O TURISMO DO FUTURO – As Pessoas

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Gazeta das Caldas
| D.R.

O setor do turismo representa um conjunto de atividades económicas estratégicas para o desenvolvimento e sustentabilidade do país, nomeadamente para a criação de emprego e geração de riqueza, aumentando as exportações, melhorando e mobilizando as dinâmicas do nosso tecido social.
Em 2017, o turismo atingiu números recorde, com especial destaque para:
20,6 milhões de hóspedes, um crescimento de 8,9 face a 2016;
57,4 milhões de dormidas, um crescimento de 7,4% face a 2016;
3,9 mil milhões de euros de proveitos totais da hotelaria, um avanço de 16,6% face a 2016;
Setor da Restauração/Bebidas e alojamento turístico registou um total de 323,2 mil postos de trabalho, um aumento de 15,8%, ou seja, 44.000 novos posto de trabalho, 35.000 na restauração e 9.000 no alojamento;
700 milhões de receitas nas empresas de rent-a-car, um aumento de 45% face a 2016;
Crescimento de mercados emissores emergentes: brasileiro cresceu 35,6%; norte-americano 33,4%; polaco 30%

Mas como se explica este crescimento sustentado do Turismo em Portugal nos últimos 10 anos? Terá a ver com a insegurança sentida nos destinos concorrentes? Estará relacionado com uma mudança no paradigma da oferta turística? Terá uma origem conjuntural? Estará ligado a uma política fiscal amiga dos turistas residenciais? Estará o crescimento do Turismo de Natureza a ajudar? E os citybreaks? E também o turismo de cruzeiros? E o turismo religioso? E o sol e mar?
Todas estas razões podem seguramente justificar o crescimento do turismo, mas tenho para mim que verdadeiramente o que contou para que os resultados tenham sido conquistados, ano após ano, foram as Pessoas!!! Claro que o crescimento do setor e a sua liderança rumo ao futuro também dependeu, e muito, da capacidade de mobilização, visão e prioridades estabelecidas pelo Turismo de Portugal, por um conjunto de empresas e outros agentes públicos e privados, mas fundamentalmente, na essência, o segredo esteve e está nas Pessoas!!O futuro só pode ser assegurado pelas Pessoas, e não pelas máquinas!!
As Pessoas, ou seja, os portugueses e a sua reconhecida hospitalidade, humanidade afabilidade e até afetuosidade, bem como, numa perspetiva mais técnica, os trabalhadores do setor e a organização e gestão dos recursos humanos afetos às atividades turísticas e hoteleiras, têm que ser a base prioritária das estratégias organizacionais!!! Claro que o Clima e a luz, a história e a cultura, o mar, a natureza, água, praia, gastronomia e vinhos, os eventos, os negócios e o viver em Portugal são fatores e ativos estratégicos do turismo nacional, mas que não fiquem dúvidas, o processo de construção de uma visão partilhada de médio longo prazo só pode evoluir no sentido da mobilização, qualificação e valorização das profissões do setor!!
É por isso que a sustentabilidade de um modelo de desenvolvimento turístico deve assentar em três níveis: económico, sociocultural e ambiental. Atente-se, por exemplo, a meta estabelecida no documento “ET – Estratégia de Turismo 2027” relativamente às qualificações e habilitações das pessoas que trabalham no turismo: duplicar o nível de habilitações do ensino secundário e pós secundário de 30% para 60%. Ou ainda, a meta de 90% da população residente considerar positivo o impacto do turismo no seu território!! Volto a lembrar que o diagnóstico é claro: escassez de recursos humanos qualificados e necessidade da formação atender mais às necessidades das empresas.
É por tudo isto que considero que mais e melhor Turismo passa, necessariamente, por mais e melhor formação profissional no setor. A Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, situada em Caldas da Rainha e Óbidos, que integra a rede nacional de Escolas do Turismo de Portugal, iniciou em 2006 um percurso de intervenção na qualificação e valorização dos recursos humanos. No próximo dia 14 de Novembro a Escola vai comemorar os seus 12 anos de existência e a atribuição de certificados e diplomas a 700 alunos, nas áreas técnicas de Turismo, Restauração e Bebidas, Cozinha/Pastelaria e Padaria. A sua missão é, por isso, dotar as empresas de hotelaria, restauração e turismo, sejam estas nacionais ou estrangeiras, independentes ou de cadeia, com os melhores profissionais.
De realçar que a Escola procura estar dotada com os melhores professores e formadores nas áreas técnicas e socio humanísticas e também com equipamentos e outros requisitos imperativos para uma formação técnica e profissional de qualidade, desenvolvendo metodologias pedagógicas criativas mas também exigentes, procurando incutir o espírito de iniciativa, autonomia, grupo e inovação, fatores fundamentais para um correto desempenho profissional.
Quando olhamos o futuro temos que perceber que o nosso melhor investimento está na Educação e Formação.

Daniel Pinto
Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste – Turismo de Portugal