Interculturalidade na Escola

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Patrícia Oliveira
técnica superior ministério da educação

A multiculturalidade/ interculturalidade surge na nossa sociedade como um dos resultados da globalização, de um Mundo onde os países interagem e as pessoas se aproximam a nível social, cultural e político. Portugal é atualmente um país de acolhimento.
A multiculturalidade/interculturalidade requer então um modelo de desenvolvimento assente em comunidades nas quais coexistam maiorias e minorias, numa sociedade dinâmica e aberta, inclusiva, isenta de discriminações, diferente e que aceite a diferença. É fundamental que a diferença seja conotada de forma positiva.
Estas famílias que coabitam connosco têm crianças que frequentam as nossas escolas e
transformaram-na por completo.
Os movimentos migratórios na Europa tinham tradicionalmente causas económicas, procurando os cidadãos melhores condições de vida e de trabalho. Mais recentemente, outras razões surgiram, decorrentes de conflitos e guerras. Esta crescente mobilidade de populações com diferentes culturas nem sempre é percecionada como fonte de enriquecimento, e, pelo contrário, muitas vezes é manipulada como ameaça social.
Os resultados do estudo da Agência Europeia mostram que as escolas, na Europa, estão a transformar-se e a tornar-se mais multiculturais, o que implica a necessidade de responder às novas situações educativas quer das famílias que chegam a países europeus como refugiadas ou em busca de asilo, quer das que se encontram em trânsito.
À luz dos estudos desenvolvidos por Banks (1993) podemos inferir que numa educação multicultural deve-se refletir a diversidade cultural da sociedade, sendo que todas as crianças deverão beneficiar de igualdade educativa. Para atingir este fim e caso se revele necessário dever-se-á modificar valores e atitudes dos funcionários da escola, o currículo e materiais didáticos, processos de avaliação, metodologias, valores e normas do próprio estabelecimento de ensino.
A este propósito, damos como exemplo de boas-práticas, o Kit de Boas-Vindas / Manual de Acolhimento para alunos imigrantes, lançado por Patrícia Oliveira e mais recente apadrinhado por António Lacerda Sales, Ex-Secretário de Estado da Saúde e atual Deputado na Assembleia da República.
Este recurso pretende constitui-se como uma ferramenta de integração social e cultural para alunos estrangeiros, promovendo um bom acolhimento escolar, dando resposta ao aumento de alunos de diversas nacionalidades que chegam a Portugal e neste caso concreto à cidade de Leiria.
O seu objetivo para além da promoção da melhor integração, é também promover a aceitação e valorização das diferenças e contribuir para a edificação de uma sociedade em que todos os cidadãos beneficiem de igualdade de oportunidades.
Marques (2003: 76) salienta o papel da “pedagogia intercultural como valorização de
culturas e das identidades culturais, como ferramenta de intervenção, de diálogo, de
conhecimento, de enriquecimento mútuos”.
Deste modo, cabe à escola aos docentes e não docentes, na sua missão, cumprir a tarefa de cooperar no sentido da formação integral da pessoa, combinando o saber com a liberdade e o incentivo à participação, isto é, trabalhar no sentido de formar cidadãos informados, solidários,
conscientes, exigentes e intervenientes, no âmbito de uma cidadania efetiva. ■