A antiga Rol, na estrada da Tornada, deixou de renovar os contratos a prazo e está a negociar rescisões de contrato com pessoal do quadro com vista a reduzir em uma centena o seu número de funcionários, que ronda mais de 400 pessoas. Alterações na indústria automóvel a nível mundial e alguns excessos na gestão recente da unidade caldense da Schaeffler, ditaram um emagrecimento para procurar reduzir custos e aguentar a fábrica na cidade.
A Schaeffler pretende rescindir o contrato com cerca de uma centena de trabalhadores até ao fim do ano e deixou de renovar contratos com pessoal temporário. O objectivo é reduzir custos e adaptar-se a uma quebra na produção que tem sido ditada por alterações estruturais na indústria automóvel mundial e pela deslocalização de alguma produção da fábrica caldense para outras unidades do grupo.
Entre os trabalhadores da fábrica há rumores de que a fábrica pode fechar, mas, para já, o objectivo é segurá-la através de um emagrecimento do seu pessoal e de uma nova gestão mais focada em reduzir o preço de custo das peças ali fabricadas.
A empresa saiu-se bem dos anos da crise, apesar de em 2009 ter estado em lay off, laborando apenas quatro dias por semana. Em 2010 já tinha recuperado e estava a recrutar pessoal com vista a passar dos 300 para os 400 trabalhadores e voltou a laborar 24 horas por dia com o pessoal a trabalhar por turnos.
O encerramento de uma fábrica do grupo Schaeffler na Alemanha foi benéfica para a unidade industrial caldense que assim beneficiou da deslocalização dessa produção para Portugal.
No início de 2011 o plano de investimentos da empresa em Portugal era de 15,4 milhões de euros, traduzido sobretudo na compra de maquinaria moderna, o qual veio a concretizar-se na sua quase totalidade. Entretanto, o número de trabalhadores chegou a ultrapassar os 500, consolidando a Schaffler como a maior empregadora privada das Caldas da Rainha.
Seguiram-se anos de oiro, mas também algumas alterações profundas no modelo de gestão que obrigaram a um aumento do número de colaboradores indirectos (e respectivos encargos) e não tiveram em conta aquilo que tinha sido o ADN da fábrica do Lavradio desde que passou a integrar uma empresa multinacional – os baixos custos de produção de cada rolamento. Das Caldas, os patrões austríacos e alemães só esperam peças boas e baratas, sendo a sua comercialização e as grandes decisões de gestão tomadas na sede da empresa.
A dificuldade em manter uma produção de rolamentos a baixo custo e alterações no mercado mundial deste produto levaram a fábrica do Lavradio a perder grandes clientes como a Siemens, a Bosch e a Zanussi.
À concorrência mundial na qual a Schaeffler compete, há também a concorrência interna entre as próprias fábricas do grupo, tendo Portugal de competir, sobretudo, com as unidades industriais da Índia e da Hungria.
Recentemente esteve no Lavradio uma equipa de húngaros para receber formação pois uma parte da produção da fábrica caldense vai ser deslocada para a Hungria. Uma decisão que explica também a redução de pessoal agora em curso.
Na Schaeffler portuguesa também os actores mudaram. Durante décadas de estabilidade o alemão Reinhold Loy, secundado pelo português Carlos Gouveia, foram o rosto da velha Rol (designação pela qual ainda hoje a fábrica é conhecida). Loy saiu em 1999 e Carlos Gouveia sucedeu-lhe até 2014. Seguiu-se Mário Cunha como director-geral, que se manteve em funções até 2017. Desde então a gestão caldense está a cargo de Hans-Juergen Ritter.
Contactada pela Gazeta das Caldas para tentar esclarecer a situação actual da empresa, fonte oficial da Schaeffler respondeu que “considerando a situação da industria automóvel a nível mundial, não nos é possível de momento facilitar qualquer informação”.