Tinta Ferreira pede medidas de qualificação para os imigrantes no sector do turismo

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Tinta Ferreira, Luís Araújo e Ana Mendes Godinho estiveram na abertura do seminário que decorreu no CCC
Tinta Ferreira, presidente da Câmara das Caldas, pediu à secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, medidas para qualificar a mão-de-obra estrangeira no sector do turismo e também o reforço do SEF para que os fluxos de imigração possam aumentar. O autarca realçou que o sector precisa dos imigrantes devido à falta de mão-de-obra nacional, mas teme que a falta de qualificação possa fazer baixar a qualidade do serviço.

Dirigindo-se directamente a Ana Mendes Godinho, Tinta Ferreira afirmou que existe “um problema de quantidade e qualidade dos recursos humanos a trabalhar nesta actividade”.
O problema começa com a falta de mão-de-obra nacional qualificada, que é potenciado pela saída dos recursos qualificados que procuram melhores salários noutros países.
A dificuldade em ter trabalhadores faz com que as empresas deste e de outros sectores se virem para a imigração, o que também acarreta problemas. “Há uma quebra de qualidade por força da entrada de pessoas que não têm formação, mas das quais o mercado precisa para continuar a ter os estabelecimentos a funcionar”, realçou Tinta Ferreira.
A solução poderá passar, segundo o edil, por actuar na qualificação da mão-de-obra estrangeira. “Essas pessoas precisam de beneficiar da formação para adultos, em horários nocturnos, nas escolas de turismo”, sugeriu.
Outra solução para a questão da falta de trabalhadores com que este e outros sectores de actividade se debatem, é “reforçar os quadros do SEF para ter capacidade de receber adequadamente as pessoas que vêm de fora para ser mão de obra em Portugal”, disse.
O presidente da Câmara falou durante a sessão de boas-vindas do seminário de abertura do Programa Nacional de Qualificação da Administração Local Autárquica para o Turismo (ALA+T), que decorreu no passado dia 19 de Setembro no CCC, nas Caldas da Rainha.
Tinta Ferreira abordou o crescimento que o sector do turismo tem evidenciado no concelho, acompanhando a tendência regional e nacional. A construção de mais duas unidades hoteleiras – nos Pavilhões do Parque e nas antigas instalações de Secla – e a reabertura do termalismo, fazem crer ao autarca que as dormidas vão continuar a aumentar no concelho.
Caldas da Rainha beneficia da diversidade de oferta que o Oeste proporciona, “como o surf na Nazaré e Peniche, o castelo de Óbidos, o mosteiro de Alcobaça, ou proximidade de Fátima”, realçou o presidente da Câmara das Caldas, observando que o concelho tem tido uma taxa de crescimento das dormidas superior aos outros concelhos da região.

TURISMO DINAMIZA OS TERRITÓRIOS

Ana Mendes Godinho, que discursou a seguir a Tinta Ferreira, não respondeu a nenhum dos desafios do autarca caldense, preferindo focar-se no programa ALA+T. Disse que é fundamental para o sector que os técnicos públicos que estão no terreno tenham “instrumentos” para perceber como funciona o mercado, “para que os nossos destinos sejam cada vez mais competitivos”. E reforçou a necessidade de se trabalhar em rede nos diversos níveis da administração pública, local, regional e central.
A secretária de Estado apresentou alguns números importantes, como o crescimento de 45% das receitas de turismo no país nos últimos três anos, o facto de Portugal ter sido em 2018 o país da União Europeia com maior volume de receitas de turismo, ou o atingir de 10 milhões de dormidas no interior, também no ano passado. Resultados que se devem ao trabalho de promoção dos destinos junto dos públicos que estão mais predispostos a viajar para Portugal.
Ana Mendes Godinho considera que o Turismo deve ser mais do que o instrumento para atrair novos visitantes porque é um pólo dinamizador das regiões. “O turismo atrai novos investimentos, novos residentes, estudantes, inovação, filmes internacionais. É um instrumento de mobilização cultural, de aceleração da sustentabilidade ambiental, desde que tenhamos o foco de colocar isso nas nossas prioridades”, afirmou.

 

É fundamental trabalhar em rede

O programa ALA+T é dirigido aos técnicos públicos de turismo e reúne câmaras municipais, CIMs, entidades regionais de turismo e comissões de coordenação e desenvolvimento regional no âmbito do desenvolvimento, com o objectivo de colocar estas entidades a trabalhar em rede.
Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, disse que este é um programa importante para o sector, porque nenhum outro é dirigido aos territórios de forma tão directa, uma vez que este é dirigido “às pessoas que estão no terreno e têm poder de decisão na oferta do território e nas experiências que se disponibilizam aos turistas”.
O presidente do Turismo de Portugal realçou que é cada vez mais fundamental trabalhar em rede para promover o país, lembrando que no turismo já não existem fronteiras entre os países, pelo que o mesmo deve acontecer entre as regiões.
Nesta segunda edição, o programa terá seis master classes nos meses de Outubro e Novembro e ainda uma outra fase para elaboração de projectos de desenvolvimento turístico supramunicipais com vista à dinamização da actividade no território. Os três melhores projetos poderão ser alvo de apoio pelo Turismo de Portugal.