Web Summit abre novos mercados às tecnológicas de Óbidos

“Conseguimos em quatro dias chegar a potenciais clientes e investidores que nunca teríamos essa oportunidade através dos canais de prospecção normalmente usados pelo nosso departamento comercial”. As palavras são de Paulo Sábio, administrador da Newoxygen, uma das três empresas do PTO (Parque Tecnológico de Óbidos) que marcaram presença na cimeira que levou cerca de 60 mil pessoas de mais de 160 países ao Parque das Nações, em Lisboa. O empresário destaca que ali encontraram líderes empresariais e investidores de topo, muitos deles pela primeira vez em Portugal.
A Newoxygen apresentou o produto wInvoice, um software que permite ao utilizador, quando está a fazer uma compra, ter acesso em tempo real, através do smartphone, a informações importantes à escolha de um artigo em detrimento de outro, como as promoções daquela secção, localização do artigo, ou outras. Já no momento da venda, deixa de ser emitida uma factura em papel, passando esta a ser enviada para uma mobile app em formato digital e que será também enviada automaticamente para o portal e-factura. “Deixaremos assim de andar com dezenas de papéis no bolso que, nos momentos de activação das garantias, nunca encontramos e, por outro lado, conseguimos obter dados estatísticos daquilo que é o nosso comportamento enquanto consumidores ao longo do tempo”, explica o responsável à Gazeta das Caldas.
De acordo com Paulo Sábio, o produto teve uma “excelente” receptividade pelos diferentes players do sector do retalho. “Por ser inovador e trazer muitas mais valias ao consumidor estamos hoje em conversações com as principais cadeias de retalho portuguesas e também algumas na Ásia”, explicou.
O empresário destaca a importância do Web Summit para potenciar a criação de empresas (chamadas start-ups) e produtos tecnológicos. E concretiza: “metade do emprego criado nos últimos dois anos em Portugal foi por empresas tecnológicas”. A Newoxygen, por exemplo, em menos de dois anos quadruplicou o número de recursos técnicos nos seus quadros.

Inteligência Artificial para a agricultura

Para Ana Silva, da empresa Agriw, a participação na cimeira foi “muito intensa e positiva”, permitindo-lhes fazer contactos e dar a conhecer os seus produtos e a própria empresa a muita gente do negócio digital. “Agora estamos a trabalhar para fazer esses contactos crescerem e dar frutos”, diz. [showhide]

[caption id="attachment_104287" align="alignright" width="300"] A Agriw mostrou o Agrozapp, uma plataforma de apoio à agricultura e o Toscan, um assistente virtual[/caption]

A Agriw apresentou o Agrozapp, uma plataforma de apoio à agricultura e, em especial, o Toscan que é um assistente virtual de apoio à tomada de decisão, baseado num sistema de Inteligência Artificial. “Este assistente estabelece uma relação entre todos os intervenientes numa exploração agrícola, através de uma prescrição assistida, simplificando e tornando o trabalho mais eficiente”, explica Ana Silva.
De acordo com a responsável, o Toscan recebe e processa informações provenientes de várias fontes e, com base nos dados, sugere aos utilizadores as acções que devem ser efectuadas, entre visitas ao campo, observações, rega, aplicação de produtos, fertilizantes, mobilizações de solo ou colheita.
A receptividade ao produto foi boa, tanto por parte de curiosos, como de especialistas em diversas tecnologias, representantes de empresas nacionais e internacionais e também investidores, referiu a responsável. O facto de estarem a apresentar um sistema que se baseia em inteligência artificial, “por si só já é um bom chamariz, e quando o relacionamos com a agricultura e apresentamos o seu potencial, conseguimos criar um certo deslumbramento”, acrescentou.
Ana Silva salientou ainda que foi notório, mesmo ao nível dos investidores nacionais e das grandes empresas, “um empenho especial na implementação de novas estratégias, angariação de capital, criação de incubadoras, com o objetivo de criar mais e melhores relações com outras empresas internacionais, e eventuais co-investimentos”.
Aumentar eficiência e reduzir custos

[caption id="attachment_104286" align="alignleft" width="300"] A empresa Makewise apresentou três produtos que recorrem à Visão por Computador e Inteligência Artificial[/caption]

Também a Makewise, anteriormente sediada nas Caldas da Rainha, marcou presença no Websummit, onde apresentou três produtos, que recorrem à Visão por Computador e Inteligência Artificial para automatizar operações do dia-a-dia, aumentando a eficiência e reduzindo os custos numa empresa. Na área dos transportes apresentaram um sistema que identifica viaturas que não pagam o abastecimento em áreas de serviço e que permite impedir o acesso às bombas de pré-pagamento e praticamente eliminar as fugas. Na área da logística, mostraram uma solução que identifica e faz medições de cargas de matérias primas (no caso madeira), através de sensores visuais.
Já na área do retalho, a Makewise demonstrou um produto para uso em restaurantes e cantinas que identifica a comida colocada num tabuleiro e faz automaticamente a conta.
Gonçalo Abreu, sócio-gerente da empresa tecnológica, disse à Gazeta das Caldas, que a receptividade aos produtos superou as expectativas. “Levámos uma demonstração interactiva onde as pessoas colocavam objectos em miniatura em frente a uma câmara que eram reconhecidos e mostrada informação sobre a nossa oferta para essa área”, disse, acrescentando que não tiveram “mãos a medir” com interessados em aplicar a tecnologia da Makewise nas suas operações.
Esta empresa, sediada no PTO, tem como clientes vários empresas em Portugal e iniciou já a sua expansão internacional para os EUA e Reino Unido.
O empresário destaca também a importância da Web Summit pelo grande número de conferências que decorrem em paralelo e apresentam o estado da arte da tecnologia que se faz pelo mundo fora. “Há mesmo inovações que são reveladas em primeira mão na Web Summit”, salienta.

Alunos de Óbidos ouviram robôs a falar de Inteligência Artificial

[caption id="attachment_104289" align="alignright" width="300"] Os alunos de programação, junto dos professores, a assistir às conferências[/caption]

A conversa entre Einstein e Sophia, dois robôs humanóides com pontos de vista muito diferentes, foi uma das conferências a que assistiu a turma de 11º ano do curso profissional de Gestão de Programação e Sistemas Informáticos, da Escola Josefa de Óbidos. Os sete alunos, acompanhados por três professores, estiveram no Web Summit, a 7 de Novembro, o dia em que se falou de Inteligência Artificial.
Tudo surgiu com um concurso para ir à mais famosa cimeira tecnológica, que lhes permitiu ganhar os bilhetes de ingresso. “Para os alunos foi uma mais valia e foi um dia muito interessante, pois ouviram falar sobre Inteligência Artificial, tema que também abordam na escola”, explicou a Ivone Cristino, uma das professoras que acompanhou o grupo.
A docente destaca ainda que esta visita permitiu aos jovens conhecer um meio diferente, dentro da área que estudam, a programação.
Também a Gazeta das Caldas marcou presença no Web summit. A responsável pelo Marketing e Comunicação deste semanário, Sara Lopes, acompanhou a cimeira, nomeadamente as principais conferências que decorreram durante os quatro dias.

Os alunos de programação, junto dos professores, a assistir às conferências

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F.F.