Quinta do Gradil aumentou facturação de um para quatro milhões em cinco anos

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A Quinta do Gradil (Cadaval) quadruplicou a sua facturação entre 2010 e 2016. O mercado externo continua a absorver metade da sua produção, mas a crise em Angola fez descer as exportações, que foram colmatadas por um maior incremento nas vendas nacionais.
Luís Vieira, administrador do grupo Parras, ao qual pertence a Quinta do Gradil, tem previstos investimentos de 1 milhão para aquele espaço e espera inaugurar em breve uma experiência de turismo industrial numa unidade de engarrafamento em Alcobaça que custou quase 20 milhões de euros.

No passado domingo, cerca de 200 pessoas realizaram um passeio de BTT em redor da Quinta do Gradil, que fica no Vilar, no sopé da Serra do Montejunto. Houve provas de vinhos e um almoço em torno de um porco no espeto em frente ao restaurante da quinta. Tratou-se de mais uma das muitas iniciativas que aquela quinta organiza para promover a sua imagem e a razão de ser da sua existência – os seus vinhos. Desde que Luís Vieira, proprietário do grupo Parras, comprou a quinta, em 1999, a sua facturação não parou de aumentar, apesar de a quantidade cultivada – 120 hectares – se ter mantido praticamente igual. Em 2010 vendeu um milhão de euros de vinhos, mas em 2015 atingiu os 4 milhões. Para tal recorreu à compra de uvas na zona da Alenquer e na Misericórdia (Lourinhã) para fazer vinho e procurou também acrescentar valor aos vinhos engarrafados, lançado novas marcas como foi o caso do Mula Velha. Este último é o vinho topo de gama da quinta, mas Luís Vieira lançou também o Castelo de Sulco, destinado a um segmento mais baixo, além de manter e fomentar as vendas da marca Quinta do Gradil. As exportações representam 50% das vendas, mas já representaram 60%. Uma descida que se explica sobretudo pela quebra de Angola, para onde, há menos de dois anos o grupo exportava 9 milhões de euros de vinho.

Agora, em um ano e meio, as vendas para aquele país caíram 4 milhões de euros. A resposta a esta quebra foi obtida num maior incremento no mercado interno e no reforço das exportações para os Estados Unidos, Canadá e Finlândia. No entanto, o maior destino no estrangeiro continua a ser a China. Luís Vieira diz que o facto de Portugal estar na moda em termos turísticos tem ajudado indirectamente a promoção dos vinhos. “Os vinhos portugueses têm um problema que é a falta de reconhecimento e de imagem do país. Mais do que os vinhos, importa o país e o nome Portugal. O boom do turismo em Portugal tem ajudado a posicionarmo-nos num mundo conturbado como uma região estável, mas isso só não chega. Quando Portugal vai lá para fora vender os seus vinhos, vende regiões, o que está errado. Deve-se vender é o nome Portugal. As regiões vêm por acréscimo”.

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AGUARDENTE E CERVEJA

Além dos vinhos o grupo Parras lançou também uma aguardente de 40 anos, cujas garrafas custam 126 euros na quinta, mas podem chegar aos 200 euros nalguns estabelecimentos. O administrador diz que é aguardente produzida pelo seu avô, envelhecida em cascos de carvalho. Trata-se de um nicho de mercado que não é displicente, tal como não é uma “brincadeira” que o empresário se lembrou de fazer e que é a produção da cerveja artesanal Xana. “Não ganho dinheiro com isto, mas divirto-me e acho piada”, contou. Desde há cinco anos que o grupo Parras explora também a Casa das Gaeiras, cujos terrenos foram concessionados pela família Lupi Pinto Bastos. São só 20 hectares, com uma forte aposta nos vinhos brancos, mas que estão bastante valorizados devido ao prestígio daquela marca. “É um vinho mais emblemático e mais exclusivo”, resume Luís Vieira.

INVESTIMENTOS EM SÉRIE

Na Quinta do Gradil, o empresário vai recuperar o palácio que pertenceu ao Marquês de Pombal para ali instalar uma sala de eventos e uma adega de barricas. Um investimento de um milhão de euros, a que se seguirá, mais a médio prazo, a implementação de um conceito inovador de turismo rural baseado em bungalows que ficarão instalados no meio das vinhas. Recentemente, o grupo comprou duas herdades no Alentejo, na zona do Redondo. Trata-se das Herdades da Candeeira e da Vigia, que estão a ser alvo de um investimento de 7 milhões de euros nos próximos cinco anos. Destes, dois milhões serão afectos para construir uma adega na Herdade na Candeeira. Em Alcobaça, onde o grupo possui uma unidade de engarramento, foram investidos nos últimos anos quase 20 milhões de euros num projecto de turismo industrial, no qual os visitantes poderão fazer o seu próprio rótulo para as garrafas e assistir ao processo produtivo através de um roteiro pela fábrica. Um projecto que deverá ser inaugurado dentro de dois meses. Luís Vieira explica que este ritmo de investimento é só possível porque todos os lucros são reinvestidos, não havendo, por isso, distribuição de dividendos. O financiamento junto da banca, constitui, contudo, a parte de leão para estes projectos. O empresário não nega que os negócios lhe têm corrido bem. “O mercado dos vinhos valorizou-se num todo e tem crescido a nível nacional. E no estrangeiro o consumo mundial de vinho tem aumentado, mas não a produção, o que faz com que os vinhos se tenham valorizado”.

Carlos Cipriano

cc@gazetadascaldas.pt

O grupo Parras
O grupo Parras SGPS aumentou em seis anos a sua facturação de 20 para 45 milhões de euros. A sua imagem de marca é a Quinta do Gradil, que representa cerca de 10% da sua facturação pois há outras áreas de negócio dentro do grupo igualmente importantes. Uma delas a Goanvi – Central de Engarrafamento de Bebidas, Lda. onde o grupo engarrafa as suas marcas (que representa 80% da produção desta unidade), prestando também serviços para outras empresas do sector. Na Parras SGPS contam-se ainda a Casa das Gaeiras (em regime de concessão) e as herdades do Alentejo. Mas há também a Parras Wines Distribuição, destinada à produção e comercialização das marcas criadas pelo grupo nas várias regiões vitivinícolas, bem como a empresa Bernardinos & Carvalho vocacionada para os vinhos a granel. Esta última é uma actividade que Luís Vieira compara à da banca: “Tal como os bancos
se encarregam de captar o dinheiro que sobra e canalizá-lo para onde ele falta, também neste negócio se trata de adquirir o vinho excedente e reencaminhá-lo para onde está a faltar. Nós compramos vinhos em Portugal e em Espanha e depois misturamo-lo – nas quantidades e castas certas – para obter um vinho com determinadas características que engarrafamos e vendemos ao cliente no estrangeiro”. C.C.

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