empresas devem focar e dedicar esforços e atenção para prestar um serviço de qualidade e que vá de encontro às expectativas dos clientes, por forma a visar a minimização dos impactos da pandemia, dentro dos possíveis”.

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Investimentos parados
Em relação a novos investimentos previstos para realizar durante o presente ano, 69% das empresas afirmaram existir investimentos planeados que tiveram de ser cancelados ou adiados e apenas 31% das empresas turísticas não planeava novos investimentos em 2020.
Quase metade das empresas afirmou que não tencionam realizar despedimentos, mas 19% diz que essa é uma possibilidade.
Quase 70% afirma que “a receita atual da empresa é a mais baixa desde a abertura da atividade, o que é preocupante”, realça o questionário. Por outro lado, neste ano de pandemia, 83% não acredita que as datas festivas possam ser uma oportunidade para aumentar a faturação.
Quando questionadas acerca do risco de encerramento da atividade turística, 46% das empresas consideram o risco como “moderado” e 23% da totalidade considera esse um risco “elevado”, enquanto que 23% assume o risco como “baixo”. Apenas 8% das empresas registam o risco de encerramento como “nulo”.

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