Torres Vedras promoveu debate sobre modernização da linha do Oeste

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Runa é uma das estações que estão no concelho de Torres Vedras e que se encontra abandonada - Carlos Cipriano
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A preservação do património ferroviário e as passagens de nível foram os temas mais abordados no debate que a Câmara de Torres Vedras promoveu na passada segunda-feira, 19 de Março, no seu auditório municipal e que reuniu cerca de 30 pessoas, na sua maioria deputados municipais e presidentes de juntas de freguesia.
Mas, estranhamente, não esteve presente ninguém da Infraestruturas de Portugal. Foi um vereador do município que fez um resumo da apresentação.

A modernização da linha do Oeste vai acarretar a destruição ou descaracterização das estações, as quais se mantém praticamente inalteráveis desde há muitas décadas? Ao prescindir de pessoal nessas estações (devido à sinalização automática), a Infraestruturas de Pessoal vai deixá-las ao abandono e sujeitas ao vandalismo?
Estas algumas das preocupações levantadas durante o debate em Torres Vedras. Preocupações a que o presidente da Câmara, Carlos Bernardes, respondeu que confiava na Infraestruturas de Portugal e na sua abertura para darem vida ao património edificado ferroviário.

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O concelho de Torres Vedras é o que tem mais estações no troço da linha do Oeste que tem o projecto de modernização em fase de Estudo de Impacte Ambiental. Abrange Outeiro da Cabeça, Ramalhal, Runa e Dois Portos, para além da própria estação de Torres Vedras.
Daí a chamada de atenção à Infraestruturas de Portugal para que, na sua senda modernizadora, não mostre insensibilidade ao património histórico-cultural edificado e tenha algum cuidado ao colocar postes, catenária e equipamento técnico moderno, sem destruir o que já existe.
A maioria dos presidentes de junta mostrou-se preocupada, por um lado, com a manutenção de algumas passagens de nível e, por outro, com a forma como alguns desses atravessamentos vão ser substituídos por viadutos e o impacto negativo que estes terão na paisagem.
Uma das propostas apresentadas referia-se à necessidade de relocalizar a estação de Runa (hoje transformada em apeadeiro) mais próxima da povoação que serve, algo que não seria muito caro pois bastava construir uma plataforma e um abrigo junto à linha.
A construção de parques de estacionamento junto às estações foi também um dos aspectos abordados, sobretudo porque o Estudo de Impacte Ambiental prevê que o número de passageiros duplique entre Torres Vedras e Lisboa após a modernização da linha.
Embora não tenha consultado o operador CP para a fazer o estudo, a Infraestruturas de Portugal diz que passará a haver 24 comboios em cada sentido por dia entre Torres Vedras e Lisboa, em vez dos oito actuais. E que o tempo de percurso será reduzido para 50 minutos em vez da 1 hora e 40 minutos actuais.
Estes valores, porém, comparam o que não é comparável pois hoje os comboios param em todas as estações e apeadeiros e o estudo aponta para os 50 minutos com apenas duas ou três paragens.
Contudo, no anos 80 do século passado o comboio mais rápido ligava o Rossio a Torres Vedras em apenas 68 minutos. Passar agora para 50 minutos meio século depois é claramente um ganho pouco significativo, mas isso tem uma explicação: a Infraestruturas de Portugal não fez as simulações dos tempos de viagem com base em material motor moderno, mas sim com velhos comboios eléctricos dos anos 70 do século passado. Na prática, os tempos de percurso que se realizarão na linha do Oeste após a modernização serão claramente mais favoráveis.
O presidente da Câmara, Carlos Bernardes, disse que iria levar todas as sugestões à Infraestruturas de Portugal.
O Estudo de Impacte Ambiental está em consulta pública até 27 de Março. Torres Vedras foi o único município que realizou um debate sobre o projecto de modernização da linha do Oeste.

Não havia necessidade

Até ao último momento a Câmara de Torres Vedras aguardava a confirmação de um representante da Infraestruturas de Portugal para o debate. Mas, estranhamente, não apareceu ninguém.
No final da sessão, questionado pela Gazeta das Caldas, o presidente da Câmara, Carlos Bernandes, respondeu que não tinha convidado a empresa gestora de infraestruturas para o debate. E perante a surpresa do jornalista, garantiu que não senhor, que tinham optado por não convidar ninguém porque não entendeu necessário.
No entanto, fonte oficial da Infraestruturas de Portugal afirmou à Gazeta das Caldas que a empresa tinha sido convidada, mas que a pessoa que deveria ir a Torres Vedras não o pôde fazer por motivos de agenda. Não havia necessidade do presidente mentir.

 

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