A ideia de explorar gás e petróleo em Aljubarrota não é uma novidade, mas pode ser uma realidade a breve prazo. Isto porque há uma empresa australiana que quer fazer prospecções já em 2019. O objectivo é chegar ao depósito da Dagorda fazendo um furo com 3200 metros de profundidade. A Australis quer saber se é necessário estudo de impacto ambiental e deixou um plano de trabalhos em consulta pública.
Uma empresa australiana de petróleo e gás quer fazer um furo para procurar gás natural em Aljubarrota já em 2019.
Depois de em Setembro de 2015 ter firmado contratos de concessão para a prospecção em Alcobaça, a Australis – uma empresa criada em 2014 pelos gestores da Aurora Oil&Gas – enviou recentemente um plano de trabalhos e um estudo ambiental à Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis e à Agência Portuguesa do Ambiente, para que estes determinem se a perfuração deve ser sujeita a um estudo de impacto ambiental.
No relatório que está disponível para consulta pública informa-se que o objectivo das prospecções é atingir o depósito da Dagorda. Para tal será usado o método da sondagem horizontal, em vez de vários poços verticais. Este método passa por fazer apenas um furo vertical, com 3200 metros de profundidade, a partir do qual a perfuração segue de forma horizontal durante 300 a 700 metros.
O projecto está dividido em três fases: a primeira é a preparação, construção e instalação de tudo o que for necessário para a prospecção e prevê-se que demore 60 dias, com 22 pessoas a trabalhar com gruas, escavadoras, bulldozers, cilindros e camiões.
A segunda fase, que dura 90 a 120 dias, é a sondagem e, caso se encontre gás, o teste do poço.
Na sondagem faz-se o referido furo a 3200 metros e depois sela-se a secção inferior da sondagem piloto dos 2860 metros até aos 2000 metros, iniciando depois a sondagem horizontal a partir dos 1050 metros de profundidade.
Uma vez encontrado gás, faz-se um teste preliminar de sete dias com recurso a equipamentos instalados no local. Na fase de teste do poço inclui-se o famoso teste da queima em tocha.
Na eventualidade de êxito nos testes iniciais, entra-se na fase de testes de longo prazo, por um período estimado de seis meses.
A última fase do projecto é a desactivação com a recuperação ambiental e paisagísta.
O IMPACTO SÓCIO-ECONÓMICO…
Em termos económicos, este projecto prevê um grande impacto na economia local, devido à criação de postos de trabalho e consumo de materiais. “Gerará oportunidades reais de negócio local para companhias portuguesas, como por exemplo, empresas de construção civil e edificação de estaleiros para a implantação da sonda, empresas de sondagem e captação de águas, empresas de levantamentos topográficos e cadastrais, logística e transportes pesados, transportes individuais, empresas de gruas, serviços de metalomecânica”, refere a empresa no relatório.
A execução do furo ficará a cargo de uma empresa portuguesa, que não é identificada no documento.
Em termos económicos há ainda o pagamento de taxas e impostos, bem como o pagamento do aluguer ou compra da parcela para localização do poço da Batalha.
No mesmo documento refere-se que “não existe localização definitiva e exacta” e que esta dependerá de vários factores. Assim é estabelecida uma área com um quilómetro de raio.
… E OS IMPACTOS AMBIENTAIS
Em termos ambientais, fica assente que “serão utilizadas bacias de retenção para evitar derrames que contaminem solos e aquíferos” e que “no caso de haver vegetação no local, esta deverá ser retirada. O solo mais à superfície será retirado e colocado no local para uma futura recuperação ambiental e paisagista do local, após o abandono do poço”.
A água a utilizar, “no caso de não poder ser obtida a partir da rede de distribuição local, prevê-se a realização de um furo de água para abastecimento e utilização”. O consumo está estimado entre 4000 a 6000 metros cúbicos de água para todas as fases.
Numa análise preliminar, a empresa refere que não será feita captação de água superficial e que esta só poderá ser afectada em caso de acidente, como um derrame durante o transporte. Já as águas subterrâneas podem ser contaminadas por vazamentos não planeados ou pelo contacto com os produtos químicos usados na sondagem. A gestão inapropriada dos esgotos é outra possível fonte de contaminação dos aquíferos.
QUAL O DESTINO DOS RESÍDUOS?
Segundo a empresa, “os resíduos provenientes da operação de sondagem, serão transportados e depositados em locais apropriados, tais como aterros sanitários, através de uma empresa de gestão de resíduos devidamente licenciada para o efeito”.
Depois existem os resíduos perigosos. A empresa diz que “expectável que a quantidade de resíduos perigosos especiais resultantes seja pequena, mas exigirá cuidados especiais”.
No estudo que está para consulta pública apresenta-se como potencial acidente relevante para este tipo de projeto uma erupção não controlada, que acontece como consequência de um fluxo descontrolado de fluídos, gás, petróleo ou água, do reservatório para o poço, às vezes com consequências catastróficas ao nível da superfície.
Tal poderia acontecer durante a fase de sondagem ou durante as fases de teste e em casos graves pode levar a uma libertação descontrolada de hidrocarbonetos, com combustão ou não, na superfície do poço. Mas a probabilidade de uma tal ocorrência é muita baixa – uma vez em cada 10 mil sondagens.
Gazeta das Caldas tentou obter mais esclarecimentos junto da Australis – que tem oito anos para fazer prospecção nas zonas da Bacia Lusitânica, entre Batalha e Pombal – mas não recebeu resposta.
Foi este artigo de “publicidade” pago pela Australis? Só pode … porque falta muita informação sobre as centenas de riscos que esta exploração trás com ela … talvez escreverem um artigo sério e balançado seja uma muito boa ideia? Fica a recomendação …