
Curiosa, comunicativa e interessada em tudo o que a rodeia, Beatriz Amorim, de 16 anos, vai participar no Campeonato Mundial de Debate Escolar
Ainda não sabe que profissão irá seguir, mas tem uma certeza: quer deixar uma marca no mundo. Aos 16 anos, Beatriz Amorim estuda, faz desporto, voluntariado, dá mentorias e prepara-se para representar Portugal (juntamente com mais quatro jovens) no Campeonato Mundial de Debate Escolar, que se realiza na cidade do Panamá.
A jovem, natural das Caldas e residente nas Gaeiras, terminou o 10º ano em Ciências e Tecnologias com 19 valores de média, mas não ficou completamente satisfeita, queria ter feito melhor. Agora prepara-se para o campeonato, mundial, a decorrer entre 22 de julho e 1 de agosto, na cidade de Panamá. Mas a Beatriz já não é uma estreante. O ano passado participou no mesmo concurso, em Belgrado, capital da Sérvia, no primeiro ano em que Portugal participou com uma equipa, e onde ganhou o prémio de melhor nação de estudantes.
A palavra é uma “arma extremamente poderosa”
Curiosa e comunicativa, Beatriz Amorim desde pequena que adora participar em atividades. Numa das suas pesquisas na internet encontrou este grupo de debates escolares, que passou a integrar. Para o concurso no Panamá, onde participam mais de 70 países, existem quatro temáticas conhecidas, que terão de debater, em inglês, mas desconhecem o “lado” que terão de defender. Uma delas é sobre a moeda do Panamá, se o país deve continuar com o dólar americano ou deve ter a sua própria moeda, matéria que exige um conhecimento aprofundado. Os outros temas são conhecidos com uma hora de antecedência, ou mesmo com apenas 15 minutos e, para os debater apenas podem contar com os seus conhecimentos, sem ajuda da internet ou telefone. “Temos que estar sempre atentos aos jornais e a adquirir algum conhecimento geral”, conta a jovem, reconhecendo que, por vezes, têm de “improvisar”, como já lhe aconteceu num campeonato no Brasil, quando lhe perguntaram sobre dois políticos brasileiros que desconhecia e teve apenas 15 minutos para se preparar com o colega. O seu tema preferido é a política, mas também gosta dos direitos humanos e das artes, por contraponto com a economia.
O conhecimento das bases da argumentação também é muito importante. “Não é só mostrar o que é que está errado, mas porque é que o que nós dizemos é mais importante”, explica a jovem, que é treinada por dois profissionais da seleção brasileira, que trouxeram o movimento de debates para Portugal.
Beatriz Amorim acredita que a palavra pode mudar o mundo. “É uma arma extremamente poderosa”, diz, fazendo notar que ela permite chegar a consensos e defendendo que o debate deve ser incentivado. No próximo ano a jovem caldense quer participar no campeonato mundial que se realizará no Quénia e não pode integrar outros que se realizam devido aos custos que acarretam. Não há apoios oficiais, pelo que cada participante terá de custear a sua viagem e estadia, que no caso de Beatriz Amorim, foi apoiado pela ESRBP e pelos familiares, sobretudo a mãe, com a venda de rifas.
Após acabar o secundário, Beatriz Amorim pretende ir estudar para o estrangeiro. Está na área de Ciências e adora Fisicoquímica, Matemática, mas também Filosofia. “Não sei ainda o que quero fazer, mas eu quero estar numa área em que consiga estar diretamente a ajudar outras pessoas”, concretizou.
Voluntariado internacional
Além do gosto pela argumentação, a jovem caldense integra uma organização internacional Girl Up, que apoia mulheres de todo o mundo. Criou um clube em Portugal, que junta raparigas de vários pontos do país e dinamizam diversas ações. Atualmente estão a fazer uma recolha de fundos para aquisição de pensos higiénicos e copos menstruais, que irão doar a um centro de sem abrigos em Lisboa, juntamente com uma palestra. O projeto, denominado “Orgulho em Menstruar” tem por objetivo combater a pobreza menstrual e o estigma associado. Também partilham oportunidades ao nível das atividades extracurriculares para as meninas participarem e possuem um blog com artigos sobre política para jovens.
Beatriz Amorim está ainda a desenvolver um projeto sobre a interação da ciência e arte, juntamente com uma jovem da Índia e outra dos Estados Unidos.