16 de Março

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José Luiz de Almeida Silva

Tempos antes do 16 de março de 1974, numa conversa informal num café das Caldas com um dos oficiais do RI5, tive a noção do mau estar que se vivia no seio das FA, especialmente entre os comandos intermédios. Mais tarde, estando eu já no estrangeiro, num sábado à hora de almoço, tive conhecimento de forma sumária, que os militares das Caldas tinham saído em direção a Lisboa para depor o regime de Marcelo Caetano.
Através da imprensa francesa, que acompanhava mais de perto a situação em Portugal, de aparente fim de ciclo do regime, e na sequência da publicação no país, do livro do general Spínola, fiquei convencido do contexto em que o “golpe” das Caldas tinha acontecido e que o mesmo movimento não inspirava temor, apesar das ameaças do grupo de Kaulza.
De qualquer forma, a história do Golpe, que prenunciou o 25 de Abril, nunca foi muito bem conhecida, havendo várias versões, consoante das origens dos protagonistas, que a Gazeta ao longo deste meio século foi narrando. Nas últimas edições juntámos mais algumas peças desse acontecimento que as Caldas já reconheceu como marca na História de Portugal e testemunhado com um significativo monumento realizado por José Santa Bárbara.
O texto que hoje publicamos de Avelino Rodrigues, testemunha e protagonista de um momento crucial na década de 60 no RI5, a que já nos referimos há vários anos e a interpretação que dá hoje aos acontecimentos, ilumina melhor a história do que ocorreu. Por tudo isso, e apesar da controvérsia natural do que é conhecido, não posso deixar, em nome de todos, o reconhecimento e agradecimento pela arriscada iniciativa tomada pelos oficiais do RI5 e pelo restante pessoal que se associou, que terá sido decisiva para o êxito do Golpe de 25 de Abril. Caldas mereceria ter um centro de Interpretação sobre o seu Séc. XX, que junta a experiência em receber refugiados de várias partes do mundo, com a sua participação no 25 de Abril através do 16 de Março. ■

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