A Livraria Fabula Urbis organiza um ciclo de palestras sobre a cidade de Lisboa na Literatura. Erich Maria Remarque (1898-1970) é o autor deste livro e não hesita em misturar alguma realidade na ficção. Quando em Paris um refugiado de guerra, prestes a morrer, oferece o seu passaporte ao protagonista, este pede a um «artista dos passaportes» que lhe coloque a sua foto no mesmo e a data de nascimento inscrita é a do próprio autor do livro: 22 de Junho de 1898.
Numa Lisboa de 1942, a fervilhar de intriga e de negócios escuros, dois refugiados alemães encontram-se junto a um navio fundeado no Tejo e combinam uma estranha permuta: um deles oferece ao outro dois bilhetes para uma viagem marítima até New York a troco de uma noite de atenção para que lhe possa contar toda a sua história. Aceites os termos do contrato, os dois deambulam por alguns cafés, dancings e tabernas da cidade de Lisboa. Acabada a noite, acaba a história e o alemão que tinha ficado viúvo na tarde anterior, explica a sua decisão: não precisa dos dois passaportes pois vai para a Legião Estrangeira onde ninguém pergunta pelo passado.
Um aspecto curioso do livro tem a ver com os jornais alemães. Setenta anos depois parece que nada mudou: «Os artigos de fundo eram uma vergonha. Arrogantes, cheios de mentiras, sequiosos de sangue. Falava-se numa Europa degenerada, traiçoeira, estúpida que não merecia outra coisa senão ser tomada pelos alemães. Simplesmente inacreditável!».
(Editora: Publicações Europa-América, Tradução: Maria da Luz Mota Veiga)
José do Carmo Francisco