A reinterpretação de um almoço quinhentista foi o resultado final do projeto integrador do 2º ano da turma de Técnicas de Cozinha e Pastelaria
O pátio da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) transformou-se, na semana passada, num local de banquete onde foi servida uma reinterpretação de um almoço quinhentista.
“Sabemos que a Rainha D. Leonor e D. Manuel adoravam receber os viajantes que vinham nos barcos de além-mar, então tentámos recriar um pouco essa recepção”, explicou à Gazeta das Caldas, Cristina de Jesus, diretora da turma do 2º ano de Técnicas de Cozinha e Pastelaria, que organizou a iniciativa. O repasto foi o resultado final do projeto integrador da turma de 15 alunos, que teve por mote “A cidade que nasceu das águas”, e durante dois anos foi trabalhado nas várias disciplinas.
Os alunos foram também visitar o Hospital Termal e assistiram a palestras sobre a alimentação quinhentista, proferidas por Margarida Varela, uma estudiosa da época e da Rainha D. Leonor e responsável pela Rota Rainha das Águas. De acordo com a investigadora caldense, que também marcou presença no almoço temático, não há receitas concretas da época mas há um livro de culinária, escrito pela infanta D. Maria, que “é considerado o mais antigo do mundo”, e a partir do qual é possível inferir o que se cozinhava na altura. Também o registo de compras do Hospital Termal permite perceber o que era consumido quando os monarcas estavam nas Caldas.
Foi nos alimentos existentes na época que os alunos se basearam para recriar a refeição, composta por entrada, prato de peixe e de carne, e sobremesa. A acompanhar o repasto apenas água e vinho (Cistercium), este também feito como nos tempos medievais, na Quinta dos Capuchos, em Alcobaça.
“Tentámos não utilizar nada que não existisse na altura, mas com apresentações modernas”, salientou a professora Cristina de Jesus, destacando que a ementa da altura já era bastante rica.
O almoço foi intercalado com alguns apontamentos culturais. Margarida Varela considera que o turismo “deve olhar com mais respeito para o que se fez no Hospital Termal e tirar proveitos disso”, lembrando que, por exemplo ao nível da gastronomia, D. João V fazia-se acompanhar por cozinheiros que era “autênticos” chefs Michelin. ■