Inteligência emocional precisa-se a par com conteúdos escolares

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Jovem do ensino secundário testemunhou que escolas não podem apenas estar preocupadas com notas e exames. É preciso dar ferramentas emocionais também.

Iniciativa conclui que a gestão das emoções poderia ser dada nas escolas, a par com as matérias de estudo

“A inteligência emocional nas escolas” deu o mote à mesa redonda realizada a 7 de setembro, na Biblioteca das Caldas e que contou com a participação de 110 pessoas. A iniciativa da autarquia e da Academia Portuguesa da Superação e do Desenvolvimento Humano (APSDH), com o apoio da Gazeta das Caldas, trouxe o contributo de professores, coaches, psicólogos e de enfermeiras sobre este tema que está na ordem do dia. Matilde da Branca, uma jovem caldense do ensino secundário deu o seu testemunho sobre o que falta nas escolas e até deixou alguns conselhos sobre o que é preciso melhorar.
“Sempre fui boa aluna e até chegar ao ensino secundário tive sempre o mesmo grupo de amigos, na mesma turma”, contou. Ao chegar ao secundário, Matilde da Branca viu-se perante o desafio de seguir sozinha para a área de Economia enquanto a maioria dos seus amigos seguiu para Ciências. “A adaptação foi complicada…E sentimos que não houve qualquer preparação emocional para tal mudança”, disse a jovem que acha que há muita “coisa a ser feita e outras que deveriam ser alteradas”.
A caldense não sabia que havia, no secundário, tanta competição entre alunos e foi duro ter que trabalhar as relações com novos colegas.
“Há um grande investimento nas disciplinas para exames mas falta bom senso e aprendizagem para lidar com as emoções”, referiu. E até contou que teve um professor de Economia que deu à sua turma uma aula dedicada à Inteligência Emocional. “Foi uma intervenção cheia de frases motivacionais mas com poucos conselhos práticos”, resumiu a interveniente, que acha que é preciso haver mais preocupação com o bem estar de todos, defendendo uma maior empatia escolar. Do seu percurso escolar, ficaram-lhe na memória algumas aulas de Cidadania e de Religião e Moral onde, na primeira, cada um fez perguntas nunca antes feitas e que foram colocadas numa caixa e foram analisadas com a ajuda de um psicólogo. Na segunda, aprendeu as diferenças entre as religiões e, estas sim, “são aprendizagens que deveriam ser valorizadas”, disse. Na sua opinião é preciso ainda investir “no desenvolvimento do espírito crítico dentro das salas de aulas”. E quanto às apresentações é importante que haja sensibilização para vários temas, “mas falta intervenção, ação e solução à grande maioria das apresentações”, rematou a jovem caldense.
Ana Henriques, coach parental e elemento da Academia, centrou a sua intervenção nas questões ligadas ao mindfulness, à PNL e às necessidades dos jovens, como “a segurança, ser vistos, ser escutados e de ser guiados”. Por sua vez, a psicóloga Andreia Mendes, que integra o grupo de inteligência emocional e mindfulness do Colégio Rainha D. Leonor, chamou a atenção para a importância da escuta ativa, da empatia e da meditação mindfulness, importantes no trabalhar das emoções de cada um. Carlos Pessoa – professor da Escola de Sto. Onofre que gere a Eco-Escola e também da horta daquela escola – abordou um novo projeto sobre as plantas alimentícias não convencionais, como as beldroegas ou até as urtigas. O docente, que chegou a trabalhar com Gonçalo Ribeiro Telles no início da sua carreira, está disponível para desenvolver ideias de expansão de hortas nas Caldas. Paulo Moreira, especialista da inteligência emocional, enviou a sua intervenção através da internet, tendo colocado o foco na falta de literacia emocional, na escolas e nas famílias. A parca compreensão das emoções “tem consequências no bem-estar psicológico das crianças e jovens”. O convidado defendeu ainda que a regulação emocional “deve ser uma preocupação de todos e que tem sido crescente nos últimos tempos”, referindo bons exemplos já implementados em escolas portuguesas.
A preocupação com a saúde mental foi tema também de Graça Rito, Patrícia Leal e Vera Leal que deram a conhecer projetos, ligados ao ACES Oeste Norte e também ao CHO e que estão nas escolas. As profissionais chamaram a atenção para a necessidade de prevenção do suicídio, “que é a quarta causa de morte entre os jovens”.
A vereadora Conceição Henriques deu a conhecer que nas escolas caldenses será implementado um projeto relacionado com este tema, a partir de janeiro, mas deixou a porta aberta para que outros possam ser, futuramente, avaliados e implementados. Joaquim Sobreiro Duarte, da APSDH, contou à Gazeta das Caldas que já está em preparação a Convenção desta associaçãoe que esta será dedicada à Saúde Mental. Esta decorrerá na região Oeste e será realizada no próximo mês de novembro.■