Um auditório cheio para assistir às Jornadas do Empreendedorismo
Em Portugal existe uma associação que ajuda pessoas com deficiência motora e que é um exemplo de empreendedorismo. A história foi contada nas Jornadas do Empreendedorismo da EHTO, onde se falou dos casos de uma empresa que vende pão de ló de Alfeizerão há 93 anos e que se tem reinventado e de três caldenses a dar cartas nas respectivas áreas: um jovem que está a estudar numa universidade inglesa e que quer abrir o seu restaurante nas Caldas, um empresário que se destaca no mundo das bebidas e um consultor que também é escritor.
Quando se ouve falar de empreendedorismo pensa-se muitas vezes no seu lado empresarial, mas este é um conceito que se aplica também ao mundo associativo.
Existe em Portugal uma associação que luta por tornar a vida de deficientes motores menos complicada. Eliminam barreiras numa sociedade que teima em esquecer-se de o fazer.
É um caso de empreendedorismo curioso. Chama-se Associação Salvador, nome do seu fundador, que com 16 anos teve um acidente nas Caldas e ficou tetraplégico.
Com esta trágica mudança na sua vida, Salvador Mendes de Almeida, hoje com 36 anos, apercebeu-se das barreiras que o mundo coloca a quem é igual em tudo excepto na mobilidade. Um exemplo: só poder entrar em 10% dos cafés ou restaurantes do país.
Salvador teve a sorte de ter o apoio financeiro da família, mas a maior parte das pessoas com deficiência motora não tem emprego e os equipamentos que podem melhorar a qualidade de vida são caros. No entanto, partiu de si e da sua vontade de viver e a escolha de não ficar parado.
A Associação Salvador é um caso de empreendedorismo e tem vindo a aumentar o seu orçamento
Há 15 anos Salvador criou a associação que procura dar condições a pessoas com deficiência motora e que conta actualmente com 12 trabalhadores em três áreas distintas. Na área do conhecimento estão a desenvolver um manual para pessoas com deficiência e um grande simpósio sobre lesões vertebro-musculares, na área da integração procuram dar qualidade de vida, respostas profissionais, desportivas e de convívio e na sensibilização fazem campanhas de prevenção rodoviária e palestras em escolas, além de promoverem a criação da figura do Provedor das Acessibilidades.
No programa Qualidade de Vida já apoiaram 321 pessoas com um valor total de 953 mil euros destinados a obras em casa, compra de equipamentos desportivos adaptados e apoios à formação e criação de negócio. Em 2016 apoiaram 33 pessoas e no último ano mais do dobro: 70.
Em 2015 a associação, que tem sede em Lisboa, tinha um orçamento anual inferior a 400 mil euros, mas actualmente já ronda os 850 mil euros e estima-se que cresça este ano para o milhão de euros.
Como é que o valor cresceu? Através de ideias criativas e muita carolice: um leilão solidário de cadeiras de avião (que rendeu 23 mil euros), da bicicleta do vencedor da Volta a Portugal (10 mil euros), ensaios-gerais de espectáculos (3000 euros), venda de um barrete solidário (30 mil euros), entre outras.
Mas há uma ideia que se destaca: um dia queriam muito ajudar uma jovem bombeira que ficou paraplégica depois de o namorado a atirar da janela, mas não tinham fundos. Ao telefone com a jovem, Tiago Duarte, responsável pela comunicação e angariação de fundos da associação, teve uma ideia: “quantos degraus tens em casa?”, perguntou. E depois da resposta começou a ligar a todos os conhecidos: “agora estou num negócio que é a venda de degraus”, dizia, contando então toda a história e pedindo para comprarem ou ajudarem a vender um degrau. Esta campanha rendeu 30 mil euros e permitiu eliminar as barreiras na casa da jovem.
O consultor Paulo Caiado já trabalhou com várias marcas famosas a nível mundial
Este foi um dos casos apresentados nas IV Jornadas do Empreendedorismo da EHTO, que se realizaram a 11 de Janeiro no auditório da escola. E este demonstra o que o caldense Paulo Caiado, consultor e escritor, defendeu: “todos podem ser empreendedores”.
O seu ponto de vista foi fundamentado com os casos de pessoas com quem já trabalhou: começou a trabalhar na maior empresa agro-alimentar do país, criada pelas mãos de um empresário que começou com muito pouco, a vender mercadoria através do seu burro.
Em Copenhaga trabalhou com um senhor de 70 anos que tinha uma ourivesaria e que costumava ir de férias para a Tailândia. Um dia esse senhor lembrou-se de trazer de lá contas de metal e vendê-las na Europa. A marca é a Pandora e hoje em dia vende duas peças por segundo e factura três mil milhões de euros ao ano.
“Há muitos tipos de empreendedores”, frisou Paulo Caiado, notando que no mundo dos negócios “o empreendedor é a pessoa que consegue tornar a ideia em algo concreto”.
Casa do Pão de Ló de Alfeizerão tem sabido reinventar-se
Helena Castro é proprietária da Casa do Pão de Ló de Alfeizerão e tem tentado reinventar uma empresa com 93 anos
Helena Castro, proprietária da Casa do Pão de Ló de Alfeizerão há mais de 20 anos, falou do caso de resiliência que aquele espaço representa. Fundado pela D. Adília em 1925, nasceu de um exemplo de empreendedorismo. Isto porque a fundadora notou que este era um produto já famoso e que nas festas, quando se fazia o pão de ló, este tinha grande procura.
Num mundo onde se vive constantemente em busca da novidade e numa área que é muito voraz para as empresas, Helena Castro tem lutado para manter a casa aberta. Para isso tem procurado reinventar constantemente a empresa que, “se não é a mais antiga do concelho de Alcobaça, está lá muito perto”.
Para responder à cada vez maior procura de experiências ao invés do tradicional consumo, criou visitas à fábrica seguidas de degustação que permitem conhecer as histórias da casa e geram valor acrescentado. Além disso, desenvolve workshops para adultos, mas também para crianças que lá vão, por exemplo, aprender a fazer os bolos Areias.
Outra novidade é o Pão de Ló de Coz, que foi criado por esta empresa, num projecto com o Centro de Bem-Estar Social de Coz e com a empresa caldense Mini Designers e que foi notícia neste jornal quando foi lançado.
Caldenses destacam-se nas respectivas áreas
Mais um caso contado nas Jornadas foi o do caldense Gonçalo Machado, um jovem de 20 anos que estudou na EHTO e antes havia estudado na D. João II.
Actualmente frequenta a licenciatura de Gestão de Artes Culinárias na Universidade de Birmingham e depois pretende regressar a Portugal e abrir o seu restaurante.
Gonçalo está no primeiro ano. O segundo será passado em estágio e o jovem já recebeu propostas de trabalho na Europa, EUA ou Dubai, mas o objectivo é manter-se em terras de Sua Majestade durante as 48 semanas de estágio.
Já o caldense Emanuel Minêz, proprietário do bar Cais da Praia, veio falar do Red Frog, um bar que abriu em Lisboa e que foi considerado o melhor de Portugal.
No Red Frog 90% do que vende são cocktails, a uma média de 200 por dia. O investimento já está pago e o objectivo, desde início, é colocá-lo nos 50 melhores bares do mundo. “As pessoas é que fazem os negócios”, alertou.
A história deste empresário, que se tem destacado no mundo das bebidas e que se prepara para abrir um novo espaço, foi contada em Agosto de 2017 na Gazeta das Caldas.
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